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Conheça critérios técnicos para escolha de fôrmas para concreto

Das tradicionais em madeira às mais específicas, como as de papelão para concretagem de pilares circulares, cada tipo tem índices próprios de resistência, durabilidade, reutilizações e produtividade

Publicado em: 31/05/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Fôrma de concreto
Diferentes quesitos técnicos devem ser analisados para escolher a fôrma ideal (Foto: Mabeline72/Shutterstock)
Entre os quesitos a serem considerados estão a produtividade desejada, o número de repetições, o acabamento esperado, os equipamentos para transportes verticais disponíveis na obra e a experiência da mão de obra que irá utilizar o sistema
Alexandre Pandolfo

Escolher entre as fôrmas para concreto de madeira, aço, PVC, alumínio, papelão, chapas fenólicas e plástico é uma tarefa que deve seguir critérios técnicos, especialmente características e necessidades de cada obra. A decisão, porém, não deve se nortear pelo valor de locação ou aquisição. “Entre os quesitos a serem considerados estão a produtividade desejada, o número de reutilizações, o acabamento esperado, os equipamentos para transportes verticais disponíveis na obra e a experiência da mão de obra que irá utilizar o sistema”, ensina o engenheiro Alexandre Pandolfo, chefe de Operações da Associação Brasileira de Fôrmas, Escoramentos e Acesso (Abrasfe).

As fôrmas mais utilizadas pela construção civil brasileira são as de madeira, aço e plásticas. As de madeira estão no topo do ranking, principalmente em obras leves e de edifícios residenciais. “Elas permitem ajustes no local e são relativamente leves”, indica o engenheiro Jefferson Carlos da Silva, consultor Técnico da Abrasfe.

Já a construção industrializada e, também, as imobiliárias e indústrias priorizam a fôrma de aço, que é forrada com compensado plastificado e face de contato de aço. Com número alto de aproveitamento, são movimentadas nos canteiros por gruas ou minigruas.

A fôrma plástica é muito utilizada na execução de lajes, podendo também ser empregada em paredes, eliminando a utilização de compensado.

“Dependendo da experiência do pessoal de obra e da necessidade, dos equipamentos de transporte, do número de reaproveitamentos, as fôrmas podem ser aplicadas em todo tipo de construção, não há um limitador. Claro que algumas têm resistência menor e outras maiores, assim como há aquelas mais fáceis de manusear do que outras. Mas, se tudo for executado de acordo com o projeto, poderá haver uso sem problemas”, explica Pandolfo.

Reutilizações, durabilidade, resistência

“As reutilizações de qualquer tipo de fôrma dependem do cuidado no manuseio com o material, na desforma, transporte e armazenamento”, observa Pandolfo, lembrando que existem as fôrmas com a face de contato de aço, que permitem usos ilimitados. No outro extremo, as de papelão são descartáveis, portanto, utilizadas uma única vez.

Esses cuidados também são importantes para a durabilidade das fôrmas, independentemente do material. Outros fatores que se somam são a velocidade de lançamento do concreto, das cargas aplicadas, do equipamento adequado para manusear a fôrma e da qualidade do material.

Em linhas gerais, a resistência das fôrmas depende da temperatura do concreto, do tipo de concreto, da altura de concretagem, da velocidade de lançamento, dos travamentos adequados e do tempo de pega (secagem).

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Fôrmas de madeira

No caso das fôrmas de madeira, com chapa compensada plastificada e de boa qualidade, utilizando na execução do concreto mão de obra especializada, seu reaproveitamento chega a cerca de 30 vezes. “Em alguns casos, como na execução de lajes, os compensados podem ser usados nos dois lados”, comenta Silva. A produtividade dessas fôrmas varia de 0,8 a 1,5 m²/hh (homem-hora por metro quadrado).

“São mais indicadas para o setor predial, onde temos peças ‘menores’. Por exemplo, a pressão é menor para a execução de um pavimento tipo com pilares com 20 cm x 60 cm e altura de 2,80 m, o que permite número médio de reúsos”, diz Pandolfo.

As fôrmas de madeira têm como vantagem os ajustes fáceis em obra, leveza para transportar e trabalhar no canteiro e serem adaptáveis a qualquer estrutura. No entanto, geram entulho e passivos ambientais. A madeira deve ter origem certificada.

Fôrmas de aço

Os chassis de aço, em si, podem ser reaproveitados muitas vezes. “O compensado que constitui o contato da fôrma deve ser trocado a cada 50 a 80 usos, em média”, ensina Silva. Essas fôrmas resistem a grandes pressões de concretagem, mas esse desempenho depende da temperatura e tipo do concreto, altura de concretagem e tempo de pega (secagem). Existem formas até de 80 kn/m² (kilonewton por metro quadrado).

A vantagem do material é a resistência a grandes pressões e sua alta durabilidade. Por outro lado, conta como desvantagem o peso elevado da fôrma e sua produtividade, que é de 2 a 3,5 m²/hh.

Fôrmas de PVC

A reutilização da fôrma de PVC, se for constituída como elemento de contato dentro de um chassi estruturado, varia de 200 a 400 usos
Jefferson Carlos da Silva

“A reutilização da fôrma de PVC, se for constituída como elemento de contato dentro de um chassi estruturado, varia de 200 a 400 usos”, aponta Silva. Sua resistência pode variar de 15 a 40 Kn/m², em decorrência da estrutura dos chassis e da quantidade de travamentos. Não há dados disponíveis quanto à produtividade do material.

