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Evite, encontre e elimine vazamentos

Muito comum nos canos e nas torneiras das edificações, um simples furo de 2 milímetros em um encanamento desperdiça até 3.200 litros de água por dia e ainda pode causar manchas, bolor e umidade no local

Publicado em: 22/03/2013Atualizado em: 14/01/2020

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Por Tatiana Arcolini e Paula Barradas

 

Os vazamentos são fontes de diversos problemas. O que mais afeta as pessoas é o aumento do valor da conta de água. De acordo com a concessionária de saneamento da cidade de São Paulo, a Sabesp, um pequeno furo de 2 milímetros de diâmetro em um encanamento desperdiça até 3.200 litros de água em um único dia, enquanto o gotejamento de uma torneira chega a jogar fora 46 litros de água diariamente. Fazendo as contas, tem-se 1.380 litros, mais de um metro cúbico por mês indo ralo abaixo. A tabela, fornecida pela Cosil, mostra como acontece a perda de água de acordo com o gotejamento:

TORNEIRAS

Gotejamento lento Gotejamento rápido Choro contínuo
Vazão de 0,01 L/min Vazão de 0,025 L/min Vazão de 0,15 L/min
Perda mensal 400 l Perda mensal 1.000 l Perda mensal 6.500 l

BACIAS

Número de furos de lavagem Correspondente de vazamento Perda mensal
1 - 3 0,1 L/min 4.320l
3 - 6 0,3 L/min 12.960l
Mais furos 0,5 L/min 21.600l

A questão é séria e precisa ser identificada o mais rápido possível. Para tanto, “é importante estar atento aos chamados vazamentos perceptíveis, que causam manchas e bolores nas paredes, fazem torneiras e chuveiros pingar sem parar, e até provocam umidade no local”, explica a assistência técnica da Tigre. “Além disso, vale lembrar que os vazamentos visíveis ocorrem com mais frequência no extravasor da caixa d’água (ladrão) por causa do mau funcionamento da boia, das torneiras, da válvula ou da caixa de descarga”, revela a construtora Cosil.

Para descobrir a presença desse tipo de vazamento, a arquiteta Elizabeth Stein revela alguns truques, como manter fechadas todas as torneiras, vasos, chuveiros e registro de entrada de água na caixa d’água, e verificar se o relógio do hidrômetro continua funcionando. Em respostas positivas, é bem provável que haja vazamento em algum cano que leva água para a torneira, o vaso ou o chuveiro. “Outra dica é fechar todos os registros gerais de água dos ambientes. Se o relógio continuar rodando, é sinal de que o vazamento está nas instalações hidráulicas entre o relógio e a caixa d’água, ou em algum cano antes do registro geral.”

Localizando vazamentos imperceptíveis

Artur Ribas, gerente de marketing corporativo da Docol, ensina como achar vazamentos no chuveiro: “Nesse ambiente, quando existe vazamento, é bem provável que seja no registro. Como ele é utilizado diariamente, pode sofrer desgastes, sendo necessária a troca do mecanismo. No entanto, temos de considerar que é possível o chuveiro pingar sem que o registro esteja com problemas. Isso ocorre quando o ar entra pelas furações do crivo, quebrando a tensão superficial da água, que é eliminada lentamente até que o corpo do chuveiro se esvazie. Nesse caso, vale realizar uma limpeza do crivo do chuveiro ou a alteração do ângulo da cabeça da ducha, caso seja possível”.

De acordo com uma cartilha oferecida gratuitamente no site da Sabesp (www.sabesp.com.br), há várias maneiras de detectar esses vazamentos imperceptíveis a olho nu. Confira.

1. Vazamento na vÁlvula ou na caixa de descarga

Primeiramente, jogue pó de café no vaso sanitário. O normal é o pó ficar depositado no fundo do vaso. Portanto, se ele for sugado, é sinal de que há vazamento na válvula ou na caixa de descarga. Atenção: nas bacias com saída da descarga atrás (direção da parede), deve-se fazer o teste esgotando-se a água. Se a bacia voltar a acumular água, há vazamento na válvula ou na caixa de descarga.

