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Execução de paredes com cobogós exige cuidados desde a especificação

Além de beleza, eles trazem transparência e proporcionam ventilação ao ambiente. Os modelos mais utilizados são assentados com argamassa

Publicado em: 14/03/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

foto de uma pessoa segurando uma espátula e uma tabua com argamassa líquida em cima
(Foto: Shutterstock)

Os cobogós, elementos vazados disponíveis em materiais diversos, como cimentícios, cerâmicos, esmaltados, madeira, vidro ou PVC, podem ser instados em áreas internas ou externas, secas ou úmidas, em fachadas de prédios ou casas. “Desde que a transparência visual e a ventilação caibam dentro da proposta do espaço”, comenta a arquiteta Cristiane Schiavoni, proprietária do escritório que leva seu nome.

Porém, é preciso cuidados para erguer paredes com cobogó, e eles começam ainda na etapa de especificação, prevendo medidas e repetições. “É um material que só permite a aplicação de forma modular, ou seja, não pode ser cortado ao meio, pois perde sua estrutura e desenho”, diz, lembrando que cobogós podem ser colocados de parede a parede ou utilizando a sua própria peça de finalização. “São inúmeras as opções”, complementa.

O próximo passo é escolher o modelo. Para isso, é necessário pensar bem no tipo de acabamento, afinal alguns modelos não possuem peça final de acabamento, obrigando a construção de uma marcenaria.

A ficha técnica vai dizer muito sobre a estruturação do cobogó. Por exemplo, se ele é autoportante ou se é preciso pensar em algum tipo de estrutura. “Além disso, altura e largura são proporções que encontramos na ficha técnica e que são de imenso valor para construir a parede”, fala.

Aspecto também a ser checado pelo arquiteto é se o material necessita de impermeabilizante. Em cobogós de concreto, Schiavoni utiliza produto hidrofugante para impermeabilizar. Já os produzidos em porcelana dispensam o tratamento.

Execução de paredes

Segundo o arquiteto Bruno Moraes, que comanda o escritório BMA Studio, cada modelo terá a sua particularidade na instalação, argamassa e manipulação, entre outros fatores. “O ideal é verificar os cuidados que cada fabricante exige”, orienta, explicando o passo a passo para a execução de paredes com os modelos mais tradicionais, como o cerâmicos esmaltados:

  • Marcar uma linha reta no piso, onde a parede de cobogó vai subir. Utilizando argamassa, é feita uma camada de massa no chão e nas duas laterais do cobogó, para ir assentando um a um. Quando for subir a próxima fiada, automaticamente terá uma camada de argamassa no topo, ou seja, terá argamassa nos quatro lados da peça. “A instalação é de fiada a fiada, assim que terminar uma, parte para a fiada de cima.” 
  • Para a camada de argamassa ficar por igual, assim como a espessura do rejunte que virá depois, o ideal é fixar espaçadores durante a execução, para a massa ficar exatamente com a mesma espessura nos quatro lados. Esses espaçadores são especiais para cobogós. Mas, muitos usam os espaçadores de tijolos de vidro encontrados em lojas de materiais de construção
  •  Alguns fabricantes aconselham travar com vergalhão a cada fiada que subir, para dar resistência à parede depois de pronta. “Este detalhe faz a diferença e sempre executo em minhas obras.” 
  •  É importante verificar constantemente o nível. “Vai batendo com o martelinho de borracha até a peça ficar nivelada. Pode-se usar um nível de bolha.” Para verificar o alinhamento de uma peça com a outra, é possível usar uma régua e prumo. “Até mesmo os espaçadores irão ajudar neste alinhamento”, comenta. 
  • Após a cura da argamassa, rejuntar com a cor desejada. Mas, antes de rejuntar, é fundamental retirar o excesso de argamassa, ainda úmida, com uma esponja e pano úmido. “Na sequência, podemos rejuntar e já remover também o excesso de rejunte.”

O arquiteto considera que não é difícil criar uma parede em cobogó, inclusive, já viu muitas pessoas executarem sem o auxílio de um pedreiro. “Depende do material que estiver utilizando e se a área é interna ou externa”, diz.

Os cobogós esmaltados são mais fáceis de limpar com uma esponja úmida e remover o excesso de massa durante a instalação. O cerâmico e cimentício são mais porosos, pedindo mais cuidado, sob risco de o material absorver e manchar. Para manipular as peças, ele recomenda o uso de luvas, pois são delicadas e, se caem, podem quebrar.

