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Geobags são solução de baixo impacto ambiental para obras de contenção

Projetos de proteção costeira e de dragagem de resíduos são algumas das aplicações crescentes das bolsas de geotêxteis. Saiba mais

Publicado em: 25/08/2020

Texto: Juliana Nakamura

bags geotêxteis
Os geossintéticos possuem diversas aplicações, como proteção costeira (foto: ArliftAtoz2205/shutterstock)

De uso consagrado em obras imobiliárias e de infraestrutura, os geossintéticos consistem em uma ampla família de produtos utilizados para solucionar problemas em geotecnia. Neste grupo de materiais estão as geobags, grandes bolsas de geotêxtil, aplicadas em projeto de proteção ambiental, no gerenciamento de resíduos sólidos e em contenção marítima.

O interesse por essa solução construtiva se explica por propriedades, como a facilidade e a rapidez de aplicação, além da redução significativa de custos na comparação com soluções convencionais. Outras vantagens dos sacos filtrantes são a estabilidade e a alta resistência para armazenar sedimentos.

TRATAMENTO DE LODO

No Brasil, há um histórico amplo de aplicação de geobags em obras de saneamento, principalmente no desaguamento de lodos de estações de tratamento de água e de esgoto, no desassoreamento e limpeza de canais e outros corpos d'água, na contenção de sedimentos marinhos contaminados e na mineração.

Nesses casos, o lodo é bombeado para o interior dos sacos confeccionados com geotêxtil de alta resistência. Como em um filtro, os sólidos ficam retidos no interior da bolsa, enquanto a água é continuamente removida através dos poros do tecido. Adicionalmente, para melhorar a qualidade da água percolada podem ser acrescidos produtos químicos, como coagulantes e/ou floculantes.

Essa solução foi utilizada pela Odebrecht Infraestrutura na construção de um terminal portuário privativo de uso misto, na margem esquerda do Porto de Santos (SP). No local foram dispostos sacos com 64 metros de comprimento, 16 m de largura e 2,5 m de altura que, além de reter os resíduos sólidos, funcionam como base para o aterro. De acordo com a construtora, as geobags evitaram o longo processo que envolve retirar o material, secar a lama e conduzi-lo até um aterro. Ao todo, cerca de 600 mil m³ de material contaminado foram dragados e depositados nas geobags.

PROTEÇÃO COSTEIRA

Outra aplicação importante das geobags é em obras de proteção costeira, como uma alternativa a materiais tradicionais na confecção de espigões, quebra-mares e revestimentos para controle da erosão.

Nas praias alagoanas, sacos de geossintéticos com areia também têm sido utilizados como dissipadores de energia de ondas. “As sandbags funcionam como um anteparo que contém o avanço do mar no local da erosão, dissipando a energia do trem de ondas que incide sobre sua estrutura, reduzindo sua velocidade. Com isso, é possível recuperar o perfil da praia no local da intervenção”, explica Marco Antônio de Lyra Souza, consultor em obras ambientais e de proteção costeira. “A estrutura utilizada fica enterrada, garantindo baixíssimo impacto ambiental na paisagem e no meio ambiente”, continua o engenheiro.

CUIDADOS DE EXECUÇÃO

Em sacos de geotêxtil, um ponto especialmente crítico é o sistema de costura, que deve resistir a elevados esforços de tração. Por isso mesmo, para a escolha do produto é fundamental, assim como o correto dimensionamento das solicitações em tração.

Em obras de disposição de resíduos, o saco de geotêxtil precisa atender os requisitos específicos para essas aplicações. Entre eles, destacam-se a resistência à tração, as características hidráulicas, como abertura de filtração e condutividade hidráulica, e a durabilidade face aos agentes de degradação.

Para aplicação em obras de proteção costeira também são necessários cuidados desde o dimensionamento da estrutura, até o enchimento e a colocação. Essas atividades devem ser realizadas, sempre, por profissionais qualificados. “As costuras e sobreposições são os pontos mais frágeis, logo, o ideal é que elas sejam limitadas e pré-fabricadas tanto quanto possível”, explica Marco Lyra.

Para a seleção de geossintéticos produzidos no Brasil, o consultor recomenda o atendimento às normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Já para os materiais fabricados fora do Brasil, as principais referências a seguir são as normas da ASTM (American Society for Testing and Materials).

Colaboração técnica

Marco Antônio de Lyra Souza – Engenheiro civil especializado em projeto, implantação e controle de barragens subterrâneas. Com MBA em gestão ambiental e desenvolvimento sustentável, é palestrante e consultor em obras ambientais e de proteção costeira.