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Energia solar fotovoltaica já é um caminho sem volta

O preço da energia elétrica no Brasil é uma das mais caras do mundo. Além da sustentabilidade, o sistema solar é investimento altamente rentável. Saiba mais a seguir

Publicado em: 31/03/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

imagem de uma casa com o telhado repleto de painéis fotovoltaicos
As plataformas de e-commerce garantem maior agilidade e assertividade às compras de suprimentos (Foto: Slavun/Shutterstock)

A evolução do mercado da tecnologia fotovoltaica de geração de energia começou, no país, com as residências de alto padrão. Assim que a tecnologia foi sendo desmistificada, os grandes consumidores, especialmente o segmento industrial, entenderam que se tratava de um investimento de menor risco do que acreditavam. 

Por outro lado, os preços do sistema solar passaram por três anos de queda e, desde 2020 em decorrência da pandemia, registraram aumento. “Trata-se de uma commodity com valor estabelecido em dólar/watt. Pesaram nessa alta a falta e os altos custos de materiais, como o alumínio, e de containers para a importação de componentes”, detalha Abraão Algarve, diretor da Sunning Energia Solar.

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Consumo de baixa tensão

Se considerado o aspecto financeiro, os setores que mais se beneficiam da fotovoltaica são os chamados consumidores de baixa tensão, que chegam a pagar R$ 30 mil mensais de energia. Nessa faixa, estão os estabelecimentos comerciais, pequenas indústrias e residências, ou seja, os microempresários e as pessoas físicas.

Esses consumidores se beneficiam da geração distribuída, através das modalidades de produção in loco, de consumo remoto ou de cooperativa. O excedente da energia solar gerada no local de consumo ou a distância é automaticamente injetado na rede de distribuição. “Mas ainda haverá um valor residual a pagar. Isto porque o preço da energia elétrica é maior em decorrência da cobrança de imposto (ICMS), somado à tarifa da iluminação pública”, informa. Assim, uma residência que antes desembolsava R$ 300 mensais de conta de luz, tem seu custo reduzido para cerca de R$ 80.

O consumo remoto é feito, por exemplo, pela energia gerada na casa da praia ou de campo do consumidor. Os créditos dão cobertura para o imóvel e, também, para o apartamento na cidade onde ele reside. Já a modalidade de cooperativa permite que o consumidor se torne cotista de uma usina solar de grande porte, obtendo em troca créditos de energia. A economia, nesse caso, é menor, girando em torno 20% do valor da conta de luz.

“Entre os modelos, o ideal é ter a geração de energia solar instalada junto à carga. Porque quanto menos for transferido para a rede pública, menor será a diferença de ICMS e maior o aproveitamento do investimento”, alerta Algarve.

É preciso, segundo ele, acabar com a desinformação sobre essa tecnologia que faz crer que só funciona com tempo quente e sol. O que as placas captam é a irradiação solar e não o calor. Outro preconceito é que elas quebram com chuva de granizo. “Não faz sentido algum, já que se trata de um investimento mais alto”, observa.

Mercado livre

O surgimento do chamado mercado livre possibilitou o atendimento de consumidores que pagam até R$ 1 milhão/mês de energia. Para participar, a regra é que a empresa tenha, no mínimo, 500 kW contratado, que podem ser divididos por múltiplas unidades.

“Uma única loja de uma rede de supermercados não consome esse volume. Porém, várias somadas que atinjam os 500 kW tornam a rede apta a comprar energia no mercado livre, como se fosse uma ‘bolsa de valores de energia’”, explica Algarve. Esse é um setor solar pujante de geração solar, que vem atraindo fundos internacionais com investimentos que vão dos R$ 100 milhões até cifras que superam R$ 1 bilhão.

No mercado livre de energia, os grandes consumidores que instalam sua usina fotovoltaica podem ser autoprodutores, ou seja, consomem o que precisam na própria unidade ou de maneira pulverizada pelas demais, comercializando o excedente no mercado.

“Transferir energia para vender implica um longo processo burocrático exigido pelos órgãos reguladores. É comum que empresas optem por produzir para consumo próprio e evitem vender, caso a produção da usina seja suficiente para o seu consumo. Basta incorporar à instalação um sistema chamado grid zero, que impede a injeção na rede pública”, destaca o especialista.

Payback exige cálculos

Em qualquer uma das situações, seja a do consumidor de baixa tensão ou industrial vinculado ao mercado livre, é preciso sempre considerar todas as variantes na análise financeira de investimento.

Para estimar o payback de um sistema fotovoltaico, há dois fatores preponderantes: a tarifa de energia e o índice de irradiação do telhado onde estarão as placas solares. Exemplo recorrente é o do sistema funcionando numa casa padrão de quatro pessoas, em São Paulo. “O investimento, nesse caso, varia de R$ 16 mil a R$ 26 mil. O tempo de retorno é de pouco mais de quatro anos, considerados aí 8,69% de reajuste anual da conta de luz. O perfil de consumo da família é, também, parte da equação. Será menor se todos passam o dia fora, maior se ficam em casa, ou, ainda, se um deles trabalha em home office”, informa.

foto do telhado da empresa Udiaço, que está repleto de paineis fotovoltaicos
As plataformas de e-commerce garantem maior agilidade e assertividade às compras de suprimentos (Foto: Udiaço/Divulgação)

Udiaço tem um dos maiores telhados solares do país

Localizada em Carapicuíba (SP), a Udiaço – empresa que atua no mercado de distribuição e serviços relacionados ao segmento da construção civil – tem, hoje, um dos maiores telhados solares do país. “Se não o maior”, diz Abraão Algarve, diretor da Sunning, responsável pelo projeto, que considera essa uma obra desafiadora, pois sua execução aconteceu com a unidade industrial em pleno funcionamento.

São mais de 4.300 m² de área com potência instalada de 725 kW, capaz de gerar mais de 75 mil kWH por mês. “Nosso consumo médio de energia é de 85.887 kwh/mês. Com o telhado fotovoltaico, buscamos suprir quase 90% do consumo”, diz Hugo Trevizan, diretor de Planejamento da Udiaço, complementando que as expectativas iniciais estão sendo superadas, como em dezembro de 2021, quando a produção superou os 98 mil kWH.

A análise de viabilidade econômica preparada pela Sunning mostrou que a economia estimada para o primeiro ano chegará a R$ 350 mil reais, valor que deverá ser ultrapassado em decorrência dos aumentos de tarifas e da variação das bandeiras tarifárias. Apesar de o paybck apontar para entre três e seis anos, Trevizan antevê que o investimento se paga sozinho, graças à redução na conta de energia que poderá cobrir totalmente a parcela do financiamento.

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Destaques:

Entre os modelos, o ideal é ter a geração de energia solar instalada junto à carga. Porque quanto menos for transferido para a rede pública, menor será a diferença de ICMS e maior o aproveitamento do investimento, Abraão Algarve

Transferir energia para vender implica um longo processo burocrático exigido pelos órgãos reguladores, Abraão Algarve

Colaboração técnica

Foto de Abraão Algarve
Abraão Algarve – É Engenheiro Mecânico formado pela Universidade Federal de Santa Maria, com passagens pelas Universidade do Algarve e Missouri University of Science and Technology, com pós-graduação em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). É associado ao Instituto de Estudos Empresariais - IEE de Porto Alegre. Titular da Sunning Energia Solar.
Hugo Trevizan – – Administrador de Empresas pela Trevisan Escola de Negócios, com MBA Executivo no Insper. É diretor de Planejamento Estratégico da Udiaço.