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Fachadas: embasamento técnico faz a diferença

Cuidados específicos devem ser considerados desde o projeto, passando pela execução até a fase de manutenção das fachadas dos edifícios, para evitar patologias

Publicado em: 09/03/2021Atualizado em: 25/10/2022

Texto: Eric Cozza

fachadas
A escolha do tipo de fachada deve considerar o uso do edifício, cultura do local, entre outros (foto: pixabay)

Se a fachada é considerada por muitos como o cartão de visitas de um empreendimento, por que nem sempre a mesma importância é dada pelos profissionais aos cuidados técnicos de projeto e execução?

Culpar a qualidade da mão de obra tem sido um expediente comum para empresas que, somente após o aparecimento de patologias, se debruçam tecnicamente sobre o tema. Mas será esta a única explicação para os problemas com os revestimentos de fachadas?

A engenheira civil Luciana Oliveira é pesquisadora no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo e coordenadora da disciplina de vedação verticais do mestrado profissional do IPT. Ela será uma das palestrantes da jornada online “Construção Etapa a Etapa – Cuidados Técnicos e Pontos Críticos no Gerenciamento de Empreendimentos”, que será realizada de 12 a 15 de abril de 2021, pelo Portal AECweb, com a curadoria da Cozza Comunicação.

Na entrevista a seguir, a pesquisadora dá algumas orientações técnicas relacionadas aos cuidados de projeto, execução e desempenho de fachadas de edifícios.

O que deve ser levado em conta na seleção tecnológica da fachada?

A seleção pela tecnologia a ser usada na fachada deve levar em consideração diversos aspectos, como: uso do edifício, cultura do local/usuário, condições de exposição, atendimento a requisitos de desempenho definidos pelo ‘dono’ do empreendimento, qualificação do fornecedor e instalador, facilidade de assistência técnica e custo global.

A utilização de revestimentos não aderidos, também conhecidos como fachadas ventiladas, ajuda a industrializar o processo de execução, tornando-o mais previsível e menos sujeito às falhas. Isso diminui a possibilidade de aparecimento de patologias?

O revestimento não-aderido, o RNA, por ser um sistema com controle tecnológico de produção, favorece a industrialização do setor da construção e pode ser aplicado tanto na execução de novas fachadas quanto em retrofit de edificações. A questão de ser mais ou menos suscetível a falhas está relacionada, no meu ponto de vista, à qualidade dos projetos e da execução. Nem tanto com a tecnologia em si.

Qual é a sua visão sobre o uso de câmeras digitais e térmicas embarcadas em drones para a realização de vistorias de revestimentos de fachada?

O uso de drones com câmeras digitais e térmicas é uma tendência interessante, que tende a ajudar o setor nas inspeções e manutenções de fachadas. Entretanto, acredito que alguns parâmetros ainda precisam ser estabelecidos para retirar o aspecto qualitativo das decisões com relação às ações a serem tomadas no caso de identificação de falhas ou patologias.

Poderia nos dar um exemplo?

Veja o caso de um drone com câmera digital que identifica fissuras no revestimento: como saber, exatamente, a espessura daquela fissura ou gravidade daquela falha? Muitas vezes, somente a identificação visual não é suficiente para a tomada de decisão quanto à recuperação daquela falha.

Mais informações sobre a jornada online “Construção Etapa a Etapa”

Colaboração técnica


Luciana Oliveira – formada em Engenharia Civil pelo Centro Universitário da FEI, é mestre e doutora pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Fez estágio de doutorado na Universidade de Tecnologia de Compiègne (UTC) e foi pesquisadora visitante na divisão de desenvolvimento sustentável do CSTB-Grenoble, ambos na França. Pesquisadora no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, é coordenadora da disciplina de vedação verticais do mestrado profissional do IPT. Atua nas áreas de processos construtivos, fachadas pré-fabricadas, diagnóstico de patologias, avaliação de desempenho de sistemas construtivos, implementação da qualidade, gestão do processo de projeto, reabilitação e renovação de edifícios, sustentabilidade e durabilidade das construções.