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Compra de isolantes e absorvedores acústicos exige projeto acústico. Veja dicas!

Para cada caso há um ou vários materiais que se combinam, dependendo das necessidades do ambiente e do projeto sonoro

Publicado em: 14/12/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

foto de uma pessoa segurando uma espátula e uma tabua com argamassa líquida em cima
(Foto: Shutterstock)

A especificação e a compra de materiais isolantes e absorvedores acústicos dependem da necessidade acústica de cada ambiente, do volume do local e do tipo de programa sonoro que será executado. “Os cálculos permitem definir os quantitativos e, em muitos casos, é preciso combinar materiais acústicos distintos para equilibrar a resposta sonora interna da sala e, ao mesmo tempo, garantir um bom bloqueio das ondas que saem de um ambiente para outro adjacente”, indica o engenheiro e doutor Pablo Giordani Serrano, PhD em Engenharia e Meio Ambiente, titular do escritório Pablo Serrano – Soluções Acústicas e professor do Portal Acústica.


CONCEITOS DE MATERIAIS

Difusores e refletores planos – Parte do som que incide no material pode ser refletido de volta para o ambiente emissor, de forma a espalhar o som, como é o caso dos difusores. Ou, ainda, de forma mais previsível e similar à reflexão luminosa, como é o caso dos refletores planos.

Dica: Quando o objetivo é isolar o som, em geral são empregados materiais densos, sem porosidade, e com espessuras consideráveis, com a função de bloqueio sonoro.

Absorvedores – Um bom material absorvedor é usado em um ambiente para redução do nível sonoro no próprio ambiente, e não influencia fortemente o isolamento acústico para o ambiente adjacente, se utilizado como material de revestimento interno. Colocados dentro de sistemas construtivos modernos, chamados de massa-mola-massa, os materiais de absorção sonora apresentam melhoria no isolamento acústico de partições entre dois ambientes, mas o material absorvedor por si só não tem a função de bloqueio.

Dica: São materiais porosos, fibrosos ou ainda com outras características e perfurações que os tornam bons para evitar a reflexão.

TIPOS DE MATERIAIS

Isolantes acústicos – Os materiais mais populares são chapas metálicas, concreto, tijolos, gesso e outros com alta densidade, como por exemplo o chumbo. Mas existem materiais que, combinados, criam sistemas construtivos isolantes, como paredes de alvenaria com preenchimento de areia ou de vermiculita, e os sistemas de construção a seco baseados em chapas cimentícias, de OSB e de gesso, com lãs minerais de recheio.

Absorvedores – Na linha de materiais de absorção, estão os painéis de revestimento baseados em lãs minerais, naturais ou lãs de material reciclável. Podem ser fibrosos ou, ainda, porosos.

Dica: Se o objetivo é absorver baixas frequências, existem outros tipos especiais que variam a geometria e combinam cavidades com chapeamentos de diversos materiais.

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CRITÉRIOS PARA ESPECIFICAÇÃO

No caso de isolamento sonoro, Serrano recomenda realizar os cálculos para atender requisitos de privacidade, de desempenho ou de conforto. “Para os resultados encontrados, deve-se selecionar uma alternativa em materiais com bom atendimento técnico”, diz.

Já no caso dos absorvedores, é preciso observar os coeficientes de absorção sonora dos materiais obtidos em campo difuso e, também, as modulações e formatos disponíveis comercialmente. Critérios como de flamabilidade e de limpeza, entre outros, devem ser considerados com a equipe de arquitetura.

“As avaliações são feitas, geralmente, em bandas de frequência de oitava, que apresentam valores para cada conjunto de frequências, sendo que a primeira frequência da banda é exatamente metade da última frequência daquela banda, e a faixa entre 250 Hz e 4000 Hz é a mais importantes para a voz humana”, acrescenta.

FORNECEDORES CONFIÁVEIS

Por se tratar de produtos técnicos, o profissional recomenda que o cliente procure um especialista em acústica atualizado, antes de selecionar marcas e modelos de produtos, lembrando a importância de conferir se o consultor tem habilitação em um conselho de classe e bom conhecimento de mercado, para que apresente as opções e catálogos mais atualizados.

As compras devem ser feitas com o projeto acústico em mãos, de maneira a saber exatamente os quantitativos de material acústico necessário, suas marcas e modelos. “É possível, inclusive, simular virtualmente o nível de pressão sonora nos ambientes e tomar decisões de compra baseadas nesses estudos, de forma a prever o comportamento do material antes de adquirir e instalar”, finaliza.

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Colaboração técnica

Pablo Giordani Serrano –É engenheiro e doutor (PhD) pelo Institute of Sound and Vibration Research da Universidade de Southampton (ISVR) – Reino Unido. Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mestrado em engenharia mecânica com ênfase em acústica pela UFSC, membro do ABNT CEE-196 – Acústica, associado ProAcústica. Fundador da empresa Pablo Serrano – Soluções Acústicas e do Portal Acústica (www.portalacustica.info), startup voltada à Educação em Acústica onde é professor, mentor e editor.