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Construção de piscinas de grande porte deve atender a normas técnicas

Lei federal pretende aumentar a segurança desses espaços, alterando requisitos de projeto e construção

Publicado em: 16/10/2015

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Uma piscina é considerada de grande porte diante da relação entre suas dimensões e o número de banhistas. “Estamos falando de equipamentos com cerca de 300 m³, o equivalente a 20 m x 10 m e 1,5 m de profundidade, que recebem, no máximo, uma pessoa a cada 3 m². Em geral, são as públicas e semipúblicas”, explica Flávio Araújo, diretor da Associação Nacional dos Fabricantes Construtores de Piscinas e Produtos Afins (ANAPP). A piscina semiolímpica, por sua vez, tem 25 m x 20 m e até 1000 m³ de água, enquanto a olímpica, para saltos, tem 50 m x 25 m e exige profundidade de 5 m.

O projeto, a construção e a segurança de piscinas de qualquer porte devem seguir as exigências de normas técnicas brasileiras. As olímpicas e semiolímpicas contam também com regulamentação própria da Federação Internacional de Natação (FINA).

O setor segue a ABNT NBR 10339 – Projeto e execução de piscina – Sistema de Recirculação e Tratamento, mas também se apoia na ABNT NBR 5410 – Instalações Elétricas (de baixa tensão), diante do número e importância dos equipamentos elétricos. “Antes da elaboração do projeto, é necessário considerar qual o propósito da piscina (competição, parque aquático, hotelaria, academias, universidades), para determinar as dimensões oficiais de profundidade, o isolamento para área infantil, a instalação de brinquedos e acessibilidade, entre outros dados”, informa o tecnólogo Ronaldo Moreira, gerente comercial da Campestre Piscinas & Paisagismo.

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O projeto de piscinas comerciais deve ser feito por empresas e profissionais que conheçam a fundo as normas técnicas
Ronaldo Moreira

PROJETO DE LEI

É preciso que o projetista atente, também, para o teor do Projeto de Lei (PL) 1162/07, em tramitação no Congresso Nacional, cuja finalidade é aumentar a segurança em piscinas de grande porte. O texto contempla, por exemplo, a instalação de grades de proteção; quantidade e posicionamento dos ralos de fundo; tampa de ralo de fundo antiaprisionamento; botão de emergência (na área externa) para desligamento manual da bomba; instalação de Sistema de Segurança de Liberação de Vácuo (SSLV); e bombas que desligam automaticamente quando falta fluxo na sucção. “O projeto de piscinas comerciais deve ser feito por empresas e profissionais que conheçam a fundo as normas técnicas”, diz Moreira.

A CONSTRUÇÃO

Após a análise do estudo de sondagem, o calculista da estrutura deverá determinar o tipo de fundação que será executada, com estacas pré-moldadas ou feitas in loco, ou, se necessário, optar pela substituição do solo. “Piscinas de grande porte são construídas em concreto armado e podem ser executadas em qualquer tipo de terreno, seja ele com desnível acentuado, com lençol freático ou de baixa resistência”, explica o tecnólogo. No caso dos lençóis freáticos, é preciso implantar um sistema de drenagem no terreno, através de bombeamento e de uma rede de tubos de drenagem permanente para alívio da pressão negativa.

A impermeabilização ideal para as estruturas enterradas e isoladas é a argamassa aditivada com hidrofugantes, seguida da aplicação de tela de poliéster. “No caso de piscinas suspensas, sobre garagem, por exemplo, a melhor solução é o sistema flexível com a aplicação de manta asfáltica”, orienta Moreira, lembrando que a impermeabilização malfeita poderá gerar vazamentos, inclusive no chumbamento das peças de acabamento, como dispositivos, ralos e skinners. Outras patologias que uma obra mal executada ou em não conformidade com as normas técnicas pode apresentar são os problemas estruturais, como fissuras e trincas.

O SISTEMA HIDRÁULICO E A REDUÇÃO DOS RISCOS PARA O BANHISTA

O projeto deve prever o detalhamento do sistema hidráulico, fundamental para a segurança da piscina. “Ele envolve todo o sistema de recalque e sucção da água, ou seja, sua movimentação”, diz o diretor da ANAPP. Em outras palavras, envolve a entrada e saída da água, contemplando bombas, filtros e demais sistemas de tratamento. A sucção é feita pelo ralo de fundo da piscina – elemento que tem causado graves acidentes, até mesmo fatais. A ABNT NBR 10339 prevê dois ralos de fundo por sucção de bomba, mas a maioria das piscinas, especialmente as residenciais, possui apenas um. Quando a velocidade de sucção é elevada em relação à área, o ralo se torna perigoso, podendo prender cabelos de banhistas. Ao dividir essa velocidade entre várias saídas, a pressão torna-se menor, reduzindo o risco.

A água é sugada pelo ralo de fundo e pelo dispositivo de aspiração, usado para a limpeza da piscina
Flávio Araújo Andrade

O número de ralos também vai depender das suas dimensões e, muitas vezes, eles são fabricados sob encomenda, fugindo aos padrões de mercado. Essas peças podem ser encontradas em aço inoxidável, resistente ao cloro da água e de longa vida útil, ou em plástico, material menos resistente, que pede substituição a cada três anos, devido ao ressecamento e perda de função, de acordo com o texto do projeto da lei federal.

“A água é sugada pelo ralo de fundo e pelo dispositivo de aspiração, usado para a limpeza da piscina. A bomba leva a água através de tubulação enterrada, que passa em seguida por filtros, como gerador de cloro, bomba dosadora de ozônio e UV, e volta para a piscina pelos dispositivos de retorno, situados nas paredes laterais. Há também os skinners ou coadeiras, que são dispositivos de sucção localizados na borda da piscina, com a função de sugar a água mais suja da superfície e enviar para o filtro”, detalha Araújo.

Na área de acesso às piscinas de grande porte, a norma exige a instalação de um pequeno tanque (lava-pés), com água também clorada e de qualidade controlada, para evitar contaminação. Uma revisão da norma está prevendo o cercamento da piscina com, pelo menos, 1,20 de altura e portão.

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Colaboraram para esta matéria

Flávio Araújo Andrade – Administrador de empresas com ênfase em comércio exterior, é diretor comercial nas empresas Pooltec e Equibombas, desde 1993. É membro da diretoria da Associação Nacional dos Fabricantes Construtores de Piscinas e Produtos Afins (ANAPP).
Ronaldo Moreira – Tecnólogo de edificações, atua na área de construção de piscinas de concreto armado há 37 anos. É gerente comercial da Campestre Piscinas e Paisagismo desde 2003, atendendo a grandes clientes como SESC, SESI, Prefeituras, Associações Desportivas Classistas, Hotéis, Academias e construtoras de expressão no mercado nacional.