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Equipamentos topográficos: uso correto garante assertividade a obras

Instrumentos como estação total, GPS e nível estão mais precisos, versáteis e inteligentes. Conheça as principais tecnologias existentes

Publicado em: 08/06/2017Atualizado em: 04/08/2021

Texto: Redação PE

Responsáveis por gerar dados para subsidiar o desenvolvimento e a execução dos projetos de construção, os equipamentos de topografia são elementos-chave em obras bem-sucedidas. Esses aparelhos permitem fazer uma radiografia do terreno, fornecendo informações sobre superfície e relevo, área, perímetro, distâncias, orientações, ângulos, alturas e variações de altitude. Nas mãos de um topógrafo, tais elementos geram levantamentos topográficos, planimétricos e altimétricos que irão nortear importantes decisões, como a orientação do projeto no terreno e a localização de pilares e fundações.

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Topógrafo operando taqueômetro no canteiro de obras (Chaiyaporn Baokaew/ Shutterstock.com)

CONFIABILIDADE NAS MEDIÇÕES

Falhas na geração de dados topográficos podem causar de retrabalho, desperdícios, perdas financeiras, desrespeito às legislações vigentes e até mesmo inviabilizar o empreendimento.

“Assim, na hora de escolher um equipamento para topografia, o critério mais importante a ser levado em conta é a sua precisão”, comenta o professor Flávio Guilherme Vaz de Almeida, do Laboratório de Topografia e Geodésia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

“A precisão desses instrumentos está diretamente relacionada à credibilidade do fabricante, às características do modelo e, sobretudo, ao conhecimento técnico do profissional que realizará as medições”, acrescenta o engenheiro-civil Leandro Novo, diretor da Metron Topografia.

A precisão desses instrumentos está diretamente relacionada à credibilidade do fabricante, às características do modelo e, sobretudo, ao conhecimento técnico do profissional que realizará as medições
Leandro Novo

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

Facilidade de manuseio e flexibilidade de uso vem sendo o foco dos desenvolvimentos na área da topografia nos últimos anos. A eletrônica e os processadores embarcados contribuíram de maneira significativa para a miniaturização dos aparelhos, bem como para dotá-los de maior versatilidade e autonomia de tempo de uso no campo. “Aliado a isso, o processo produtivo em massa barateou os equipamentos, tornando economicamente viável a aquisição de modelos mais precisos e exatos”, revela Almeida que cita, ainda, a popularização dos aparelhos laser-scanners e, mais recentemente, o uso de drones e de veículos aéreos não tripulados (vant) como avanços importantes nesse campo do conhecimento. Tanto os drones, quanto os vants encontram aplicação principalmente em projetos rurais.

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TIPOS DE EQUIPAMENTOS

Embora quase sempre sejam importados, os equipamentos para topografia são disponibilizados no Brasil com uma ampla variedade. Para a realização de análises topográficas voltadas à construção civil, os mais utilizados são os taqueômetros, conhecidos também como estação total; os níveis; e os aparelhos de geoprocessamento de alta precisão. Esses instrumentos podem ser combinados de modo que um complemente o trabalho do outro.

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Evolução do antigo teodolito, as estações totais medem os ângulos horizontais e verticais e as distâncias lineares. Esse equipamento óptico e eletrônico é fixado sobre um tripé metálico e faz medições por meio de um feixe de laser e prismas. Diferentemente dos teodolitos, a estação total é capaz de armazenar os dados recolhidos e de executar alguns cálculos mesmo em campo.

O processo produtivo em massa barateou os equipamentos, tornando economicamente viável a aquisição de modelos mais precisos e exatos
Flávio Vaz de Almeida

Com baixo custo e operação simplificada, o nível topográfico serve para determinar desníveis entre pontos. Também chamados de nível óptico ou equialtímetro, esses instrumentos podem ser manuais (em desuso) ou automáticos.

No rol dos equipamentos de topografia, destacam-se ainda os aparelhos de geoprocessamento, que utilizam o sistema de posicionamento geográfico (GPS) para determinação das coordenadas. Eles podem ser pós-processados ou RTK (real time kinematic) e têm como pontos fortes a facilidade de manipulação, a agilidade de medição e a elevada precisão.

OPERADORES QUALIFICADOS

O professor Flávio Vaz de Almeida explica que os erros mais corriqueiros na prática de levantamentos topográficos estão relacionados à dificuldade de alguns usuários para nivelar os equipamentos e centralizá-los adequadamente.

“Outra falha comum é a não realização do processamento dos dados do GPS de acordo com as normas vigentes, respeitando o tempo mínimo de rastreio necessário”, adiciona Leandro Novo. Segundo ele, na maior parte das vezes, as falhas são decorrentes da pouca experiência do operador ou do auxiliar, assim como da falta de atenção no ambiente de trabalho.

Por isso, tão importante quanto dispor de um equipamento confiável, é contar com uma equipe de operadores adequadamente treinada para manuseá-lo.

O profissional que realiza medições topográficas deve passar por uma capacitação minuciosa que inclui aspectos teóricos e técnicos, além de atividades práticas. Segundo Almeida, a habilidade nestes aparelhos depende fortemente das práticas de campo. “Quanto mais se utiliza, maiores serão as habilidades”, afirma. Para exercer a profissão de topógrafo e poder emitir laudos, o profissional deve possuir registro junto ao Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia).

Também são importantes para garantir a acurácia dos instrumentos de topografia a manutenção e calibragem periódicas. Uma recomendação nesse sentido é dar preferência a fornecedores que oferecem assistência técnica especializada e que prestem o serviço de manutenção.

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Colaboração técnica

Flávio Guilherme Vaz de Almeida – Professor e pesquisador do Laboratório de Topografia e Geodésia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). É doutor em Engenharia de Transportes pela Poli-USP e PhD pela Université Paul Sabatier, na França
Leandro de Souza Novo – Engenheiro civil, pós-graduado em georreferenciamento de imóveis rurais e diretor da Metron Topografia e Engenharia