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Guarda-corpos devem atender à norma técnica NBR 14.718

Utilizados para garantir segurança aos usuários, devem ter altura mínima final de 1,1 m

Publicado em: 07/01/2013Atualizado em: 31/01/2024

Texto: Hosana Pedroso

Guarda-corpo de vidro instalado na varanda de um prédioGuarda-corpos devem estar em conformidade com as normas (Foto: U. J. Alexander/Shutterstock)

Os guarda-corpos compõem a arquitetura dos edifícios e estão muito presentes na atual tendência de apartamentos com varandas. Entre os materiais mais utilizados na concepção da estrutura, além da alvenaria, estão o alumínio — com fechamento ou não em vidro — e o ferro, metal passível de ser trabalhado de acordo com o desenho do arquiteto, compondo tramas mais elaboradas.

E quando o assunto envolve a qualidade e critérios para o design e a produção dos guarda-corpos, a referência do mercado da construção civil é a norma técnica ABNT NBR 14.718, criada em 2001 e revisada, pela última vez, em 2019.

A revisão mais recente da norma promoveu uma alteração de escopo, deixando claro que o documento deve ser aplicado a todos os guarda-corpos instalados nos mais diversos tipos de edificações, incluindo aeroportos e estádios (em locais com desnível igual ou maior a 1 metro).

O texto atualizado estabelece, também, que guarda-corpos externos precisam prever a pressão de vento do local — aferida de acordo com a ABNT NBR 10821-2 — Esquadrias para edificações - Parte 2: Esquadrias externas - Requisitos e classificação. Além disso, as cargas de segurança e de uso aplicadas sobre os guarda-corpos foram divididas em classe de acordo com a aplicação da estrutura. Essas informações constam em tabela disponível na norma.

Outras mudanças atingem a durabilidade dos materiais usados nos guarda-corpos, as condições de projeto, a altura da estrutura em relação às muretas e os ensaios (esforço estático horizontal, esforço estático vertical e resistência a impactos). Por fim, foi criada nova seção dedicada aos cuidados com a manutenção e a limpeza dos guarda-corpos.

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Tratamentos

Segundo o engenheiro Fábio Gadioli, a normativa oferece parâmetros para que o projetista possa desenvolver esse elemento, a partir do seu conceito arquitetônico. “Já não exige, por exemplo, que todo corrimão seja anodizado com camada relativa à classe A18. Em seu lugar, a norma define que qualquer tipo de material deve incorporar cuidados, como proteção contra oxidação”, lembra.

Já o aço, que apresenta elevada resistência mecânica, pode ser um excelente elemento fixador, mas deve ser bem tratado contra corrosão – aspecto discriminado minuciosamente na norma. A proteção contra corrosão galvânica é prevista no texto, quando há contato bimetálico, desde que exista diferença de potencial entre eles.

Os pontaletes de fixação têm que ser, no mínimo, de aço galvanizado. “Se for de aço, o elemento de ancoragem junto à estrutura tem que ser galvanizado. A profundidade mínima de ancoragem no concreto deve ser de 70 mm”, diz Gadioli.

Qual altura mínima do guarda-corpo?

A altura mínima do guarda-corpo deve ser igual ou maior do que 1,10 m, de acordo com a versão mais atualizada da ABNT NBR 14.718. Anteriormente, a norma previa a altura mínima de 1 m. “A função do guarda-corpo é garantir segurança aos usuários e seu uso é obrigatório diante de um desnível maior do que 1 m”, explica Fabiola.

“Muitos arquitetos criam ali um patamar interno diferenciado, as muretas. Se a mureta tiver menos de 30 cm x 30 cm, a pessoa poderá subir. Porém, já não estará em uma situação confortável. Essa é a chamada Zona de Estacionamento Precário, enquanto o espaço por onde se transita é chamado de Zona de Estacionamento Normal”, continua a engenheira.

Tudo isso segue no sentido de determinar a altura final dos guarda-corpos, considerando que a altura mínima é de 1,10 m.

Guarda-corpo metálico em um pavimento altoGuarda-corpos compõem projetos arquitetônicos (Foto: VADL/Shutterstock)

Ensaios

Os ensaios de laboratório avaliam o esforço estático vertical e esforço estático horizontal, e de impacto, com a aplicação de carga de impacto por metro linear de guarda-corpo, englobando a pré-carga, carga de uso e carga de segurança.

