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Como escolher e implementar sistemas de segurança residencial?

Entender sobre a correta disposição de câmeras e sensores de presença é uma das premissas do projeto, que deve considerar ainda as particularidades do empreendimento

Publicado em: 10/04/2019

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Ao definir as soluções de segurança, é importante escolher de maneira criteriosa os equipamentos  (foto: yoshi0511/ Shutterstock)

Associar sistemas de segurança residencial somente a empreendimentos de alto padrão é algo que vai ficando no passado. O mercado atual oferece produtos de alta tecnologia que podem ser adquiridos por meio de diferentes modelos de negócios. “Com menos de R$ 200,00 por mês é possível ter um alarme monitorado e com acesso via aplicativo instalado no celular”, informa Robert Wagner, especialista em Segurança da ADT.

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Nesse tipo de serviço, não existe a necessidade de investir na compra dos equipamentos. Através de contrato de comodato, o responsável pelo imóvel paga as mensalidades, recebe os aparelhos e tem direito às futuras manutenções. Assim, há economia tanto no momento de instalar o sistema quanto no período de uso, além da garantia de que todas as soluções estarão funcionando adequadamente.

Para assegurar a segurança residencial, os equipamentos utilizados com maior frequência são as câmeras e alarmes. Existe ainda a alternativa integrada, que mescla ambos e inclui elementos de automação. “Essa opção pode acionar automaticamente uma lâmpada quando a pessoa está se aproximando de casa, evitando assim qualquer tipo de surpresa escondida no escuro”, exemplifica Wagner.

As câmeras estão bastante presentes em condomínios, auxiliando o profissional da guarita no controle de acessos e no acompanhamento do que acontece nas demais áreas. “Outra solução eletrônica é o software para cadastro de moradores e visitantes”, complementa o engenheiro Chen Gilad, co-CEO do Grupo Haganá.

Projeto de segurança

A definição das soluções de segurança passa pela análise das características do empreendimento. “A quantidade de apartamentos e a previsão de fluxo são dados primordiais para se decidir pelo modelo de sistema que será usado no controle de acesso”, destaca Gilad, lembrando que, na atual realidade, todo tipo de condomínio tem sido alvo de criminosos, independentemente do padrão ou local.

Com menos de R$ 200,00 por mês é possível ter um alarme monitorado e com acesso via aplicativo instalado no celular
Robert Wagner

A escolha dos equipamentos precisa ser criteriosa, pois alguns produtos não têm regulamentação e estão disponíveis em diversas variações. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) certifica certas soluções, como as sem fio, e, nesse caso, o ideal é optar pelos produtos aferidos pela entidade. “Em relação ao serviço, há o selo de qualidade da Associação Brasileira das Empresas de Segurança Eletrônica (Abese)”, diz Wagner.

Além da boa condição dos equipamentos, o projetista tem que saber como usá-los, afinal, aqueles indicados para espaços internos são diferentes dos instalados nas áreas externas. É preciso, ainda, que entenda as ambições do morador – se quer só uma câmera para acompanhar o que acontece em sua casa ou um sistema de alarme para o caso de invasões.

O suporte técnico disponível é outra variável que precisa ser analisada na fase de especificação dos produtos. Optar por modelos que saíram do mercado pode ser um problema em caso de defeitos. “Com o sistema de segurança indisponível, o imóvel fica em risco. Os equipamentos precisam funcionar permanentemente”, destaca Wagner.

Integrando ao projeto do imóvel

As soluções de segurança devem ser pensadas na fase inicial do projeto do empreendimento, o que torna possível prever toda a tubulação por onde passará a fiação, além da quantidade e posicionamento de tomadas. “Afinal, as câmeras ficam no alto e, geralmente, as casas não têm pontos de energia nessa posição”, comenta Wagner. A compatibilização entre projetos de segurança e elétrico facilita bastante o trabalho.

Segundo Gilad, é um erro clássico deixar para o condomínio investir nesses produtos enquanto a ocupação cresce. “Isso porque a maior parte do fluxo inicial de um residencial é de pessoas pouco conhecidas, principalmente, prestadores de serviço nas unidades realizando obras ou instalações”, adverte.

Soluções sem fio

Em imóveis unifamiliares já existentes, é possível optar por equipamentos sem fio, que dispensam infraestrutura sofisticada e têm adaptação simples. “Graças ao avanço tecnológico, não existem diferenças de desempenho entre o sistema cabeado e o sem fio”, afirma Wagner, comentando que as soluções wireless mais modernas fazem uma série de checagens para verificar se algum sensor foi tirado de posição ou se alguém tentou danificá-los.

Posicionamento de câmeras

Não se pode esperar dez dias para trocar uma câmera que não funciona
Chen Gilad

Para segurança preventiva em condomínios, as câmeras sempre devem mostrar aqueles que querem entrar e não os que já estão dentro. “Por este motivo, equipamentos na área de acesso e nas regiões perimetrais são prioridade”, recomenda Gilad. Com o objetivo de evitar vandalismo, furtos e até agressões no interior do residencial, câmeras também podem ser colocadas em elevadores, halls, brinquedotecas, entre outros ambientes.

