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Fundação capaz de suportar equipamentos de grandes dimensões é desafio em obra

Usina de ferroníquel no Pará está sendo construída com apoio de tecnologias consagradas e planejamento 4D em BIM

Publicado em: 13/03/2023

Texto: Juliana Nakamura

foto de uma pessoa segurando uma espátula e uma tabua com argamassa líquida em cima
(Foto: Divulgação Horizonte Minerals)

Atualmente em construção, o projeto Araguaia Níquel é um empreendimento da Horizonte Minerals que pretende produzir 14,5 mil toneladas de níquel por ano, com potencial de expansão para duplicar essa capacidade. Mineral cada vez mais valorizado, o níquel é essencial para a produção de baterias de veículos elétricos, além de ser matéria-prima para a produção de aço inoxidável.

Com previsão para iniciar a produção no 1º trimestre de 2024, o projeto em Conceição do Araguaia, no sudeste do Pará, deve ter cerca de 90% das obras de engenharia concluídas ainda no 1º trimestre deste ano. As obras, iniciadas em 2022, estão ocorrendo dentro do cronograma, segundo o diretor do Projeto Araguaia, Leonardo Vianna.

foto de uma pessoa segurando uma espátula e uma tabua com argamassa líquida em cima

(Foto: Divulgação Horizonte Minerals)

O trabalho, que conta com gerenciamento da Pöyry e execução da Companhia Paranaense de Construção, envolve a construção de uma planta industrial de processamento metalúrgico com forno elétrico rotativo de linha única. A função deste equipamento é extrair níquel de alta pureza (classe 1) a partir do minério laterítico coletado em uma mina a céu aberto.

Além do forno, o planejamento prevê a construção de áreas de calcinação, de britagem primária e secundária, prédio de homogeneização, além de subestações de energia. Melhorias em sistemas de drenagem, assim como em estradas e em pontes de acesso seguem em ritmo acelerado.

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(Foto: Divulgação Horizonte Minerals)

Fundações complexas

Em função da grandiosidade dos equipamentos e das altas cargas provenientes da superestrutura, as edificações que compõem o Projeto Araguaia serão apoiadas sobre fundações profundas executadas com hélice contínua e estacas-raiz.

Apenas no bloco do forno elétrico a arco optou-se por uma fundação direta, com a execução de um bloco de concreto armado de grande dimensão. Entre as etapas executivas já realizadas, essa foi uma das mais desafiadoras em função do tamanho e da importância do equipamento que possui 18 m de diâmetro. A construção do bloco envolveu 385 toneladas de aço reforçado e o uso de 2707 m³ de concreto. Com resistência de 30 MPa, o material foi aplicado em três fases para assegurar melhores condições de controle da temperatura do concreto, garantindo a integridade da peça e evitando manifestações patológicas futuras. “Na sequência, foram executadas 12 paredes de concreto de 6 m de altura que dão sustentação à base do forno e garantem a troca de calor entre o equipamento e a base de concreto”, conta Vianna.

Planejamento

Em uma obra industrial com controles rigorosos sobre cronograma e custos, o planejamento e a definição da sequência de execução são etapas de alta criticidade. Para auxiliar essa fase, a modelagem da informação da construção (BIM) está sendo decisiva para garantir o detalhamento necessário para eliminação de interferências e alta precisão na fabricação dos componentes.

“Por meio das representações digitais detalhadas, conseguimos prever interferências e removê-las com muita facilidade, o que contribui com tomadas de decisão mais rápidas e para a economia de custos do projeto”, explica Leonardo Vianna, ressaltando que o BIM tem sido essencial para o sucesso do projeto. Segundo ele, a principal utilidade da modelagem da informação é prever as etapas de construção, permitindo antecipar eventuais problemas de compatibilidade com outras estruturas. Tal assertividade tem ajudado as equipes de planejamento e de obras a lidar com fatores que colocam em risco o cronograma de qualquer obra, especialmente as condições climáticas.

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(Foto: Divulgação Horizonte Minerals)

Colaboração técnica

Leonardo Vianna – Diretor do Projeto Araguaia, é engenheiro mecânico e mecatrônico com mais de 24 anos de experiência em implementação e gerenciamento de projetos. Anteriormente, atuou como diretor de projeto da planta de produção de níquel Bahodopi, na Indonésia.