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Confira 5 boas práticas para obras com pisos de concreto colorido

Saiba quais são os principais cuidados que se deve tomar na hora de executar pavimentos de concreto com pigmentos, principalmente com relação ao preparo da mistura e ao controle tecnológico

Publicado em: 14/05/2019

Texto: Juliana Nakamura

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Os pisos de concreto colorido possuem baixo custo de manutenção (foto: krolya25/shutterstock)

Durabilidade e baixo custo de manutenção, aliados a um alto impacto estético, são motivos que levam à execução de pisos de concreto colorido. Com aplicações na pavimentação de áreas internas e externas, essa solução tem execução semelhante a de pisos de concreto cinza. No entanto, exige cuidados especiais sobretudo com relação à produção da mistura e ao controle tecnológico.

Confira a seguir algumas práticas fundamentais para uma execução bem-sucedida desse tipo de pavimento.

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1) Selecione criteriosamente o cimento e os agregados

Se for trabalhar com cores mais escuras, pode-se utilizar o cimento cinza normal. Para cores mais claras recomenda-se o cimento branco, que deixa as cores mais vívidas
Arnaldo Forti Battagin

O cimento interfere fortemente na coloração do piso. Por isso, sua tonalidade (branco, cinza-claro, cinza-escuro) deve ser levada em conta na hora da formulação do traço. “Se for trabalhar com cores mais escuras, pode-se utilizar o cimento cinza normal. Para cores mais claras recomenda-se o cimento branco, que deixa as cores mais vívidas”, resume o geólogo Arnaldo Forti Battagin, gerente dos laboratórios da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Embora qualquer cimento possa ser utilizado para a confecção de concreto colorido, é importante evitar o uso de marcas diferentes. Isso porque cada produto possui uma tonalidade específica em função do seu processo produtivo.

Os agregados também merecem uma análise cuidadosa. Afinal, há agregados claros e escuros, finos e grossos. Essas especificidades também influenciam a tonalidade final do concreto.

2) A dosagem é um fator crítico assim como ocorre com qualquer tipo de concreto

Além de interferir na resistência do concreto, a relação água/cimento também é um fator de variação de cor quando falamos em concreto colorido. Daí a importância de rigor com essa medida, que deve ser mantida dentro de limites restritos para garantir o resultado desejado.

Desde que atenda às recomendações do fabricante, o concreto colorido pode ser preparado no canteiro em betoneira.

3) A qualidade do pigmento interfere na durabilidade do piso

A observação do concreto colorido exposto a diferentes condições climáticas e localizações tem mostrado que esses produtos garantem maior durabilidade e resistência
Nitemar Vieira

A escolha do pigmento tem grande impacto na qualidade do concreto colorido. O primeiro passo na hora de selecionar esse componente é decidir se será utilizado um pigmento orgânico ou inorgânico. Os pigmentos inorgânicos, à base de óxido de ferro e de cromo, são os mais utilizados. “A observação do concreto colorido exposto a diferentes condições climáticas e localizações tem mostrado que esses produtos garantem maior durabilidade e resistência”, diz Nitemar Vieira, gerente técnico de aplicações para América Latina na Lanxess.

Os pigmentos orgânicos, por sua vez, costumam apresentar desempenho inferior e exigir um consumo maior de material para obter a tonalidade desejada.

Há normas internacionais que estabelecem requisitos aos pigmentos usados na coloração de artefatos de construção. Vieira cita, como exemplos, a europeia EN 12878 - Pigmentos para a coloração de materiais de construção à base em cimento e/ou cal, e a norte-americana ASTM C 979 - Pigmentos para concreto integralmente colorido.

4) O preparo do contrapiso não pode ser negligenciado

O desempenho do piso de concreto colorido depende diretamente da qualidade do contrapiso. A recomendação é produzi-lo com 1 parte de cimento, 3 partes de areia e 2 partes de pedrisco. “O contrapiso deve possuir até 10 cm de espessura, lembrando que sua espessura vai depender do tipo de utilização do pavimento”, destaca Battagin.

Para bases já existentes, é necessário dar atenção à limpeza, livrando o contrapiso de gorduras, produtos químicos e pó.

Para evitar trincas e fissuras no piso, é necessária a execução de juntas, preferencialmente plásticas, a cada 1,5 x 1,5 m. “Além disso, com o contrapiso ainda no estado fresco, deve-se espalhar uniformemente uma nata (mistura de cimento e água) sobre a base já nivelada”, explica o especialista da ABCP, lembrando que, nessa etapa, pode ser utilizada desempenadeira de aço ou colher de pedreiro em movimentos circulares.

5) Cuidados com a queima e com a cura

Após o preparo da base, inicia-se a queima do piso, que deve ser feita sobre a superfície ainda úmida, pulverizando a mistura seca de pigmento e cimento de maneira uniforme. A espessura do acabamento não deve ultrapassar 2 a 3 mm.

“Também é preciso cuidado com o processo de cura, que deve garantir a superfície úmida pelo período necessário, bem como prever um anteparo para evitar a incidência dos raios solares e ventos”, salienta Battagin.

Concluída a cura, é possível aplicar verniz incolor ou acrílico como proteção mecânica.

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Colaboração técnica

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Nitemar Vieira – Químico com MBA em estratégia de negócios, é gerente técnico de aplicações para América Latina na Lanxess. Possui mais de 25 anos de experiência no desenvolvimento, produção e qualidade dos óxidos de ferro e cromo.
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Arnaldo Forti Battagin – Geólogo pelo Instituto de Geociências da USP, é especialista nas áreas de tecnologia de cimento e concreto, durabilidade e sustentabilidade do concreto, técnicas experimentais e gestão da qualidade. Atualmente é gerente dos laboratórios da Associação Brasileira de Cimento Portland.