Argamassas para cobogó

A arquiteta alerta que um dos cuidados fundamentais para a execução de paredes é com os materiais que serão utilizados. “Algumas vezes, a argamassa pode manchar o cobogó durante a instalação. Portanto, é preciso estar atento e experimentar antes.” Existem argamassas apropriadas para o assentamento de cobogós. De acordo com Schiavoni, a recomendação é usar a argamassa ACII em áreas internas e ACIII nas externas.

Algumas vezes, a argamassa pode manchar o cobogó durante a instalação. Portanto, é preciso estar atento e experimentar antes
Cristiane Schiavoni

Moraes observa que o assentamento de cobogó de madeira não utiliza argamassa. “Por exemplo, já vi cobogó de madeira ser instalado com cola e parafusado, um no outro”, relata. Para os cerâmicos e os cimentícios, ele prefere argamassa ACII, que se comporta bem em ambientes internos e externos. Já em locais como espelho d’água, o ideal é a ACIII.

Limites nas dimensões para aplicação

A resposta para os limites de altura e largura das paredes para aplicação de cobogós também deve constar da ficha técnica do material. “Cada cobogó se comporta de forma diferente, dependendo da marca ou modelo escolhido”, entende Schiavoni. A quantidade mínima ou máxima de fiadas está diretamente relacionada com o desenho que o cobogó vai formar. “Afinal, o destaque desse material dentro de um projeto é a forma final”.

O destaque desse material dentro de um projeto é a forma final
Bruno Moraes

Moraes confirma que há limites nas dimensões, de acordo como a espessura do material e com quais insumos as peças foram produzidas. São fatores que vão influenciar na resistência das peças para criar grandes painéis bem fixados. “Mas é preciso analisar caso a caso”, ressalta.

Erros comuns

Um dos erros comuns e graves, diz a arquiteta, é não se preocupar com a estabilidade da parede. “Por vezes, a parede de cobogó cai por erro de sustentação”. Ela aponta, também, os deslizes no assentamento, porque as peças, de maneira geral, não possuem medidas exatas, podendo ter 2 ou 3 cm de diferença em sua dimensão. Por isso, durante o assentamento, é necessário atenção para que o desenho fique uniforme. “Nesse sentido, também é importante analisarmos a quantidade de fiadas e prumos, para igualar proporções importantes como forma e altura”, ensina ela.

Moraes alerta que o uso incorreto do espaçador deixa uma camada com espessura de massa diferente depois de feito o rejunte. “Um rejunte fica mais grosso, outro mais fino, comprometendo a aparência”. Outro erro é não tirar o excesso de argamassa na hora, enquanto está fresca. Isso acaba manchando a peça.

O arquiteto conta que muitos assentadores não utilizam o vergalhão para travar a estrutura dos cobogós cerâmicos – processo indicado pela maioria dos fabricantes. Essa negligência acaba por fragilizar a parede. “Por fim, recomendo seguir a especificação de limite de altura e largura, indicada pela indústria.”

Clique aqui e confira projetos que utilizaram cobogós

Colaboração técnica

Bruno Moraes – É Arquiteto formado pela Faculdade Belas Artes de São Paulo (FEBASP) e pós-graduado em Gerenciamento de Empreendimentos na Construção Civil pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Há 14 anos, criou o BMA Studio, depois de passar por grandes escritórios, como o do arquiteto Siegbert Zanettini. Atua nas áreas de gerenciamento e execução de obras, concepção de projetos de casas, reforma de apartamentos, retrofits, espaços corporativos e áreas comuns de edifícios. Dispõe de equipe própria de obra treinada para gerir os trabalhos com processos inteligentes, com diferenciais como um aplicativo personalizado. 
 
Cristiane Schiavoni – É Arquiteta e Urbanista formada pela Universidade de São Paulo (FAU-USP), atuando na área de arquitetura, decoração e reforma desde 1996. O escritório que leva seu nome tem mais de 20 anos de história, reunindo centenas de projetos dentro e fora do Estado de São Paulo. Em suas criações residenciais e comerciais, publicadas em importantes veículos brasileiros, elementos-surpresa e toques de cor se misturam aos recursos que garantem o conforto e o aconchego dos moradores.