“A carga de segurança é sempre de 1,7 vezes a carga de uso – conceito novo referente à aplicação de uma carga excepcional. Mesmo que o guarda-corpo seja danificado, não pode permitir que uma pessoa caia”, explica Fabiola Rago.

“Seria o caso, numa situação real, de um tumulto causado por um incêndio, em que um grupo de pessoas corre para a varanda pressionando o guarda-corpo. A peça, mesmo que avariada, deve manter a integridade das pessoas”, completa Gadioli.

No ensaio de impacto são aplicados 600 joules, permitindo a deformação do guarda-corpo e a quebra do vidro laminado. Porém, um prisma de 25 cm x 11 cm não poderá passar, nem pelos orifícios do vidro, nem pela deformação do guarda-corpo. Ou seja, o corpo está sendo preservado.

“Quando o guarda-corpo for maior do que 3 m, é preciso ensaiar dois módulos, ou seja, três montantes e dois elementos de fechamento, ignorando as fixações laterais e considerando as ancoragens inferiores". Neste caso, o teste revela o comportamento dos dois módulos que não estão presos à alvenaria.

“Já nos gradis com menos de 3 m, o ensaio é feito em protótipo do tamanho real, incluindo a instalação lateral e as ancoragens no piso”, diz Fabiola.

Manutenção de guarda-corpos

A fabricação dos guarda-corpos é feita, em geral, pelo fornecedor das esquadrias, quando se trata de elemento em alumínio, e pelo fabricante dos gradis de ferro do edifício. Porém, tão importante quanto projetar, produzir e instalar um bom guarda-corpo, é sua manutenção.

Fabio Gadioli, também fabricante de caixilhos de alumínio, ressalta que a norma atribui ao usuário a responsabilidade pela manutenção, afinal, é fundamental para sua própria segurança.

“A norma diz que, no caso de o guarda-corpo sofrer algum dano ou apresentar componentes soltos durante sua utilização, o usuário deve verificar as condições desses itens para providenciar a manutenção corretiva ou, eventualmente, sua substituição”, cita o engenheiro.

Durante anos os guarda-corpos foram submetidos à pressão de ventos e ao movimento natural do edifício, aos esforços que as pessoas impõem a ele, e a impactos eventuais, além daqueles localizados em áreas de atmosfera corrosiva. “Tudo isso causa desgaste nos seus componentes, exigindo manutenção”, diz.

Gadioli relata o caso de um edifício novo, em São Paulo, em que o vidro do guarda-corpo descia na frente da viga de porta da varanda. “Olhando de fora, se vê apenas o vidro e o corrimão. A umidade dessa fachada, onde não bate sol, fez crescer plantinhas no corrimão da peça e entre o vidro e a frente de laje, comprometendo a estética do apartamento”, conta, dizendo que foi preciso encontrar uma solução técnica para eliminar problema tão incomum.

Ele sugere que o usuário, caso não queira fazer a inspeção do guarda-corpo de sua varanda, chame uma empresa especializada em manutenção. “Com um simples chacoalhão no gradil é possível saber se há peças soltas”, finaliza.

COLABORARAM PARA ESTA MATÉRIA

Fábio Gadioli

Fábio Gadioli – Engenheiro Mecânico pelo Instituto de Engenharia Paulista (IEP UNIP). Foi engenheiro sênior de desenvolvimento de motores Diesel na Perkins/Maxion de 1983 a 1987. É diretor da Igê Esquadrias Metálicas, empresa de propriedade de sua família.

Fabiola Rago Beltrame

Fabiola Rago Beltrame – Engenheira Civil formada pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) em 1993 e mestre em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) em 1999. Diretora da Qualidade da BELTRAME Engenharia S.S. Ltda. Atua como consultora técnica da Associação de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (AFEAL) no PSQ de Esquadrias de Alumínio do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) e, também, na Diretoria da Qualidade do Instituto Tecnológico da Construção Civil (ITEC), laboratório de ensaio para materiais de Construção Civil, como esquadrias, vidros, guarda-corpos e selantes. É coordenadora da CEE 191 - Comissão Especial de Esquadrias da ABNT.