Fôrmas de PVC garantem melhor acabamento da superfície. Porém são caras e de difícil reciclagem e reparos.

Fôrmas de alumínio

Essa é uma solução que pode ser usada mais vezes, entre 250 a 1000 usos. Sua resistência depende muito da estrutura dos chassis e da quantidade de travamentos, podendo variar de 15 a 50 kn/m2.

De acordo com os engenheiros da Abrasfe, as fôrmas de alumínio só apresentam vantagens. “O material é bastante leve, o que ajuda no transporte e execução dos serviços, aumentando a produtividade da mão de obra. Tem ainda, alto valor na revenda por reciclagem”, lembra Pandolfo, acrescentando que a produtividade vai de 3 a 5,5 m²/hh.

Fôrmas de papelão

Essas fôrmas são mais utilizadas para pilares circulares. E utilizadas uma única vez, porque a desforma é feita cortando a fôrma. “Já existe fabricação para seções quadradas e retangulares”, diz Silva.

A pressão para seção circular é distribuída uniformemente na concretagem de pilares circulares, com diâmetros entre 0,15 m a 1,00 m.

“As fôrmas de papelão permitem a execução de seções circulares com ótimo acabamento. O material é leve, o que facilita o manuseio. Como desvantagem, o custo por metro quadrado executado é alto, já que não há reaproveitamento. Além disso, exige alta quantidade de travamentos externos”, fala Silva. Não há dados disponíveis quanto à sua produtividade.

Fôrmas de chapas fenólicas

As fôrmas de chapas fenólicas podem ser reutilizadas entre 100 a 250 vezes. “Poderia ser a mesma quantidade de reutilizações quando utilizadas com chassi de aço, ou seja, de 50 a 80 usos”, afirma Pandolfo.

Sua resistência varia entre 15 e 40 kn/m², em função da estrutura dos chassis e da quantidade de travamentos.

Essas fôrmas permitem ajustes no local, têm boa durabilidade e qualidade do acabamento. Mas seu reparo não é tão simples. A produtividade das fôrmas chapas fenólicas vai de 2,0 a 3,5 m²/hh, se adotadas com chassis de aço.

Fôrmas plásticas

Dependendo dos cuidados, as fôrmas plásticas permitem grande número de reaproveitamento (de 100 a250 vezes), o que é favorável à sustentabilidade. “Quando utilizadas em lajes, fica eliminada a utilização da chapa de compensado para apoio, gerando melhor acabamento. São produzidas industrialmente”, destaca Silva.

Há, porém, desvantagens. O material exige adequação à determinadas tipologias estruturais, pede o uso forros e paginações de alvenarias e de demais fechamentos horizontais. Expostas ao sol, podem sofrer deformações espelhadas no concreto acabado ou em fugas de nata. A produtividade vai de 1,2 a 2,5m²/hh.

Custos

Os engenheiros da Abrasfe indicam os custos de cada tipo de fôrma, registrados em maio de 2021.

O custo da madeira é de cerca de R$ 800/m³ de madeira, o que resulta em preços médios de R$ 110 a R$ 190/m² fornecidos. Não existe a possibilidade de locação. Com altas repetições e ciclos mais alongados, podem ser competitivas.

As fôrmas de aço podem ser alugadas a preços, por dia, que variam de R$ 0,60 a 2,50/m². Ou compradas por R$ 500 a R$ 900/m².

A locação das fôrmas de PVC vai de R$ 0,70 a 2,50/m² por dia, dependendo da peça.

Em alumínio, a locação diária fica entre R$ 0,70 e 2,50/m² e, para venda, vai de R$ 800 a 1.500/m².

As fôrmas de chapas fenólicas podem ser alugadas por custo entre R$ 0,60 e 2,50/m² por dia. Ou compradas por preços que variam de R$ 500 a R$ 1.200/m².

A locação diária das fôrmas plásticas vai de R$ 0,90 a 2,20/m². Podem ser compradas por R$ 450 a R$ 750/m².

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Colaboração técnica

Alexandre Pandolfo
Alexandre Pandolfo – Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP (1993), com especialização em negócios pela ESPM e pela Fundação Dom Cabral. Acumula passagens em áreas Comerciais, de Marketing e Inovação ao longo dos últimos 25 anos, de empresas como Ulma, Mills- Solaris, Tecnogera, LafargeHolcim e HTB – Hochtief do Brasil. Foi CEO da ConstruLiga. É chefe de Operações da Abrasfe, sócio-diretor da Texta Consultancy & Business Development e Diretor Comercial da Autodoc Tecnologia. É blogueiro, palestrante, mentor/investidor de startups e Business Advisor da Potato Valley Ventures.
Jefferson Carlos da Silva
Jefferson Carlos da Silva – Engenheiro Civil pela Universidade Mogi das Cruzes – UMC (1996) com pós-graduação em Gestão Estratégica de Pessoas pelo Centro Universitário Braz Cubas – UBC (2014). Experiência profissional de 28 anos, atuando na área de escoramento de fôrmas. É consultor de Engenharia na Abrasfe.