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Fiação subterrânea: vantagens e dificuldades

A migração da rede aérea pode ser complexa. Mas o sistema diminui os apagões nos bairros e reduz riscos de queda de raios

Publicado em: 15/09/2016Atualizado em: 14/11/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Escavação em estrada para instalação subterrânea de cabos elétricos (Ivan Smuk/ Shutterstock.com)

A fiação subterrânea, que pode abranger toda a rede elétrica e de cabos de telefonia e TV enterrada, apresenta diversas vantagens do ponto de vista da infraestrutura das cidades. “O sistema evita problemas de descarga na rede elétrica, diminui os apagões nos bairros e reduz os riscos de queda de raios. Há, ainda, a questão estética”, observa Reinaldo Lopes, consultor e professor da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), lembrando do impacto visual menos poluído de uma rua sem fiação aparente.

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INSTALAÇÃO

O sistema de fiação subterrânea é composto por dutos embutidos separadamente no solo a uma profundidade mínima, dependendo do lugar, de cerca de 50 cm. As concessionárias de energia elétrica utilizam amplamente o duto de PEAD – Polietileno de alta densidade – nas instalações subterrâneas.

A fiação subterrânea evita problemas de descarga na rede elétrica, diminui os apagões nos bairros e reduz riscos de queda de raios. Há, ainda, a questão estética
Reinaldo Lopes

“Primeiramente, faz-se uma base de concreto onde são apoiados os dutos. Depois, a cobertura é feita, em geral, com areia, para que seja possível acompanhar a movimentação da terra – de modo que, quando passar um caminhão, por exemplo, o impacto da vibração não traga prejuízo. Na etapa final, a via volta a ser coberta por terra ou pavimentação, dependendo da situação”, explica o professor.

Lopes esclarece, ainda, que a largura das canaletas irá depender da quantidade de tubulação que será enterrada, mas, usualmente, é de cerca de 1 m. Na sua extensão, são instaladas caixas de passagem a distâncias variáveis, e pode ser preciso fazer caixas maiores, denominadas câmara de transformação. “Estas são verdadeiras salas subterrâneas, que abrigam os equipamentos das concessionárias, como transformadores e chaves de desligamento. Em geral, são colocadas nas calçadas e, em casos específicos, até em áreas também acessíveis pelos consumidores”, detalha o professor.

Do ponto de vista de engenharia, a mudança da rede elétrica aérea para subterrânea é bastante complexa. “Depois de enterradas, é preciso interligar as tubulações com os imóveis dos consumidores. É aí que entram as caixas de passagem ao longo da extensão da via, que servem também de caixa de derivação para atender aos consumidores. Depois, é preciso fazer a ligação com cada uma das casas ou dos escritórios. Essa é a maior dificuldade”, ressalta o professor, dando o exemplo da fiação subterrânea da Rua Oscar Freire, no bairro paulistano dos Jardins, como um bom padrão de instalação que beneficiou os consumidores.

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Depois de enterradas, é preciso interligar as tubulações com os imóveis dos consumidores. É aí que entram as caixas de passagem ao longo da extensão da via, que servem também de caixa de derivação para atender aos consumidores. Depois, é preciso fazer a ligação com cada uma das casas ou dos escritórios. Essa é a maior dificuldade
Reinaldo Lopes

PERSPECTIVAS

A cidade de São Paulo tem planos de, em 25 anos, ver toda a sua instalação elétrica enterrada pela Eletropaulo. As vantagens para o sistema e a população são muitas, a começar, claro, pela segurança.

Os custos para essa mudança são bastante elevados, mas serão compensados pela redução nos gastos com manutenção causada por intempéries e incidentes. Outro ganho para a cidade é a substituição dos antigos postes de concreto, adaptados para a colocação das luminárias, por postes específicos de iluminação pública – mais bonitos e esbeltos. “Assim, é possível, inclusive, melhorar a iluminação das ruas com a criação de um projeto luminotécnico”, acrescenta o especialista.

Os cabos de telefonia, internet e TV recebem recobrimento diferente do dado aos cabos de energia. “Existe um isolamento, como se fosse uma malha para proteger o fio contra a interferência de ruídos no sinal. De maneira geral, quando os cabos estão enterrados, o sinal é melhor”, defende o consultor, sem esquecer, no entanto, que a fiação subterrânea também precisa ser protegida contra adversidades, como a presença de roedores: “É preciso tomar cuidado com ratos, que podem entrar na tubulação, roer a fiação e provocar algum curto-circuito. Mas isso é pouco quando comparado aos problemas existentes com a fiação aérea”.

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MANUTENÇÃO

A manutenção da fiação subterrânea é feita à semelhança da realizada na rede aérea. “Com base no mapa da região, conseguimos saber quais são as câmaras transformadoras que atendem à área prejudicada. Os funcionários acessam a rede por meio dessas verdadeiras ‘salas’, que têm, em média, 3 x 4 m, com altura suficiente para uma pessoa ficar em pé. Em áreas de fiação e cabeamento enterrado, as câmaras são criadas a cada dois ou três quarteirões, dependendo do local”, expõe, por fim, o professor.

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Colaboração técnica

 
Reinaldo Lopes – Engenheiro eletricista formado pela Escola de Engenharia Mauá (1974) e graduado em Matemática, com licenciatura plena, pela Universidade de Itajubá (1972). Possui pós-graduação em Sistemas Elétricos de Potência pela Universidade Federal de Uberlândia (2007). Atua na área de Engenharia de Instalações e Sistemas Prediais em consultoria e projetos de Instalações Elétricas Prediais e Industriais; em vistoria e elaboração de Laudos Técnicos e Perícias Judiciais; em gerenciamento, fiscalização e execução de obras de instalações; e na manutenção de instalações prediais em geral. É sócio responsável técnico junto ao CREA-SP da Lopes & Guarnieri Engenheiros Associados e professor assistente na Faculdade de Engenharia Industrial da Fundação Educacional Inaciana (FEI), desde 1978, onde coordena o curso de especialização em Engenharia e Manutenção Hospitalar. Atua como professor, ainda, do curso de especialização em Sistemas Elétricos de Energia e do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, no Curso Técnico de Edificações e de Eletrônica desde 1995.