2. Vazamento no ramal direto da rede

Feche o registro do cavalete e, em seguida, abra uma torneira alimentada diretamente pela rede de saneamento (torneira do jardim ou do tanque, por exemplo). Espere até a água parar de correr e coloque um copo cheio de água na boca da torneira. Se houver sucção da água do copo pela torneira, é sinal de que existe vazamento no cano alimentado diretamente pela rede. Outra opção é manter aberto o registro do cavalete e fechar bem todas as torneiras e as boias das caixas, evitando a entrada de água. Marque a posição do ponteiro maior do hidrômetro e, após uma hora, verifique se ele se movimentou. Caso isso tenha acontecido, é sinal de que existe vazamento.

3. Vazamento em cisternas e reservatÓrios de edifícios

Feche o registro de saída do reservatório do subsolo e a torneira da boia. Marque no reservatório o nível da água e, após uma hora, veja se ele baixou. Em caso afirmativo, há vazamento nas paredes ou na tubulação de limpeza.

4. Vazamento na instalaÇÃo alimentada pela caixa

Feche todas as torneiras da casa e a de boia da caixa, impedindo a entrada da água. Não utilize os sanitários. Marque na caixa o nível da água e, após uma hora, no mínimo, verifique se ele baixou. Caso isso aconteça, há vazamentos na canalização ou nos sanitários alimentados pela caixa d’água.

5. Vazamento em piscinas

Encha a piscina normalmente e marque o nível. Em seguida, encha um balde com água até 5 cm da borda, marcando também esse nível. Prenda o balde no interior da piscina de forma que a água do balde mantenha a mesma temperatura da piscina e sem deixar que se misturem. Após 24 horas, verifique o nível do balde e o da piscina e compare com as marcações iniciais. Caso a piscina tenha uma variação maior em altura dos níveis de água, provavelmente está com vazamento. Mas atenção: se chover, recomece o procedimento.

SoluÇÕes para evitar vazamentos

Algumas medidas simples, que podem ser feitas no dia a dia, ajudam a prevenir os temidos vazamentos.

1. Saiba que o hidrômetro é essencial para controlar o consumo, pois ele é o relógio que mede a saída de água. Verifique sempre se ele está em ordem.

2. A Sabesp oferece o Sistema de Telemdição, que permite monitorar o consumo em tempo real, ajudando a reduzir o valor da conta no fim do mês e a visualizar mais facilmente os vazamentos, já que é possível ter um histórico do consumo de água. A transmissão dos dados é feita ininterruptamente, 24 horas por dia, com visualização das informações em gráficos e tabelas e envio de alerta pré-configurável no e-mail ou no celular do usuário em caso de alteração no padrão de consumo (vazão acima ou abaixo do histórico do imóvel, hidrômetro parado, entre outros).

3. Os vazamentos, muitas vezes, surgem em decorrência da má execução da impermeabilização. “Esse procedimento é fundamental para qualquer área ou superfície que tenha contato com água ou umidade, sejam lajes, alicerces, paredes, piscinas, reservatórios, pisos ou mesmo jardineiras”, explica a engenheira Maria Amélia Silveira, do departamento técnico da Viapol. Um trabalho de impermeabilização bem executado impede que as estruturas sejam ‘atacadas’ pela umidade, fazendo com que fiquem protegidas contra desgastes, trincas, fissuras, fungos, manchas, corrosão e descascamento de pinturas, entre outras consequências. O mais indicado, no entanto, é que a impermeabilização seja feita durante a obra, antes da fase de acabamento. Como a infiltração de água em pisos e paredes de banheiros, cozinhas e áreas de serviço é bastante comum, esses são os locais que mais precisam de atenção, até porque, com a umidade, pisos podem trincar e se soltar, azulejos caem ou racham, paredes e tetos mofam, e manchas e escurecimentos surgem em juntas.

4. O restritor de vazão é outra solução para diminuir o volume de água que sai das torneiras. “Com o fluxo controlado, é possível notar se há vazamentos ou excesso de água saindo das ramificações hidráulicas”, revela o fabricante Fabrimar.

5. Em torneiras de pressão, de tempos em tempos deve ser trocado o sistema de vedação (carrapeta). “Em torneiras com acionamento ¼ de volta, é preciso substituir todo o mecanismo por outro. Em válvulas de descarga, quando ocorre vazamento pela parede, é necessário substituir o kit retentor ou o kit vedante”, explica Artur Ribas.

6. O arejador retém a água de maneira diferente: misturando ar à água, ele reduz o consumo e garante a mesma sensação de conforto. Há soluções já embutidas nas torneiras e chuveiros, além de modelos externos que são encaixados nas extremidades da peça, permitindo a diminuição do fluxo de água e oferecendo economia.