Para o equipamento instalado em imóveis unifamiliares com o objetivo de identificar quem está chegando, a recomendação é colocá-lo no canto oposto ao da porta. “Se ela abre para a esquerda, a câmera vai do lado direito. Assim, quando a pessoa entrar será possível ver o rosto dela”, explica Wagner. Já quando o desejo for por uma visão geral de determinado ambiente, a solução deve ser posicionada onde terá o melhor ângulo.

É importante considerar que os produtos têm alcance variável, ou seja, existem os que gravam com visão ampla e outros que fazem imagens mais objetivas. Essa característica é definida pelo sensor interno e lente da câmera. Também existem os equipamentos com a tecnologia de visão noturna, que permite a gravação de imagens mesmo na ausência de luz.

Disposição de sensores de presença

Segundo Wagner, a disposição inadequada dos sensores de presença está entre os erros mais comuns no mercado. “Um leigo acredita que esse equipamento opera como se fosse um olho, sendo disparado quando alguém passa pela porta. Assim, ele deveria ser colocado de frente para a entrada. Mas o funcionamento não é assim”, detalha.

Os sensores dividem o ambiente em faixas de detecção, sendo que percebem o movimento quando alguém passa de uma faixa para a outra. “Se deixar o equipamento de frente para a porta, existe a chance de a pessoa andar na direção dele sem acioná-lo, porque ficou dentro da mesma faixa. Agora, se posicioná-lo de lado para a entrada, quando alguém passar, vai atravessar os feixes e será detectado”, completa.

A altura também influencia o funcionamento dos aparelhos. Se a medida indicada pelo fabricante for desprezada, a lente não dividirá as faixas da maneira correta. “Então, pode ser que alguém até consiga entrar se arrastando pelo chão sem ser detectado”, avisa Wagner. Além do movimento entre os feixes, o equipamento também percebe a presença no ambiente por meio da análise do calor corporal — verificado com o uso de infravermelho.

“Quando se ouve alarme tocando e descobre que não foi nada, a causa corriqueira é o vento”, comenta Wagner. Para a corrente de ar ativar o sistema, ela deve ter certa velocidade e temperatura parecida com a do corpo humano (em torno de 36 °C). A prevenção desse problema pode ser feita com o uso de equipamentos mais avançados, que fazem uma terceira leitura: a de micro-ondas que reagem com a água. “Apesar de o ar conter umidade, não é em nível suficiente para ativar o sensor”, diz.

Erros em condomínios

De acordo com Gilad, o erro mais comum em condomínios é a utilização inadequada do sistema de controle de acesso. “A ausência de uma boa proteção perimetral é outro problema frequente. Na parte estrutural, a falta de uma área correta para a recepção de encomendas e identificação de visitantes também tem sido problema recorrente”, analisa.

Manutenção

Ambos os profissionais concordam que é de extrema importância manter contrato de manutenção para os sistemas de segurança residencial. “Os equipamentos eletrônicos costumam apresentar problemas, e o tempo de conserto, ou até mesmo substituição imediata, devem ser levados em consideração. Não se pode esperar dez dias para trocar uma câmera que não funciona”, fala Gilad.

“Antigamente, quem tinha um alarme precisava entrar em contato com as empresas para se certificar de que o sinal estava chegando até as centrais de monitoramento. Como dependia da proatividade do usuário, se ele demorasse a fazer a ligação, o sistema podia estar sem funcionar e ninguém ficar sabendo”, lembra Wagner. Atualmente, existem soluções que fazem o autodiagnóstico, ou seja, se o sistema detecta alguma anomalia, ele ascende uma luz de alerta, emite sinal sonoro e envia mensagem para o celular do morador.

Novidades

Com o avanço tecnológico, cada vez mais novas opções de segurança residencial chegam ao mercado. A integração dos equipamentos com os smartphones e a gravação na nuvem das imagens feitas pelas câmeras — evitando perder o vídeo caso os invasores destruam os gravadores — já são realidade. Também estão disponíveis sistemas contra arrombamentos, que funcionam 24 horas sem a necessidade de habilitá-los ou desabilitá-los, além de soluções que permitem aos moradores visualizar praticamente em tempo real e através de aplicativos as imagens da guarita e dos acessos de pedestres e veículos.

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Colaboração técnica

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Robert Wagner — Bacharel em Administração formado pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, técnico em Processamento de Dados pela ETEC Fernando Prestes e pós-graduado em Gestão Estratégica de Pessoas pela Universidade Nove de Julho. Tem oito anos de experiência em segurança e mais de 15 anos de experiência em treinamentos em diversos segmentos como educação, consultoria, fast-food, varejo e trade marketing.
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Chen Gilad — Engenheiro Civil com foco em segurança patrimonial e antissequestro. Tem mais de 20 anos de experiência na área de segurança patrimonial, residencial e corporativa. Palestrante e fonte de conteúdo no setor de segurança e moedas digitais, ocupa a posição de co-CEO no Grupo Haganá, onde é responsável pelos departamentos Comercial e Operacional e grandes parcerias com empresas do mercado imobiliário. É professor da Escola de Economia da FGV, no curso Introdução às Criptomoedas e Blockchain.