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Exigências do Corpo de Bombeiros orientam projeto e especificação de hidrantes

Sistema com reservatório, mangueiras e esguichos deve garantir disponibilidade de água em volume e pressão adequados para apoiar o combate ao fogo em edifícios

Publicado em: 22/01/2019Atualizado em: 28/03/2023

Texto: Juliana Nakamura

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O projeto do sistema de hidrantes deve seguir as diretrizes definidas nas normas técnicas da ABNT, assim como as especificações e/ou instruções técnicas do Corpo de Bombeiros do estado da edificação (foto: Bubbers BB/shutterstock)

A instalação de sistemas de hidrantes em edifícios residenciais e comerciais têm como objetivo garantir o fornecimento de água em pressão e vazão suficientes para combater eventual foco de incêndio até seu controle e possível extinção.

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O projeto, o dimensionamento e a montagem desses dispositivos devem seguir as diretrizes de normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), assim como especificações e/ou instruções técnicas do Corpo de Bombeiros do estado onde a edificação se encontra.

COMO FUNCIONA UM SISTEMA DE HIDRANTES?

Os sistemas de combate a incêndio podem ser classificados em sistema tipo 1 (mangotinho, com esguicho regulável de 25 mm) e sistemas tipo 2, 3, 4 e 5 (hidrantes, com esguicho regulável de 40 a 65 mm).

A escolha de qual solução utilizar e o volume de reserva de incêndio mínima em metros cúbicos são definidos em função das áreas da edificação e de risco do local.

De modo geral, os componentes que formam um sistema de hidrantes típico, são:

• Reserva de incêndio (água) – pode utilizar reservatório elevado ou no nível do solo
• Bomba de incêndio – deve ser dimensionada para propiciar um reforço de pressão e vazão, conforme o dimensionamento hidráulico.
• Quando os desníveis geométricos entre o reservatório e os hidrantes são suficientes para propiciar a pressão e a vazão mínima requeridas ao sistema, as bombas podem ser dispensadas
• Tubulação – é responsável pela condução da água. Seus diâmetros são determinados por cálculo hidráulico
• Caixa de hidrantes (com mangueira, chave de mangueira e esguicho)
• Hidrante (registro)
• Dispositivo ou registro de recalque

O acionamento do sistema poderá se dar por gravidade (sem bomba de incêndio), por sistema automatizado (por meio de pressostatos/manômetros ou chave de fluxo) e por acionamento manual (botoeira tipo liga-desliga).

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O PROJETO DE UM SISTEMA DE HIDRANTES

Além das características da edificação, a especificação dos componentes que farão parte do sistema de hidrantes deve considerar a viabilidade de instalação, a eficácia do sistema, o custo e a facilidade de operação pelo usuário.

O dimensionamento deve contemplar o caminhamento das tubulações e os diâmetros dos acessórios e dos suportes suficientes para garantir o funcionamento do sistema. “Falhas nesse cálculo podem ser causa de encurtamento da distância do jato e perda de carga na tubulação e na mangueira de incêndio”, alerta o engenheiro e coronel do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, Aderson Guimarães Pereira.

Os hidrantes devem ser distribuídos na planta de tal forma que qualquer ponto da área a ser protegida seja alcançado por um esguicho (sistemas tipo 1, 2, 3, ou 4) ou por dois esguichos (sistema tipo 5), considerando-se o comprimento das mangueiras.

Os esguichos e a especificação final da bomba de incêndio devem receber especial atenção, sobretudo porque o desempenho pode variar bastante a depender do fabricante e/da tipologia
Aderson Guimarães Pereira

“Os esguichos e a especificação final da bomba de incêndio devem receber especial atenção, sobretudo porque o desempenho pode variar bastante a depender do fabricante e/da tipologia”, diz Guimarães. Nesse ponto, deve-se dar preferência aos esguichos reguláveis, que proporcionam melhor controle do fechamento da descarga, mais proteção do operador e maior eficiência no combate ao fogo. “Como os esguichos são acessórios hidráulicos que dão forma, direção e velocidade à água, é relevante que facilitem o trabalho dos usuários do sistema, tenham diferentes jatos, vazões e ofereçam proteção”, explica o coronel do Corpo de Bombeiros.

De acordo com o especialista, na hora de projetar um sistema de hidrantes é fundamental evitar quatro erros principais:

Como os esguichos são acessórios hidráulicos que dão forma, direção e velocidade à água, é relevante que facilitem o trabalho dos usuários do sistema, tenham diferentes jatos, vazões e ofereçam proteção
Aderson Guimarães Pereira

1) Não consultar dados do fabricante, em especial vazão, pressão e distância de jato do esguicho;

2) Desconsiderar a pressão e a vazão mínima na expedição do esguicho de acordo com a recomendação do fabricante;

3) Não reavaliar o volume da reserva de incêndio, que precisa ser compatível com o tempo resposta de atendimento do Corpo de Bombeiros local;

4) Desconsiderar a perda de carga na mangueira de incêndio.

Também é importante que o projeto garanta o desligamento da chave principal de entrada de energia na edificação sempre que o sistema de hidrantes for utilizado, evitando acidentes com descargas elétricas.

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Colaboração técnica

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Aderson Guimarães Pereira – Engenheiro civil e de segurança do trabalho. É professor doutor em ensino de ciências e matemática e coronel da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Atua no setor de engenharia do Corpo de Bombeiros paulista há mais de dez anos. É autor do livro “Segurança contra incêndios”, publicado pela editora LTR.