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Como usar design thinking para resolver problemas e ser mais inovador?

Focada nas necessidades dos clientes, metodologia permite mapear fragilidades e encontrar soluções de forma colaborativa e empática. Entenda

Publicado em: 11/06/2021Atualizado em: 04/08/2021

Texto: Juliana Nakamura

Design thinking
O processo pode começar com entrevistas e conversas em grupo (Foto: REDPIXEL.PL/Shutterstock)

Embora seja estudado desde os anos 1970, o design thinking vem adquirindo espaço nas corporações, especialmente naquelas com viés de inovação, para apoiar a resolução de problemas e o desenvolvimento de produtos, serviços e processos. Inspirada no modo de pensar democrático e desburocratizado dos designers, a metodologia tem custo de implementação baixo, incentiva a experimentação e valoriza o trabalho colaborativo na busca de novas soluções.

A principal vantagem do design thinking é ser centrada no ser humano, trazendo o usuário ou cliente para o centro da discussão
Rafael Alpire

“A principal vantagem do design thinking é ser centrada no ser humano, trazendo o usuário ou cliente para o centro da discussão”, afirma Rafael Alpire, especialista em gestão do conhecimento e inovação da Engeform Engenharia. Segundo ele, o método gera soluções com propostas de valor maiores. Além disso, auxilia a criação da cultura de inovação, por meio da empatia, colaboração, foco no cliente, prototipagem e testes.

O design thinking pode ser utilizado por empresas que atuam em diferentes mercados, com objetivos variados. “O processo acontece por meio da construção coletiva e colaborativa, com pessoas com experiências diversas, com cargos e pontos de vistas diferentes. Isso possibilita a criação de soluções alinhadas às reais necessidades, capazes de agregar valor ao negócio e aos clientes, sejam eles internos ou externos”, explica Alpire.

APOIO À INOVAÇÃO

Em algumas companhias, o design thinking vem sendo especialmente útil como ferramenta de apoio à estratégia de inovação. Na Engeform Engenharia, por exemplo, o processo começa com um mergulho em uma dor a ser resolvida. São realizadas entrevistas e conversas em grupo, com o intuito de enxergar variados pontos de vista e criar empatia com as pessoas envolvidas. “Após a imersão com o design thinking, pensamos em como resolver a dor e/ou melhorar os processos. Nesse momento, conectamos com a inovação, lançando um desafio aberto para startups e buscando a solução identificada no ecossistema do nosso mercado”, diz Alpire.

Uma vez decidida qual solução será adotada, realizamos uma prova de conceito, gerida através de metodologias ágeis (sprint, scrum, kanban) e com OKR’s (objetivos e resultados-chave) definidos. “A partir desse ponto, é possível expandir a solução para a empresa toda ou regressar para a ideação”, revela o engenheiro.

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DESAFIOS DE IMPLANTAÇÃO

Embora o design thinking seja conhecido por sua acessibilidade, para as empresas que estão iniciando uma jornada de utilização é interessante adotar alguns cuidados. O primeiro deles é criar um ambiente confortável para que as pessoas participem verdadeiramente e exponham seus pontos de vista, sentimentos e ideias.

“Além disso, é interessante começar gradualmente, tomar cuidado com as expectativas criadas pela alta direção e lembrar que a transformação da cultura, em especial no nosso setor, é um pouco lenta”, alerta Alpire. Ele destaca, ainda, a importância de apoiar as equipes e testar vários canais de comunicação até entender qual é o melhor para a empresa.

Capacitar o time com técnicas de liderança e gestão ágil, além de conhecimentos em coleta, estruturação e análise de dados, é fundamental para potencializar e multiplicar os resultados do design thinking
Nathalie Brito

Nathalie Brito, gerente no braço de desenvolvimento imobiliário da Engeform, recomenda também que haja um facilitador com experiência para conduzir os encontros. “Essa pessoa deve ser qualificada para instruir o grupo nas dinâmicas e manter as discussões e colaborações alinhadas ao objetivo mapeado. Para isso, é importante investir na capacitação desses facilitadores ou na contratação de um terceiro especializado para apoiar nessas sessões”, sugere.

A capacitação de toda a equipe, aliás, é um fator de sucesso para o uso da metodologia. “Capacitar o time com técnicas de liderança e gestão ágil, além de conhecimentos em coleta, estruturação e análise de dados, é fundamental para potencializar e multiplicar os resultados do design thinking”, conclui a engenheira.

As 5 principais etapas do design thinking

1. Empatia e compreensão — Envolve escutar o usuário para compreender suas dores.

2. Definição de problemas — Busca delimitar a questão a ser resolvida pela ótica dos usuários.

3. Ideação — É o momento de “pensar fora da caixa” para identificar soluções para os problemas listados.

4. Elaboração de protótipo — Após a escolha de ideias, é hora de criar modelos para teste. São desenvolvidos protótipos para avaliação.

5. Teste — Os profissionais finalmente testam os protótipos e avaliam sua eficácia.

Colaboração técnica

Nathalie Brito
Nathalie Brito — Engenheira civil formada pela Unicamp, mestre em Inovação na Construção Civil pela USP. É gerente de imobiliário na Engeform Desenvolvimento Imobiliário.
Rafael Alpire
Rafael Alpire — Engenheiro civil formado pela Universidade Federal de São Carlos, com graduação sanduíche na Universidade de Granada, Espanha. Está à frente da área de gestão do conhecimento e inovação da Engeform Engenharia.