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Grua ascensional requer planejamento prévio para maximizar produtividade

Layout do canteiro e plano de movimentação de cargas são decisivos para garantir bons resultados no uso desses equipamentos de transporte vertical. Veja mais a seguir

Publicado em: 01/02/2018Atualizado em: 02/02/2018

Texto: Redação PE

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As gruas ascencionais acompanham o avanço vertical da obra (foto: Unkas Photo / shutterstock.com)

Conhecidas por sua versatilidade, as gruas ascensionais são usadas para movimentação vertical de cargas que, diferentemente das gruas fixas, são instaladas em poços de elevadores ou em aberturas nas lajes. Aproveitadas na construção de edifícios com múltiplos pavimentos e indicados quando há limitação de espaço no canteiro, se caracterizam por acompanhar o avanço vertical da estrutura através da inserção de novos elementos de torre.

Mas o simples uso de gruas ascensionais, assim como de qualquer outra solução de movimentação de cargas, não garante resultados como fluidez na logística interna, redução de desperdícios e ganhos de produtividade.

Precisamos saber de antemão que tipos de materiais a grua irá movimentar e a partir daí executar um estudo detalhado de tempos e métodos de transporte, culminando no layout mais adequado para alcançar a produtividade requerida
Camilo Filho

Antes da montagem do equipamento, é necessário um planejamento consistenteque contemple a logística global da obra, os transportes internos, os pontos de recebimento de materiais, os acessos à obra e os ciclos de trabalho. Tal estudo ajuda a minimizar o risco de acidentes durante a montagem, operação e desmontagem da grua. Também é importante para garantir que o modelo especificado atenda às necessidades da obra. Vale lembrar que o subdimensionamento dos sistemas de elevação e transporte acarreta problemas de congestionamento de fluxos e, consequentemente, perda de produtividade.

PROJETO DE LOGÍSTICA

“Precisamos saber de antemão que tipos de materiais a grua irá movimentar e, a partir daí, executar um estudo detalhado de tempos e métodos de transporte, culminando no layout mais adequado para alcançar a produtividade requerida”, afirma Camilo Filho, engenheiro na Odebrecht especializado em içamentos pesados.

Ele conta que, ao elaborar um plano de trabalho da grua (também chamado de plano de cargas), deve-se analisar o sentido da carga, as áreas de carga e descarga, os pontos de onde o material será içado, além das interferências com prédios vizinhos, com a rede elétrica e com os próprios trabalhadores do canteiro.

O local de montagem ideal do equipamento é aquele capaz de assegurar o abastecimento de todos os pontos sem interferir em outros sistemas da obra ou em edifícios vizinhos. A grua deve ter comprimento de lança suficiente para que todos os pontos de carga e descarga estejam sob seu raio de ação.

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

Elaborar o layout do canteiro e desenvolver o plano de operação da grua exigem o envolvimento da equipe de produção e de segurança do trabalho na obra. Em casos de locação do equipamento, a participação do locatário é de extrema importância para a elaboração segura e eficiente do projeto. O projetista de estruturas também deve ser consultado previamente, uma vez que as gruas podem transmitir cargas elevadas ao corpo da estrutura.

QUESTÕES DE SEGURANÇA

O operador e seu ajudante (sinaleiro) precisam ser muito bem treinados e conhecer os limites de carga da grua, bem como as suas condições
Leandro Pereira Campos

A montagem, desmontagem e operação de gruas ascensionais envolvem perigos, sobretudo por prever trabalhos em áreas confinadas e em altura, além do risco inerente ao próprio içamento de cargas. Daí a importância de o contratante solicitar ao fornecedor uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) do equipamento e da operação, assim como o certificado de treinamento do operador, do montador e de toda a equipe. Camilo Filho lembra que todos esses profissionais devem ter treinamentos específicos de trabalho em altura, sinalização, amarração de cargas e mitigação de riscos.

Durante a operação, as maiores ameaças são a queda de material transportado e a queda do equipamento. “O operador e seu ajudante (sinaleiro) precisam ser muito bem treinados e conhecer os limites de carga da grua, bem como as suas condições. Também é fundamental que esses profissionais tenham comunicação adequada, seja através de rádios ou sinais”, comenta o engenheiro Leandro Pereira Campos, responsável pela área de segurança no trabalho do Grupo EPO.

Campos destaca que os acessórios das gruas (cintas e cabos de aço) devem ser inspecionados diariamente. “Além disso, todo o raio de circulação das cargas e das áreas de içamento devem ser isoladas e sinalizadas antes da operação para que nenhum trabalhador esteja sob a carga transportada.”

Os riscos são ainda maiores durante a desmontagem das gruas ascensionais, que costuma ocorrer em partes e em uma altura muito superior à da montagem. “Trabalha-se com a chance de queda a todo momento, sendo extremamente importantes o treinamento da equipe e o uso dos equipamentos de proteção, assim como a supervisão dos trabalhos por profissionais da área de segurança do trabalho e da empresa locatária”, finaliza Campos.

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Colaboração técnica

miguel-henrique-de-oliveira-costa
Leandro Pereira Campos – Engenheiro de produção e de segurança do trabalho. É responsável pelo setor de segurança do trabalho do Grupo EPO
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Camilo Filho – Engenheiro mecânico, especialista em içamentos pesados na Odebrecht. É membro da ACRP (Association of Crane & Rigging Professionals)