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Construtora Plaenge cresceu 40% em 2023

Confira a entrevista com o gerente regional da empresa que vem se destacando no mercado residencial de luxo no Brasil e no Chile

Publicado em: 18/03/2024Atualizado em: 24/04/2024

Texto: Hosana Pedroso

Edifício One Batel (Foto: Guilherme Pupo)

Edifício One Batel (Foto: Guilherme Pupo)

Com 54 anos de atuação, a construtora paranaense Plaenge consolidou sua presença em empreendimentos de médio e alto padrão no Brasil e no Chile. Seus projetos chegaram a São Paulo e a Santiago em 2023, ano em que as vendas líquidas atingiram R$ 2,777 bilhões.

Em entrevista ao Portal AECweb, o engenheiro Daniel Turchetti, gerente regional da empresa, comenta que a companhia conta atualmente com 79 canteiros simultâneos e prevê 28 lançamentos nos dois países ainda em 2024.

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AECweb – A Plaenge comemora números exponenciais alcançado em 2023. Quais são eles?

Daniel Turchetti – Em 2023, lançamos 20 projetos, alcançando R$ 2,917 bilhões em VGV (Valor Geral de Vendas). As vendas líquidas somaram R$ 2,777 bilhões, ou seja, registramos um crescimento de 40% em relação a 2022. O plano de expansão no Brasil e no Chile prevê o lançamento até o final deste ano de 28 projetos nos dois países, com vendas entre R$ 2,9 bilhões e R$ 3,2 bilhões.

AECweb – Quais fatores influenciaram esse crescimento?

Turchetti – São alguns fatores, a começar pelo sucesso nas praças onde temos uma atuação consolidada – Porto Alegre (RS), Joinville (SC), Curitiba, Londrina e Maringá (PR), Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT). Temos, ainda, atuação em Temuco, sul do Chile, e na capital Santiago. Colaborou para esse crescimento a nossa chegada à capital paulista, com um lançamento exitoso no bairro de Moema. Agora, lançaremos um segundo empreendimento na cidade.

AECweb – A Plaenge está bem-posicionada no ranking das grandes empresas do país?

Turchetti – De acordo com o ranking anual do jornal Valor Econômico, este é o terceiro ano que a construtora ocupa a segunda posição de maior operação de imóveis de médio ou alto padrão no Brasil. Já entre as empresas de capital fechado, a Plaenge é líder absoluta nesse tipo de operação.

Fachada do edifício Dreams Ecoville, da construtora PlaengeEdifício Dreams Ecoville (Foto: Guilherme Pupo)

AECweb – Quantas são as obras em execução hoje e quais os planos para 2024?

Turchetti – Temos 79 obras em andamento simultaneamente. Além dessas, serão 28 novos lançamentos neste ano.

Temos 79 obras em andamento simultaneamente. Além dessas, serão 28 novos lançamentos neste ano
Daniel Turchetti

AECweb – A empresa investe também em condomínios horizontais?

Turchetti – Começamos a atuar em loteamentos há cerca de oito anos e já entregamos dois em Campo Grande. Fizemos outro lançamento na cidade que, inclusive, recebeu o Prêmio Master em velocidade de vendas. A empresa tem um grande land bank para empreendimentos do tipo também em Londrina e Curitiba. Esse, no entanto, é um segmento em que a aprovação e licenciamento pelas prefeituras demora entre seis e oito anos. Porque depende de uma legislação nacional e, muitas vezes, envolve mudanças na destinação da área quando ela passa de rural para urbana. Em alguns casos, pode exigir a implantação de obras de infraestrutura de acesso, como rodovia e até viaduto.

AECweb – Quais as características arquitetônicas dos projetos da Plaenge?

Turchetti – Cada terreno é tratado de forma única, desde a concepção do projeto, de maneira que a arquitetura de uma torre nunca se repete. São todos projetos autorais de escritórios renomados, que assinam a arquitetura, o paisagismo e, nos empreendimentos maiores, há projetos luminotécnicos específicos. Entre os escritórios parceiros, estão o Bohrer, de Londrina; o LW Design Group, escritório global de arquitetura; e o Studio Ronaldo Rezende.

AECweb – Alguns desses projetos já foram premiados?

Turchetti – Sim, vários, como os empreendimentos Paseo Santos, em Londrina, e o Aughe de Cuiabá, e dois no Chile, o Brasilia View e Cuiabá Elegance, premiados no International Property Awards, uma das premiações mais prestigiosas do mercado mundial. O condomínio Lieu Unique, em Campo Grande, tem colecionado reconhecimentos consistentes ao longo do tempo. No ano passado, recebeu um prêmio internacional de arquitetura e design na categoria de Design Arquitetônico pelo OPAL – Outstanding Property Award London. Essa premiação, com 35 anos de tradição, reconhece projetos de arquitetura, design de interiores e desenvolvimento imobiliário de todo o mundo.

AECweb – A empresa se orgulha de embarcar recursos sustentáveis em seus empreendimentos.

