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Eficiência energética: 5 recomendações para o desenvolvimento de projetos

Além da sustentabilidade, desempenho energético ajuda a reduzir custos mensais em habitações

Publicado em: 07/02/2022

Texto: Juliana Nakamura

Sistema de aquecimento solar instalado no telhado de uma casa
O uso do sistema de aquecimento solar de água é uma das recomendações (Foto: Benedek Alpar/Shutterstock)

Melhorar a eficiência energética dos edifícios é algo não apenas desejável, mas necessário. Primeiro para diminuir os gastos durante a etapa de uso e operação. Depois, pela urgência de reduzir impactos ambientais, especialmente a emissão de gases do efeito estufa. Segundo o UN Environment Programme, da Organização das Nações Unidas (ONU), os edifícios consomem globalmente cerca de 35% da energia disponível e correspondem a 38% das emissões de CO2 relacionadas à energia.

Para reduzir esses índices sem implicar em aumento significativo do custo da construção, um projeto de arquitetura que tire proveito de técnicas passivas é fundamental. Estamos falando de moradias concebidas de modo que sua geometria, materiais e condições de exposição ao clima aproveitem recursos como a inércia térmica, a ventilação natural e a energia solar, para obter ambientes que promovam o melhor conforto térmico para os usuários com racionalidade.

Confira a seguir algumas recomendações para o desenvolvimento de habitações com bom desempenho no consumo de energia. Elas constam no recém-lançado “Guia de boas práticas de eficiência energética de habitações”, desenvolvido por pesquisadores do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo).

Ventilação natural e controle da insolação — No Brasil, a garantia de conforto térmico nas edificações passa, em grande parte, por soluções para amenizar a sensação de calor. Para minimizar a dependência de sistemas de refrigeração artificial, o projeto deve almejar as melhores condições com relação à insolação e à ventilação, contemplando a instalação de lanternins, aberturas para favorecer a ventilação cruzada e de anteparos para os raios solares. O trabalho pode se pautar, também, em estudos e simulações com softwares específicos para analisar as condições da edificação.

Inércia térmica adequada às condições climáticas — Em regiões com clima quente e seco, com alta amplitude diária da temperatura do ar e radiação solar intensa, é necessário projetar habitações com alta inércia térmica. Em linhas gerais, isso implica no uso de elementos construtivos pesados e espessos, com alta capacidade térmica, aberturas protegidas da radiação solar direta e aplicação de material isolante térmico na cobertura. Em habitações situadas em áreas com clima quente e úmido, com baixa amplitude diária da temperatura, a orientação é buscar a menor inércia térmica. Para isso, algumas estratégias válidas são o uso de elementos construtivos leves, ambientes com janelas amplas para favorecer a circulação de ar e aberturas em faces opostas para a ventilação cruzada, entre outras.

Aplicação de subcobertura aluminizada — Uma medida eficaz para adicionar eficiência às edificações é o uso de elementos com baixa emissividade que atuem como barreiras radiantes. Nesse sentido, uma solução recomendada é a aplicação de subcoberturas aluminizadas instaladas sob o telhado. Em alguns casos, segundo os pesquisadores do IPT, essas mantas podem proporcionar a mesma contribuição térmica que a adição de 5 cm de material isolante térmico sobre o forro.

Aquecimento solar de água — Os sistemas para aquecimento de água com o aproveitamento dos raios solares podem melhorar bastante o desempenho energético das edificações. Para tirar o máximo proveito desta tecnologia é necessário seguir algumas diretrizes para instalação dos equipamentos. Entre elas, a distribuição dos coletores em local não sombreado na direção do norte geográfico. Também é fundamental que o dimensionamento da área coletora seja proporcional ao volume de água quente demandado para a habitação.

Automação predial — Outra ação para reduzir o consumo de energia elétrica em edificações é a instalação de dispositivos automatizados. É possível adicionar tais elementos, por exemplo, para abrir e fechar janelas em função de condições ambientais. Também há possibilidade de reduzir desperdícios com a programação de luminárias para serem acionadas em função da disponibilidade de luz natural e da presença de pessoas.

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Colaboração técnica

 
Adriana Camargo de Brito, arquiteta; André Azevedo, engenheiro civil; Daniel Setrak Sowmy, engenheiro civil; Fernanda Belizário Silva, engenheira civil; Maria Akutsu, física. Todos são pesquisadores do Laboratório de Conforto Ambiental, Eficiência Energética e Instalações Prediais e do Laboratório de Tecnologia e Desempenho de Sistemas Construtivos do IPT. Eles também são autores do “Guia de boas práticas de eficiência energética de habitações”, desenvolvido pela Secretaria Nacional de Habitação (SNH) do Ministério do Desenvolvimento Regional em parceria com o Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha.