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Como comprar revestimentos aderidos de fachadas?

A compra desses produtos, executados com argamassas de base cimentícia, requer projeto e atendimento às normas técnicas. Confira dicas para acertar na escolha!

Publicado em: 10/01/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

foto de uma pessoa segurando uma espátula e uma tabua com argamassa líquida em cima
(Foto: Shutterstock)

Os diversos tipos de revestimentos de fachadas, executados com diferentes materiais e técnicas construtivas dão acabamento e protegem as fachadas das edificações. “Definidos na concepção do projeto de arquitetura, representam uma barreira contra a ação das intempéries e auxiliam no isolamento térmico e acústico da vedação externa”, informa a engenheira e especialista em revestimentos aderidos Luciana Maciel, diretora da consultoria The.Eng.

Leia também: Materiais para revestimentos de fachadas, uma escolha criteriosa

Aderidos e não aderidos

Essas nomenclaturas se referem à forma de aplicação dos revestimentos nas fachadas. Os aderidos convencionais são executados com argamassas de base cimentícia, que ganham resistência e aderência à vedação externa durante a secagem do material.

“É importante conhecer o processo de aderência, envolvendo as características da argamassa e da base, e a forma de aplicação para especificar corretamente o sistema de revestimento e as técnicas de execução. Dessa forma, é possível garantir a integridade e a durabilidade do revestimento ao longo do tempo”, recomenda.

Já a fixação dos revestimentos não aderidos é feita com a utilização de perfis estruturais e inserts, devidamente dimensionados para o tipo de revestimento. “Neste caso, o revestimento fica afastado da base, sendo identificado como um sistema de fachada ventilada”, fala a engenheira.

Tipos de revestimentos aderidos

Os tipos abrangem os revestimentos de argamassa, denominados emboço, que podem ter o acabamento em pintura, textura ou placa cerâmica. Podem ser entendidos como um sistema composto por camadas sobrepostas, formando um conjunto de comportamento monolítico, aderido à vedação externa.

“Esse sistema pode ser comparado aos elos de uma corrente, que devem permanecer solidarizados, pois, se um dos componentes falhar, todo o conjunto pode ficar comprometido. No caso do acabamento em pintura ou textura, é aplicado um selador sobre o emboço, seguido das demãos necessárias de tinta ou textura”, ensina Maciel.

A fixação de placas cerâmicas pede a execução de emboço e, sobre ele, a aplicação da argamassa colante. “Ela tem na sua composição aditivos químicos para proporcionar a melhoria de algumas propriedades, como a retenção de água, plasticidade e aderência”, destaca.

Emboço com acabamento em pintura

A camada superficial de tinta é aplicada em demãos sobre um fundo preparador, previamente executado em todo o emboço. Esse fundo forma uma película aderente, com espessura de aproximadamente 1 mm e acabamento liso.

Mas, atenção: não é indicada para edificações em condições de exposição muito severas, pois pode fissurar, descascar ou formar bolhas. Normalmente, essa solução exige maior frequência das manutenções preventivas.

“Porém, hoje existem no mercado tintas de alto desempenho, desenvolvidas com tecnologias para proporcionar maior resistência aos raios UV, permeabilidade ao vapor de água, flexibilidade, hidrorrepelência, com propriedades autolimpantes que promovem a integridade e durabilidade das fachadas”, indica a especialista.

Emboço com acabamento em textura

Aplicada sobre um fundo preparador, a textura forma uma camada aderente que pode ter diferentes acabamentos decorativos, como o rolado, travertino, raspado, riscado, grafiato, entre outros. A espessura varia ente 2 e 3 mm, a depender do tipo de acabamento.

“Normalmente, as texturas são produzidas com resinas acrílicas e oferecem alta proteção à fachada. Há, também, no mercado texturas de alto desempenho, desenvolvidas com compostos elastoméricos. Elas aumentam a elasticidade do material e evitam a formação das fissuras, proporcionando maior durabilidade ao revestimento”, informa Maciel.

Revestimentos cerâmicos

Existem vários tipos e formatos de placas cerâmicas, que são aderidas ao emboço com a utilização de argamassa colante. As juntas entre as placas são preenchidas com rejunte e as juntas de movimentação são preenchidas com selante.

A especialista alerta que esses materiais devem ser adequados às condições de exposição da fachada. As placas cerâmicas devem apresentar baixa absorção e baixa expansão por umidade (EPU). A argamassa colante deve ser do tipo ACIII flexível, para resistir às tensões ao longo do tempo, sem apresentar descolamento. O rejunte deve ser do tipo II, mais flexível. O tipo de selante deve ser especificado de acordo com a necessidade de movimentação da junta.

Normas, projeto e especificação

Independentemente do tipo de revestimento escolhido, a especificação e projeto devem atender às normas técnicas dos materiais, sendo 12 as principais. E, também, aos requisitos da Norma de Desempenho ABNT NBR 15575-4:2013, para os sistemas de vedações verticais internas e externas, abrangendo:
- Limitação de deslocamentos, fissuras e descolamentos;
- Estanqueidade à água;
- Desempenho térmico e lumínico;
- Desempenho acústico;
- Durabilidade e manutenibilidade – vida útil.

“A escolha do revestimento precisa levar em consideração as condições climáticas presentes no local da obra e as características do sistema estrutural e de vedação externa da edificação”, orienta.

Tudo é avaliado pelo projeto do revestimento que, inclusive, deve ser desenvolvido de forma integrada com os demais projetos do edifício. Cabe ao projetista apresentar as especificações de todos os materiais, os detalhes das interfaces com os outros sistemas e as diretrizes técnicas de execução.

Dica: A norma NBR 13755:2017 apresenta a técnica de aplicação da argamassa colante em função do tamanho da placa cerâmica. Para placas com área superior a 900 cm2, a norma indica o atendimento a condições especiais de aplicação, que incluem materiais com desempenho superior e devem ser definidas em projeto em comum acordo entre o fabricante da argamassa colante e das placas cerâmicas. “Assim, em muitos casos, para essas placas denominadas ‘grandes formatos’ ou lastras, é recomendada a execução no sistema de fachada ventilada”, diz.

Como comprar

Além de seguir as especificações do projeto, é fundamental solicitar ao fabricante a ficha técnica dos itens, onde constam as propriedades dos materiais em conformidade com os requisitos das normas técnicas aplicáveis. “Aqueles que obedecem às normas têm esses documentos disponíveis”, fala a especialista.

Outro passo importante é a validação dos materiais especificados, com a execução prévia de painel protótipo do revestimento de argamassa na própria na obra. “Deve ser executado na fachada, com dimensões de cerca de 2,0 x 2,0 m e 3 cm de espessura sobre o substrato chapiscado (alvenaria e estrutura). Os ensaios de aderência por laboratório especializado precisam ser realizados 28 dias após a execução dos painéis. São 12 corpos-de-prova por tipo de base (estrutura e alvenaria) para cada painel”, expõe.

foto de uma pessoa segurando uma espátula e uma tabua com argamassa líquida em cima


foto de uma pessoa segurando uma espátula e uma tabua com argamassa líquida em cima


Devem ser aplicados todos os materiais, argamassas, rejuntes, cerâmica, selantes e texturas, para verificar as características durante a aplicação e após a conclusão. Os resultados dos ensaios realizados irão indicar o atendimento aos requisitos das normas nas condições de execução na obra.

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Colaboração técnica

Luciana Maciel – É Engenheira Civil pela Universidade Federal da Bahia – UFBA (1994), mestre em Engenharia Civil (1997) e doutoranda pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP. Projetista de revestimentos de fachada em argamassa e cerâmica desde 1998; consultora em sistemas de gestão integrada – Qualidade, Segurança e Meio Ambiente desde 1998; consultora e auditora da qualidade, meio ambiente e segurança (ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001). Autora dos livros “Projeto e Execução de Revestimento de Argamassa” e “Projeto e Execução de Revestimento Cerâmico” da editora O Nome da Rosa. É diretora da THE.ENG, empresa de consultoria em engenharia, desde 2015.