Turchetti – Verdade. Isso se explica pela história da Plaenge, criada há 54 anos por Ézaro Fabian que, com sua cultura de engenheiro industrial, imprimiu nas construções métodos de processos e procedimentos. A empresa sempre procurou construir produzindo menos resíduos e levando para os edifícios soluções sustentáveis, como sistemas de tratamento e reuso de água de chuva. Em cidades muito quentes, como Cuiabá, fazemos o reaproveitamento até mesmo da água do ar-condicionado e optamos por esquadrias e vidros que colaboram com o conforto térmico.

AECweb – Esses empreendimentos recebem certificações de impacto ambiental?

Turchetti – Sim, como o Landhous que conquistou o selo EDGE concedido pela Corporação Financeira Internacional (IFC), do Banco Mundial. É a garantia de que o edifício é construído gerando menos energia, água e resíduos. Para se ter uma ideia da política de edifícios verdes da Plaenge, em 2002, quando pouco se falava no assunto, já produzíamos aquecimento de piscina com placa solar. Temos, é claro, implantado sistemas fotovoltaicos para geração de energia em nossos empreendimento.

Fachada do edifício Art House Residences, da construtora PlaengeArt House Residences (Foto: Guilherme Pupo)

AECweb – Quais as diferenças de mercado entre o Brasil e o Chile?

Turchetti – Entramos no Chile em 2010 e observamos que, até há pouco tempo, o mercado era bastante estável, com taxas de juros baixas de em média 4,5%, entre 1995 e janeiro de 2024. Depois da pandemia elas subiram, como ocorreu em todo o mundo. Há, no entanto, grande disponibilidade de crédito. Os compradores, mesmo de apartamentos de alto e médio padrão, podem pagar apenas 10% do valor total durante o período de obras – aqui, é de em média 40% – e financiar o restante.

AECweb – A arquitetura chilena é semelhante à nossa?

Turchetti – Não, porque ela é determinada por dois fatores. O primeiro deles são os terremotos que, por legislação, impacta os sistemas construtivos, especialmente a exigência de paredes de concreto e fundações mais robustas. O outro aspecto é a necessidade de atender o conforto térmico diante das temperaturas bastante baixas no sul do país, onde iniciamos nossa operação. Isso fez com que tivéssemos que aprender e implementar soluções. Para além dessas preocupações, a Plaenge levou para lá a arquitetura brasileira, principalmente com fachadas mais bonitas e áreas comuns bem equipadas. Fomos pioneiros e, hoje, é mandatório no mercado.

AECweb – As obras da empresa utilizam produtos e mão de obra chilena ou levam daqui?

Turchetti – O Chile é um país predominantemente importador. Portanto, levamos para as obras materiais brasileiros. Já os projetos em boa parte são desenvolvidos aqui, mas também contratamos escritórios de lá. Para o primeiro empreendimento que estamos tocando em Santiago, por exemplo, o paisagismo é assinado por Benedito Abbud e o projeto de interiores pela Boher. Já o estrutural está nas mãos de um escritório chileno, por sua especialização nas exigências quanto a terremotos. Os gestores são brasileiros e chilenos e a mão de obra de produção é contratada localmente.

Em relação à economia brasileira, estamos confiantes no prosseguimento da queda dos juros, que deve chegar a 8,5 ou 9% ao ano, o que é muito bom para nosso mercado. Portanto, nossa expectativa é boa
Daniel Turchetti

AECweb – Os consumidores têm perfil e desejos semelhantes nos dois países?

Turchetti – Há algumas diferenças. Essa questão da sofisticação das áreas comuns e de um produto de qualidade e bem-acabado é semelhante nos dois países. No Chile, o comprador tem uma preocupação e até mesmo conhecimento da parte técnica do conforto térmico muito maior do que o brasileiro. Aqui ainda é incipiente. Uma curiosidade: os chilenos têm um olhar muito positivo para os produtos brasileiros. Daí que nossos empreendimentos adotam nomes que remetem ao Brasil, como Ipanema, Brasília e Cuiabá, entre outros.

AECweb – Qual dos dois mercados é mais promissor?

Turchetti – Cada mercado tem características diferentes. Nossa operação no Chile representa entre 10 e 15% de nossa atuação no Brasil. A taxa de juros lá de 8,5% pode ser baixa para os brasileiros, mas para eles é muito alta, com algum impacto no mercado imobiliário. Em relação à economia brasileira, estamos confiantes no prosseguimento da queda dos juros, que deve chegar a 8,5 ou 9% ao ano, o que é muito bom para nosso mercado. Portanto, nossa expectativa é boa. Tanto que os 28 empreendimento de que falei vão sair do papel, estão na esteira de produção para lançamento.

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Colaboração técnica

Daniel Turchetti – É Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Paraná – UFPR, com MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. Há 12 anos na Plaege, atuou nas áreas de engenharia de obra, incorporação e gerência regional de Campinas. Atualmente, é gerente regional de Curitiba.