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Demolição é solução para abertura de novos terrenos e expansão das metrópoles

Tamanho da estrutura interfere no grau de dificuldade do trabalho, que deve vir acompanhado de gestão e destinação dos resíduos gerados

Publicado em: 26/10/2015

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Demoliçaõ - Obra

A demolição é necessária e cada vez mais comum na construção civil, principalmente, pela crescente escassez de terrenos nas grandes metrópoles. Incorporadoras normalmente recorrem a essa solução quando a abertura de novos espaços se mostra imprescindível.

A prática é opção em casos de reformas ou até mesmo ampliações, podendo ser parcial ou total. “A demolição é inevitável para expansão das metrópoles”, afirma Hewerton Bartoli, presidente da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon).

Segundo ele, prédios maiores são demolidos quando se tornam obsoletos ou o mercado imobiliário enxerga uma oportunidade de aproveitar melhor a área ocupada pela edificação. “Ali é construído algo novo, com maior potencial de valorização”.

O tamanho da estrutura a ser demolida é um dos fatores que interferem no grau de dificuldade do trabalho. Imóveis pequenos exigem baixo conhecimento técnico e apresentam problemas menores. “Já em indústrias e viadutos, os riscos são elevados, além de envolver inúmeros interessados. Nesses casos, é preciso recorrer a equipamentos e profissionais com grande capacidade e experiência”, informa o especialista.

MANUAIS OU MECANIZADAS

Todo o entulho pode ser reaproveitado, mas nem sempre essa preocupação existe, especialmente em obras pequenas
Hewerton Bartoli

Nas grandes operações, um dos métodos que pode ser empregado é o da implosão, que otimiza o tempo de realização da tarefa. “É preciso avaliar o tipo de estrutura, sua altura e o entorno”, explica Bartoli, que separa as demolições em dois grupos, manuais ou mecanizadas. A manual é indicada para situações mais delicadas, que exigem trabalho humano, especializado, de acabamento ou até mesmo quando envolve riscos maiores. Já a mecanizada é realizada por máquinas, em geral executada por escavadeiras de pequeno a grande porte com implementos diversos. Nesse segundo caso, também são utilizados robôs, equipamentos de corte e até mesmo caminhões munck ou guindastes para auxiliar o processo.

Qualquer tipo de estrutura é passível de ser demolida, inclusive andares localizados no subsolo. Existem tecnologias de demolição controlada, como miniescavadeiras com implementos de rompedores e pulverizadores hidráulicos, além de máquinas de corte e fio diamantado. Independentemente do que precisa ser demolido, a destinação dos resíduos gerados deve sempre ser muito bem planejada e executada. “Todo o entulho pode ser reaproveitado, mas nem sempre essa preocupação existe, especialmente em obras pequenas”, lamenta.

É papel da demolidora contratada realizar toda a gestão e destinação dos resíduos, cabendo à construtora a tarefa de fiscalizar o trabalho. “A demolição é vista como commodity pelas construtoras. Infelizmente, o critério avaliado com maior peso é sempre o preço. A gestão e a reciclagem de resíduos deveriam ser tratadas com maior relevância, já que, muitas vezes, o menor preço significa risco de práticas que desrespeitam o meio ambiente”, destaca o especialista.

DEMOLIÇÃO OU DESCONSTRUÇÃO?

A demolição é vista como commodity pelas construtoras. Infelizmente, o critério avaliado com maior peso é sempre o preço
Hewerton Bartoli

O conceito de desconstrução, segundo Bartoli, é algo relativamente novo e ainda pouco praticado no Brasil. Basicamente, consiste em desmontar passo a passo a edificação, de maneira a reaproveitar o máximo possível todos os materiais. Essa atividade vem atraindo a atenção de algumas empresas demolidoras que, além de retirarem os materiais inertes e reaproveitáveis, como esquadrias, louça e metais sanitários, destinam o entulho para reciclagem. A prática contribui para uma triagem mais proveitosa, elevando o nível de reciclagem dos resíduos gerados.

Os itens que as empresas de desconstrução retiram intactos de uma edificação são, em geral, comercializados por lojas especializadas em produtos de demolição. Apesar de existir há alguns anos, esse mercado ainda é desconhecido por muitos profissionais do setor. Diferentemente da desconstrução, a demolição tradicional acontece de forma aleatória e é a solução escolhida, na maioria das vezes, por questões de produtividade e velocidade, sem levar em conta o reaproveitamento dos materiais. “O prazo e o custo são fatores preponderantes na construção civil, o que torna a desconstrução pouco usual”, finaliza Bartoli.

Colaborou para esta matéria

Hewerton Bartoli
Hewerton Bartoli – Formado em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), com MBA em Construção Civil pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). Fundador e presidente da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon). Atua nas áreas de demolição, gestão e reciclagem de resíduos de construção civil há seis anos. Conduz o próprio negócio, a R3ciclo, empresa especializada em britagem de rocha e Resíduos da Construção e Demolição (RCD), consultoria em Plano de Gerenciamento de Resíduos (PGRCC), demolições sustentáveis e remoção de amianto em todo o Brasil.