menu-iconPortal AECweb

Saiba como obter eficiência energética com o uso do ar-condicionado

Na hora de especificar o sistema de ar-condicionado é preciso considerar a geometria e os materiais usados no prédio, o tipo de empreendimento, número de pessoas, iluminação e equipamentos

Publicado em: 17/10/2012Atualizado em: 13/02/2019

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Redação AECweb / e-Construmarket

Eficiência energética depende de bom projeto

Para a correta especificação do sistema de ar-condicionado, visando ou não eficiência energética, o projetista deve levar em conta as boas práticas de engenharia, buscando atender às necessidades de conforto térmico com redução de ruído e garantia de qualidade do ar interior. Atendidas estas premissas, deve escolher equipamentos que tenham altos coeficientes de eficiência em consumo de energia.

Nesse sentido, uma boa referência, de acordo com o professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), Alberto Hernandez Neto, especialista em climatização, modelagem e simulação de sistemas de refrigeração e ar-condicionado, é seguir a norma 90.1 da Associação Americana de Engenheiros de Clima, Refrigeração e Ar-condicionado (ASHRAE).

ACERTE NA ESCOLHA

Segundo Hernandez, para definir o sistema mais adequado para um edifício, o projetista deve considerar a envoltória do prédio – avaliando sua geometria e materiais; o tipo de ocupação – se escritório, residencial ou unidade hospitalar; e a carga interna – relacionada ao número de pessoas, iluminação e equipamentos. “Muitas vezes, soluções simples, mas bem integradas ao projeto da edificação fornecem resultados melhores em relação ao consumo de energia e com custo muito próximo, e às vezes menor, do que soluções tradicionais”, afirma.


O sistema de condicionamento a ser instalado em um edifício será central ou individual conforme as necessidades de uso. Os sistemas individuais são utilizados em áreas pequenas, entre 20 m² e 50 m², e que apresentem perfil diferente do restante da edificação, como o CDP – Centro de Processamento de Dados – de um escritório. “Fora estas situações, a opção por um sistema central, se for bem projetado e bem instalado, é mais eficiente e apresenta custo de manutenção inferior”, afirma.

SISTEMAS

O professor Hernandez explica que existem muitas tecnologias para sistemas de climatização, tanto nacionais quanto importadas, que colaboram para atingir metas de eficiência energética, desde que o projetista faça uso adequado das suas características técnicas.

Para obter um bom resultado, é fundamental que o cliente que solicita um projeto – seja de climatização, iluminação ou de elevadores – valorize o trabalho do projetista, permitindo um tempo maior de análise das soluções durante essa fase. “Ainda existem práticas que oferecem um tempo muito pequeno para que o projetista possa avaliar as possíveis soluções e oferecer a mais adequada para a edificação em estudo”, alerta. Além disso, o ideal é que o trabalho do projetista seja integrado com os demais profissionais envolvidos no projeto, como arquitetos, engenheiros civis, eletricistas e o próprio cliente.

O projeto de um sistema de ar-condicionado deve detalhar onde e o que deve ser instalado. O professor argumenta que o comissionamento da instalação é importante para garantir o bom funcionamento do sistema e sua eficiência. “A equipe de comissionamento tem por objetivo garantir que o sistema projetado tenha sido bem instalado e esteja sendo operado conforme as especificações exigidas pelo projetista”, diz.

FERRAMENTAS

Para definir a solução que melhor atende aos requisitos de qualidade do ar e conforto térmico, com redução do consumo de energia, os projetistas contam com alguns softwares que possibilitam a comparação entre diferentes soluções de climatização e seu respectivo impacto no consumo de energia da edificação.

Segundo ele, para identificar os percentuais de eficiência energética propiciado por bons sistemas, é preciso levar em conta que os níveis de redução estão atrelados à comparação de uma situação de referência com outra que se deseje avaliar. “Existem alternativas que exigem um estudo mais detalhado, com uso de ferramentas de simulação para verificar o potencial de redução de consumo de energia”, informa.

Entretanto, só o fato de o projetista ter tido tempo para analisar as possíveis soluções e escolher a mais adequada para a edificação, que atenda às boas práticas de engenharia integrada aos demais sistemas da edificação, já poderá garantir uma boa solução com eficiência energética.


Bom dimensionamento garante economia

Nos últimos anos houve um grande crescimento do uso de ar-condicionado em residências. Nesse segmento, a seleção do sistema deve ser feita com critério, para não haver superdimensionamento e acarretar consumo excessivo de energia por parte do sistema de climatização. Hernandes lembra que, dependendo do tipo de edificação, não é permitida a instalação da unidade condensadora do Split do lado de fora do prédio e, neste caso, a solução viável é o equipamento portátil. “Se for possível instalar um sistema tipo Split, a sugestão sempre é adquirir um sistema com capacidade compatível com os ambientes a serem climatizados, e o equipamento deve ter o selo de eficiência energética do PROCEL nível A ou B, no mínimo”, orienta.

Redação AECweb / e-Construmarket

 


COLABOROU PARA ESTA MATÉRIA

Eficiência energética depende de bom projeto Alberto Hernandez Neto
- Graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo (1988), mestrado em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo (1993) e doutorado em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo (1998). Atualmente é professor associado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo no Departamento de Engenharia Mecânica. Atua na área de climatização e refrigeração com ênfase em eficiência energética, modelagem e simulação de sistemas de refrigeração e ar-condicionado. Membro da Associação Brasileira das Ciências Mecânicas (ABCM) e da Associação Nacional de Profissionais de Refrigeração, Ar-Condicionado e Ventilação (ANPRAC).