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Como comprar esquadrias padronizadas de alumínio? Entenda

Produtos ganharam espaço em grandes projetos de construtoras e incorporadoras, porém a escolha deve ser norteada pelos laudos laboratoriais que atestam qualidade e desempenho

Publicado em: 19/02/2019Atualizado em: 14/12/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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As esquadrias de alumínio devem atender às exigências da ABNT NBR 10821 (shutterstock.com / yampi)

A indústria de esquadrias padronizadas de alumínio progrediu bastante nos últimos anos. Os caixilhos, antes restritos às lojas de materiais de construção, agora também são comercializados diretamente com as construtoras para atender grandes obras. “Sem depender dos sistemistas ou fornecedores de perfis, os fabricantes têm liberdade de dimensionar os produtos de acordo com as necessidades dos clientes”, diz Edson Fernandes, presidente da Associação Brasileira de Indústrias de Esquadrias (ABIE).

Confira no Portal AECweb fornecedores de esquadrias padronizadas

“Acompanho este setor há muito tempo e a evolução tem sido fantástica. Não somente nos produtos, mas também no moderno modelo de gestão”, destaca o consultor e professor Joaquim Ramalho, reitor na Universidade Corporativa Unianamaco. O crescimento é tamanho que algumas empresas alteraram seu modelo de negócios e, atualmente, preferem atender exclusivamente construtoras e incorporadoras.

Acompanho este setor há muito tempo e a evolução tem sido fantástica. Não somente nos produtos, mas também no moderno modelo de gestão
Joaquim Ramalho

Os fornecedores que mais se destacaram no período foram aqueles que orientaram suas operações pela constante busca da melhoria da qualidade. “Algumas empresas montaram câmaras de ensaio dentro da própria indústria”, ressalta o docente. Assim, esses fabricantes fizeram com que suas linhas próprias deixassem de ser produto popular e se transformassem em solução de alto desempenho, marcando presença em edificações comerciais e fachadas.

TIPOLOGIAS

No passado, todo fabricante de caixilhos padronizados produzia suas peças com medidas pré-definidas, de maneira seriada e em larga escala. Agora, parte do mercado passou a oferecer também produtos com medidas especiais, elaborados em função do volume necessário a cada obra. “Ao invés de padronizados, podemos chamá-los de fabricantes com linhas próprias”, diz Fernandes.

A produção efetiva dessas esquadrias é antecedida por trabalho de pesquisa realizado pelo departamento técnico das empresas, responsável pelo desenvolvimento dos produtos. Antes de serem disponibilizadas no mercado, as peças devem passar por ensaios laboratoriais que atestarão o atendimento às normas. “Em certos casos, esses caixilhos têm desempenho muito acima da norma, por exigências de consultores/arquitetos”, fala Fernandes.

Para estar de acordo com as variadas demandas de sombreamento e ventilação, além do controle térmico e acústico, existem diferentes tipologias de esquadrias. “Alguns exemplos são as janelas de correr de duas ou mais folhas, maxim-ar, integradas, basculantes e com movimento composto”, exemplifica Fernandes, lembrando que a especificação deve ser feita de acordo com cada projeto e visando proporcionar conforto aos usuários.

De acordo com o presidente da ABIE, todos os produtos dessa indústria são comercializados completos, ou seja, com vidros e demais componentes. “Graças ao processo realizado em ambiente industrial, a qualidade de vedação e estanqueidade é assegurada pelos rígidos processos de controle interno”, destaca.

COMPROVAÇÃO DA QUALIDADE

Graças ao processo realizado em ambiente industrial, a qualidade de vedação e estanqueidade é assegurada pelos rígidos processos de controle interno
Edson Fernandes

A comprovação da qualidade da esquadria é feita por meio de laudos obtidos após ensaios, de acordo com a ABNT NBR 10821. Ao submeter determinada tipologia aos testes, normalmente, o fabricante não envia ao laboratório todos os produtos de determinada linha, mas sim aquele que tem as maiores medidas — desde que mantido o mesmo projeto técnico. “Se a peça com grande área de contato atende aos pré-requisitos, as versões em tamanhos menores serão tão ou mais eficientes”, explica Fernandes.

Ele conta que há pleito no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para regulamentação compulsória das esquadrias. “A obrigatoriedade será de extrema importância para o consumidor, afinal, existe histórico de graves acidentes causados pela não conformidade de portas e janelas”, diz. Se aprovada, a medida forçará todo fabricante a demonstrar o desempenho de seus produtos e para qual aplicação é indicado.

Os riscos de adquirir produtos fora de norma são diversos e podem atingir até mesmo a construtora. “A partir de uma não conformidade observada, todos na cadeia de fornecimento são responsáveis civil e criminalmente. Existe ampla legislação a respeito e vêm surgindo advogados especializados no assunto”, adverte Fernandes.

Os fabricantes que colocam no mercado esquadrias produzidas em não conformidade com a norma estão sujeitos a várias penas. As punições variam desde sanções por parte de órgãos reguladores ou agentes financeiros e vão até questões judiciais por conta de infiltração, dano ao patrimônio ou lesão corporal. “Existe histórico de óbitos decorrentes da não conformidade de esquadrias”, ressalta Fernandes.

Programa setorial da qualidade

Atualmente, há 19 sistemas de perfis homologados pelo Programa Setorial de Portas e Janelas de Correr de Alumínio (PSQ), sediado na Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (AFEAL), com duas empresas qualificadas e 12 atreladas — empresas que produzem janelas a partir de sistemas homologados pelo programa e que são conhecidas como Multissistemas. Os Relatórios Setoriais do programa são disponibilizados periodicamente no site do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H).

MOMENTO DA COMPRA

Ao comprar caixilhos padronizados para o seu projeto, a construtora precisa, inicialmente, avaliar qual tipo de produto se adequa às especificações técnicas da obra. “É essencial o envio da planta da edificação, a região onde será a obra, as medidas dos vãos e o sistema de instalação que será empregado. Com estas informações, a empresa conseguirá dimensionar o produto que atenderá corretamente a demanda do empreendimento”, destaca Fernandes.

Também é fundamental analisar a reputação que o fabricante tem no mercado, conferindo seu compromisso com as normas técnicas e buscando os laudos de ensaios do produto. Ao especificar a esquadria, a construtora deve contar com profissional capacitado, pois, devido à diversidade de opções no mercado, o especialista precisará equalizar as alternativas para fazer uma cotação tecnicamente isonômica.

“Vemos muitas compras erradas decorrentes da falta dessa avaliação por parte da construtora, associada ao fornecedor que pode não ter a informação correta da necessidade do projeto/obra”, indica o presidente da ABIE.

TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO

A construtora precisa se preocupar com a logística e armazenamento do produto no canteiro ao negociar com os fornecedores. De preferência, os caixilhos devem ser entregues na obra o mais próximo possível do momento de instalação. Tanto no transporte quanto no armazenamento, a recomendação é que as peças sejam embaladas e paletizadas, minimizando assim os riscos de sofrerem danos estéticos ou estruturais.

As embalagens cumprem o papel de proteger a esquadria durante o transporte e o armazenamento, e também funcionam como importante componente na etapa de instalação. “São elas que garantem que o caixilho fique dentro do esquadro”, conta Fernandes, acrescentando que a colocação da janela no vão é simples.

ANODIZAÇÃO E PINTURA

Quando não recebe nenhum tipo de tratamento em sua superfície, o metal cria uma camada de óxido de alumínio que, em longo prazo, deixa a peça com aspecto rústico. Para evitar o surgimento do problema, as esquadrias precisam receber camada de anodização ou pintura de acordo com a ABNT NBR 12609 e ABNT NBR 14125, respectivamente. A garantia de que o acabamento superficial foi realizado pode ser obtida pela exigência de laudos laboratoriais do fornecedor do serviço.

Existem certas situações que, geralmente, são confundidas com falta da anodização ou pintura, como é o caso do efeito nomeado contato bimetálico. “Mais comum em regiões litorâneas, causa a degradação de alguns pontos da esquadria. O fenômeno é gerado por parafusos e/ou fixadores de aço carbono sem proteção entre os metais”, afirma Fernandes.

“Outra circunstância semelhante é a chamada corrosão filiforme, que é o destacamento entre a pintura e o alumínio. Essa situação demonstra a falta de cuidado do fabricante em proteger as pontas de corte dos perfis”, lembra.

De acordo com Fernandes, construtoras que adotaram como padrão a consulta aos documentos técnicos dos fabricantes declaram ter reduzido muitas das reclamações do pós-obra. Para que o produto tenha longa vida útil, o consumidor precisa seguir as orientações de limpeza, inspeção e conservação passadas pelos fabricantes. Essas informações devem constar nos manuais que as construtoras entregam aos futuros moradores.

Além de manter o aspecto visual do caixilho, esses cuidados também garantem a manutenção do desempenho dos demais componentes do sistema, como escovas e borrachas de vedação, fechos, roldanas e elementos de fixação.

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Colaboração técnica

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Joaquim Ramalho – Economista, Mestre em Administração pela PUC-SP. Fundador e Reitor da Universidade Corporativa Unianamaco. Autor dos livros "O Mercado de Varejo de Material de Construção no Brasil - Ferramentas de Gestão" e "O Varejo de Material de Construção no Brasil - Mecanismos Operacionais". Presidente do Instituto Avançado de Pesquisa Ensino e Desenvolvimento Empresarial (Iapedem) e do Instituto de Pesquisa e Assessoramento (INPA). Atua com consultoria e treinamento desde 1996.
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Edson Fernandes  – Administrador de Empresas pela FMU; pós-graduação em Finanças, Controladoria, Produção e Materiais. Desde 1988, dirige empresas da área de esquadrias, componentes, extrusão, serralheria e anodização. Iniciou e gerenciou o PSQ/PBQP-H Esquadrias de Alumínio, de 2001 a setembro de 2015. Atualmente, é diretor geral do Laboratório ITEC - Instituto Tecnológico da Construção Civil e presidente executivo/fundador da Associação Brasileira de Indústrias de Esquadrias (ABIE).