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Como especificar esquadrias com foco em desempenho?

Estanqueidade, eficiência energética e resistência são critérios que devem pautar a escolha de esquadrias para uso comercial e residencial

Publicado em: 25/08/2020

Texto: Juliana Nakamura

esquadrias
As esquadrias permitem melhor aproveitamento da iluminação e ventilação naturais (foto: JP WALLET/shutterstock)

As esquadrias são elementos de vedação que exercem múltiplos papéis nas edificações. Além da funcionalidade, com destaque para o aproveitamento da iluminação e da ventilação naturais, esses componentes são decisivos para assegurar estanqueidade à água, resistência às cargas de ventos, segurança e a privacidade.

O desempenho térmico e acústico das construções também é fortemente influenciado pelo comportamento dos caixilhos. Para os projetistas, um desafio, em especial, é encontrar o equilíbrio no dimensionamento da abertura, fundamental para promover a ventilação natural, e o grau de fechamento, crucial para o isolamento acústico.

COMO ESPECIFICAR

Em um edifício, o conjunto formado por caixilhos e vidro é um dos pontos mais suscetíveis a sofrer perdas de energia por transferência térmica. Para manter os níveis de conforto adequados e diminuir o consumo de energia, podem ser combinadas estratégias de que vão da escolha de perfis que garantam boa vedação ao uso de vidros duplos.

A busca pela eficiência energética passa pelo uso de esquadrias escolhidas de acordo com a área de iluminação e ventilação, a orientação solar e o tamanho dos cômodos. As peças também precisam estar de acordo com a zona bioclimática onde a construção se insere, lembrando que uma solução com bom desempenho térmico para uma região, pode não ter o mesmo efeito desejado em outro local. Altura da edificação, sistemas construtivos empregados e exposição aos ruídos externos são outros fatores que também merecem ser analisados.

No Brasil, controlar a radiação solar que incide nas construções é fator crítico para a garantia de projetos eficientes. Por isso são tão recomendados e usuais os elementos de sombreamento que podem ser dispositivos móveis, como venezianas, persianas, cortinas, ou fixos, como beirais e brises. A depender das necessidades específicas do projeto, especialmente no caso de fachadas envidraçadas, pode ser necessária a inserção de vidros insulados duplos ou de controle solar que proporcionam significativa redução da passagem de calor para os interiores.

ZONAS BIOCLIMÁTICAS

No momento da especificação de esquadrias para janelas, a referência mais importante é a ABNT NBR 10.821:2017 - Esquadrias para Edificações. Esta norma abrange os caixilhos fabricados em aço, alumínio, PVC e madeira.

“Além disso, o cumprimento aos requisitos das normas pelos fabricantes deve ser comprovado por programas de qualidade, como o Programa Setorial de Portas e Janelas de Correr de Alumínio (PSQ), ou por relatórios de ensaios realizados em laboratórios acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro)”, afirma a arquiteta Magda Reis, consultora da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e do Instituto Tecnológico da Construção Civil (Itec).

Outra norma a ser atendida é a ABNT NBR 15.575 - Desempenho de edificações habitacionais. O texto determina que todos os sistemas que compõem uma construção, incluindo as esquadrias, devem atender a um dos níveis de desempenhos estipulados: mínimo (obrigatório), intermediário ou superior.

ORIENTAÇÕES PARA COMPRA

Há uma série de práticas recomendadas para apoiar a escolha de um fornecedor de esquadrias. No caso das construtoras, o departamento de suprimentos precisa se limitar a adquirir somente produtos de fornecedores que apresentem comprovação de qualidade.

O processo de aquisição dos caixilhos deve contar, ainda, com o envolvimento dos departamentos de suprimentos, de projetos e de qualidade. “Essa medida visa garantir obediência à especificação previamente definida pelo projetista ou pelo consultor especializado”, finaliza a arquiteta Magda Reis.

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Colaboração técnica

Magda Reis – Arquiteta e urbanista com mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo (FAU-USP). É consultora da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e do Instituto Tecnológico da Construção Civil (Itec).