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Como comprar aço cortado e dobrado?

Aço pronto é alternativa para obras que visam simplificar a preparação das armaduras. Saiba o que considerar ao optar por essa modalidade de fornecimento

Publicado em: 24/01/2023

Texto: Juliana Nakamura

foto de uma pessoa segurando uma espátula e uma tabua com argamassa líquida em cima
(Foto: Shutterstock)

A montagem das armaduras é uma etapa crítica em construções com estruturas de concreto armado moldado in loco. Afinal, o desempenho da edificação, incluindo sua resistência e durabilidade, depende da qualidade deste trabalho. Além disso, a preparação de fios e barras no canteiro é uma atividade intensa geradora de desperdícios e que ainda demanda mão de obra e espaço físico. É natural, portanto, o interesse de muitas construtoras pela contratação do aço cortado e dobrado de acordo com as características do projeto.

Para Marco Antonio Pinho, gerente geral de Industrialização Belgo Pronto na Arcelor Mittal, “a busca pelo aço pronto passa por fatores como incremento de produtividade, redução de tempo de execução e de custo, possibilidade de ter uma obra mais limpa e sustentável, assim como garantia de qualidade”. Os resíduos gerados no corte e dobra são reutilizados no processo de produção do aço, permitindo uma economia circular e de baixo carbono.


“Para as obras com central de corte e dobra no canteiro, a perda pelo beneficiamento pode chegar a 10%”, compara Gilnei Silva, gerente de marketing Construção Civil da Gerdau. Ele destaca que também há ganhos relacionados ao fluxo de caixa, uma vez que é possível comprar a quantidade necessária de material para uma determinada etapa da obra, sem necessidade de grandes estoques.

“Outras vantagens importantes são o ganho de qualidade, decorrente da precisão da produção industrializada, e a redução dos riscos de acidentes provocados pelo manuseio do vergalhão convencional”, destaca Silva. Ele lembra que o vergalhão beneficiado é, individualmente, mais caro em comparação ao vergalhão reto. “Contudo, se compararmos os preços com o vergalhão reto acrescido dos custos com o beneficiamento, perdas e despesas indiretas, a solução industrializada se torna mais competitiva, podendo reduzir o custo dessa etapa em até 30%”, afirma o gerente da Gerdau.

Segundo pesquisa realizada pela Produtime em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) 80% do tempo gasto na etapa de armação é dedicado para corte e dobra, amarração e montagem de pilares e vigas. Somente 20% do tempo é despendido com o posicionamento do elemento.

Compra apoiada por projetos e estudos logísticos

Indicado para todo tipo de obra que exija armação, independente de tamanho ou tipologia, o aço cortado e dobrado elimina uma série de atividades realizadas no canteiro. Porém, ela exige uma contratação diferente da simples compra de aço por volume.

“O processo da venda de aço cortado e dobrado necessita de um alinhamento técnico entre projetista, área técnica da construtora e fornecedor do serviço”, diz Alexandre Regis Bittencourt, gerente de processos Belgo Pronto da ArcelorMittal. “Concluída esta etapa, a venda do aço cortado e dobrado é precificada com base nos projetos de armação aprovados pelo calculista”, explica ele.

Como o objetivo é garantir que o aço chegue nas medidas certas e no momento adequado, o comprador deve prover ao fornecedor, além do projeto estrutural, informações sobre as soluções de engenharia aplicáveis em cada etapa, cronograma de execução e logística da obra. “Uma etapa fundamental é o planejamento do recebimento do aço na obra. A construtora deve adequar seus pedidos ao seu cronograma e lembrar de ajustar as datas solicitadas em caso de alteração no planejamento”, salienta Gilnei Silva, ressaltando a importância de o comprador informar o fornecedor sobre possíveis restrições de recebimento, como capacidade de descarga e horários de entrega.

Cuidados com o aço no canteiro

Assim como na compra, o aço cortado e dobrado requer cuidado especial no momento de recebimento e no armazenamento no canteiro. “Nas primeiras entregas é recomendável um treinamento para detalhar as melhores práticas de identificação, rastreabilidade e verificações de documentos, como romaneios e certificados de qualidade”, comenta Bittencourt. Ele explica que, durante esse treinamento, é importante, também, repassar procedimentos sobre manuseio e armazenamento do material de modo a facilitar a montagem do elemento estrutural e garantir que o aço fique afastado do contato direto com o solo, em local protegido da chuva e da umidade.

Além disso, na etapa do recebimento é preciso estar atento à segurança dos colaboradores, especialmente quanto ao uso de equipamentos de movimentação e de proteção individual adequados.

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Colaboração técnica

Gilnei Silva –Engenheiro civil, é gerente de marketing para Construção Civil da Gerdau.
Alexandre Regis Bittencourt  – Engenheiro civil com MBA em Gestão Empresarial. É gerente de processos Belgo Pronto na ArcelorMittal Brasil. .
Marco Antonio Pinho  – Formado em administração de empresas e economista. É gerente geral Belgo Pronto na ArcelorMittal Brasil .