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Como usar painéis de ACM em fachadas de edifícios

Projeto adequado, instalação cuidadosa e obediência às normas são fundamentais para o uso de painéis de ACM em fachadas. Saiba como atender a esses requisitos

Publicado em: 08/01/2013Atualizado em: 25/02/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Redação AECweb / e-Construmarket
Matéria publicada em 08/01/2013

Depois da primeira obra de fachada revestida com ACM (Aluminium Composite Material) – a do shopping Ibirapuera, em São Paulo, em 1993 –, o material é recurso encontrado em obras de segmentos e portes variados, de edifícios corporativos, shopping centers e hospitais a pequenas obras, em geral casas retrofitadas para uso comercial. “Metade do volume de consumo do ACM é empregada em pequenas áreas, como frente de lojas, marquises e área interna de ambientes. O restante é usado em revestimento de fachadas, em geral de paredes cegas”, diz Antonio B. Cardoso, diretor da AC&D Consultoria.

Constituído por duas chapas de alumínio anodizado ou pintado, intercaladas por um núcleo de polietileno, o ACM é leve e, ao mesmo tempo, rígido, e colabora com o isolamento térmico e acústico do edifício. É de fácil instalação, versátil e oferecido em várias dimensões que partem de 1.500 mm x 5.000 mm, em espessuras que vão de 3,4 mm a 6 mm. “Já a chapa de alumínio conformada e laminada precisa ser especificada com espessura maior devido à planicidade que o revestimento exige, o que resulta num custo maior. E não seria tão eficiente com relação às propriedades acústicas e térmicas, assim como sua trabalhabilidade”, alerta Cardoso, acrescentando que, mesmo para o ACM, seus projetos recomendam placas com 4 mm de espessura, sendo 0,5 mm interna e outros 0,5 mm externa. A instalação dos revestimentos em alumínio segue os mesmos procedimentos técnicos do ACM.

InstalaÇÃo

Antonio Cardoso ensina que a instalação do ACM pode ser feita em conjunto com a da fachada unitizada, em paredes cegas ou peitoris. “Quando utilizado o sistema unitizado para fachadas cortinas, o fornecedor ‘sobe’ o módulo pronto e a bandeja de ACM. O sistema já é projetado para receber a bandeja de ACM”, diz. A bandeja de ACM é fixada no módulo unitizado e vedada. O silicone não tem aí a função estrutural, mas de vedação. “Evidentemente, que a fachada é projetada para receber as cargas de ventos”, diz.

Os revestimentos das paredes cegas ou do peitoril em todo o perímetro do edifício é, também, uma opção às pastilhas ou pedras. “No Brasil, na maioria dos casos, utiliza-se a técnica de instalação de unir as bandejas de ACM e selar as áreas de encontro com silicone, denominada como junta fechada. Na Europa e Estados Unidos, esse revestimento cumpre o papel de fachada ventilada, com juntas abertas - sistema que a área técnica brasileira não investigou as vantagens ou não valorizou até o momento”, comenta Cardoso. No sistema com junta fechada fica dispensada a impermeabilização da parede, o que não ocorre com o sistema das juntas abertas e o torna um pouco mais caro. “Mas, em contrapartida, o fato de ser ventilada proporciona conforto térmico aos ambientes internos”, recomenda o consultor.

A estrutura de cálculo de ambos os sistemas construtivos merece atenção especial, principalmente quanto à pressão de ventos. Segundo ele, nos painéis unidos e solidários, o efeito do vento é melhor absorvido pelo revestimento. Já na fachada ventilada, o número de travessas será maior, pois os painéis são independentes e, portanto, mais vulneráveis à pressão de ventos. “Com relação à coluna que receberá a fixação das bandejas, as ancoragens devem ser sempre nas vigas de concreto, e não na alvenaria - como se vê muito por aí -, porque ela não oferece a mesma sustentação para a fixação: no tijolo vazado, não vai aguentar a ação de arrancamento. Os pontos de apoio têm que ser tratados como se fosse uma fachada cortina em relação à pressão e sucção”, destaca.

Outro procedimento de segurança é inserir cantoneira nos cantos de 90º das bandejas do revestimento de ACM, para solidificar esse encontro dos painéis. Caso contrário, diante da ação de ventos por essa pequena área o painel pode se abrir, levantando a bandeja.

Norma tÉcnica

Iniciado no ano de 2013, o projeto de norma técnica para revestimentos metálicos, sediado na Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (AFEAL), aborda todos os tipos de painéis metálicos. Parte das regras foram subtraídas da NBR ABNT 10821 – Esquadrias Externas para Edificações. “Por exemplo: as pressões de ventos por regiões do país e em relação às alturas das edificações serão mantidas”, adianta e continua: “Do ponto de vista do arrancamento, tem um aspecto interessante que a norma contempla, como ocorre com a caixilharia, que é a da flecha. Ou seja, o quanto uma pessoa admite olhar para uma placa instalada numa fachada, em dia de vento mais forte, e não se assustar com o movimento dessa placa. Dependendo da movimentação, a sensibilidade do observador é de que há risco da peça se descolar”, explica Cardoso.

O grupo de trabalho coordenado pela engenheira Fabiola Rago construiu naquele período um conjunto de painéis levado a ensaio de laboratório, no Instituto Tecnológico da Construção Civil (ITEC). O objetivo foi analisar o quanto poderia suportar de deformações, para estabelecer uma regra clara. “Observamos uma grande diferença entre o revestimento selado e o aberto”, conta o consultor, que ainda não pode revelar os resultados.

EstÉtica

A otimização do tamanho da placa para a redução de custo com o ACM está subordinada à arquitetura do edifício e layout do revestimento. “Isto é possível numa parede que pouco conversa com o restante das fachadas. Dependendo da área que será revestida, há empresas que fornecem a placa em função do melhor aproveitamento, aliviando o custo final. Em geral, o que predomina é o design da obra, sua furação e alinhamento – é o caso de muitos projetos que pedem a linha das placas, tanto na largura como na altura, concordando com outros elementos da fachada”, diz. Cardoso lembra que, apesar da oferta de ACM em diversas cores, a predominância ainda é pelo tom prata.