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Como especificar brises pré-fabricados de acordo com incidência solar?

Verticais ou horizontais, mecânicos ou automatizados, esses dispositivos arquitetônicos agregam beleza à fachada, além de conforto térmico e privacidade ao interior. Entenda o que é importante considerar

Publicado em: 11/07/2019

Texto: Juliana Nakamura

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Os brises-soleils contribuem para o melhor aproveitamento da luz natural nos edifícios (foto: josefkubes/shutterstock)

Fortemente identificados com a arquitetura modernista brasileira, os brises-soleils são dispositivos que desempenham múltiplos papéis. O principal deles é o controle solar, permitindo reduzir as cargas térmicas dentro dos ambientes.

Com lâminas horizontais ou verticais, os brises também contribuem para a distribuição da luz natural nos interiores, auxiliando no conforto luminoso. Esses anteparos podem, ainda, atuar como elementos decorativos impactantes, já que são instalados externamente à edificação e podem ser fabricados em diferentes materiais e cores. Como são vazados, os brises são capazes de proporcionar efeitos visuais únicos por conta do jogo entre luz e sombra.

A indústria disponibiliza modelos pré-fabricados de madeira, alumínio, aço e policarbonato. Também é possível encontrar brises de concreto, cerâmica, bambu, entre outras matérias-primas, produzidos sob medida. Eles estão presentes em projetos residenciais, comerciais e institucionais.

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CRITÉRIOS DE ESPECIFICAÇÃO

A escolha do brise mais adequado para um projeto requer a análise de uma série de fatores. O arquiteto Marcelo Barbosa, sócio do Bacco Arquitetos, cita como exemplos o índice de controle solar, a visibilidade externa desejada pelos usuários, a composição da fachada e o orçamento da obra. “Há de se levar em conta, ainda, as especificidades do local de instalação, por exemplo, se há exposição à maresia”, ressalta.

A especificação e o dimensionamento devem ser precedidos de um estudo detalhado sobre a insolação no imóvel. Isso porque as fachadas voltadas para norte, sul, leste ou oeste recebem raios solares em angulações diferentes, exigindo diferentes soluções de controle. De modo geral, para as faces que recebem insolação mais a pino, os brises com lâminas horizontais costumam ser mais indicados.

“Além de fatores técnicos, o brise deve ser adequado ao conceito arquitetônico”, salienta o arquiteto Marcus Vinícius Damon, sócio do Estúdio Módulo. Ele lembra que brises de madeira costumam ser boa pedida para residências, por sua aparência mais acolhedora e toque agradável. Já soluções metálicas acabam sendo mais apropriadas a projetos que remetem à industrialização e que exigem maior facilidade de manutenção, como em fábricas e prédios institucionais.

Além de fatores técnicos, o brise deve ser adequado ao conceito arquitetônico
Marcus Vinícius Damon

BRISES FIXOS E MÓVEIS

Os brises podem ser classificados em função de sua mobilidade. Os modelos fixos, mais econômicos, devem ser rigorosamente projetados de acordo com a exposição solar. Já os brises móveis, por serem mais flexíveis, são considerados mais eficientes. Isso porque suas aletas podem se mover e se ajustar conforme a mudança da incidência solar, garantindo proteção em diferentes períodos do ano.

Nos últimos anos, um dos principais focos de desenvolvimento tem sido os brises móveis ou controlados eletronicamente. A vantagem da automatização é assegurar o melhor ajuste das aletas para o melhor desempenho do brise.

“Os brises controlados eletronicamente podem ser uma solução muito interessante para que haja controle do sol e das vistas das salas internas. Também são uma solução oportuna para que a fachada se transforme ao longo de dia, não de forma gratuita e aleatória, mas para controlar a incidência solar com objetividade”, diz Damon.

Os cuidados para manutenção de brises dependem, fundamentalmente, de sua matéria-prima. Mas independentemente disso, “é sempre importante prever um espaço mínimo de manutenção e limpeza desses elementos, principalmente para obras de grande porte”, comenta a arquiteta Monise Rosa. Segundo ela, o ideal é que haja um afastamento mínimo de 60 cm para acesso.

APLICAÇÕES PRÁTICAS

É sempre importante prever um espaço mínimo de manutenção e limpeza desses elementos, principalmente para obras de grande porte
Monise Rosa

Os arquitetos do Estúdio Módulo especificaram brises de alumínio para o primeiro edifício-sede do Ágora Tech Park, parque tecnológico situado em Joinville, SC. Marcus Vinicius Damon conta que o objetivo foi proteger o interior da insolação, garantir unidade à fachada e ainda proporcionar uma vista contemplativa para quem trabalha no interior do prédio.

Já no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins (MG), a escolha recaiu sobre um brise em membrana perfurada. Segundo o arquiteto Marcelo Barbosa, a solução foi utilizada também por permitir a refração da luz, além de permitir a visão da pista pelos passageiros no interior do terminal.

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Colaboração técnica

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Marcelo Consiglio Barbosa – Mestre e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP e pela FAU-Mackenzie, respectivamente. É sócio do escritório Bacco Arquitetos Associados e professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
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Marcus Vinicius Damon – Arquiteto e urbanista formado pelo Mackenzie, com mestrado pela FAU-USP. Dirige a escola de cursos livres Cura (Cursos de Representação Arquitetônica) e o Estúdio Módulo Arquitetura.
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Monise Rosa – Arquiteta e urbanista formada pela Fundação Armando Álvares Penteado. Está à frente do escritório que leva o seu nome, em São Paulo, onde realiza projetos residenciais, comerciais e corporativos.