menu-iconPortal AECweb

Como aumentar a durabilidade das argamassas decorativas cimentícias?

Argamassas cimentícias aplicadas em fachadas contribuem para a estética e o desempenho da edificação. Veja, a seguir, como especificar e projetar, de forma a evitar patologias como fissuras, descolamentos e desplacamentos

Publicado em: 02/04/2019Atualizado em: 16/03/2021

Texto: Juliana Nakamura

esquadrias-de-aluminio-padronizadas
As argamassas decorativas devem atender às exigências da ABNT NBR 16148 e ABNT NBR 15575 (shutterstock.com / Alessandro28)

Argamassas decorativas como a massa raspada, a monocamada e o granito lavado são uma solução muito comum no Brasil para o revestimento de fachadas. Isso se explica pelos amplos efeitos estéticos que esses produtos podem proporcionar, pela facilidade de aplicação – que pode ser manual ou por projeção – e por seu custo competitivo.

Confira no Portal AECweb argamassas para revestimento 

Veja também fornecedores de argamassas para revestimento 

Mas quando expostas a falhas de projeto e de execução, as superfícies argamassadas estão suscetíveis a uma série de patologias que comprometem a estética e a capacidade do revestimento de proteger a edificação contra a penetração de água de chuva.

É fundamental controlar adequadamente a quantidade de água da mistura, utilizar equipamento de mistura eficiente e empregar ferramentas adequadas ao tipo de acabamento selecionado
Leandro Augusto

Fissuras, descolamentos e desplacamentos estão entre os problemas mais comuns. Também podem ocorrer manchas causadas pela umidade e a presença de colônias de microrganismos.

COMO ESPECIFICAR E PROJETAR?

Para evitar problemas que coloquem em risco a vida útil do revestimento, o primeiro cuidado é garantir que haja um projeto com especificações técnicas compatíveis com as necessidades da construção.

“Esse projeto deve compatibilizar todas as variáveis que interferem no comportamento do revestimento, considerando a localização da edificação, o tipo de estrutura, as características dos elementos de vedação, a rugosidade dos elementos de concreto, entre outros fatores”, explica Osmar Hamilton Becere, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Segundo ele, um erro comum é considerar apenas a resistência de aderência à tração na hora de especificar a argamassa. É preciso levar em conta, também, outras propriedades relevantes, como absorção de água por capilaridade, transmissão de permeabilidade de vapor de água e retração.

Outro equívoco é escolher um acabamento incompatível com o local de implantação da edificação. Para fachadas expostas a muita poluição, por exemplo, recomenda-se selecionar um tipo de acabamento menos rugoso.

Além de cuidados com a seleção da argamassa, algumas soluções de projeto podem ajudar a diminuir a suscetibilidade dos revestimentos a patologias. É possível, por exemplo, prever frisos em pontos estratégicos e reforços na argamassa de emboço com telas metálicas ou de fibra de vidro nas ligações entre a estrutura e a alvenaria.

PROBLEMAS DE EXECUÇÃO

A execução do revestimento deve considerar as recomendações do fabricante do produto. Também deve ser acompanhada de uma fiscalização rigorosa
Alexandre Cordeiro dos Santos

A durabilidade das superfícies com argamassas decorativas pode estar associada, ainda, ao emprego de mão de obra pouco qualificada.

Nesse ponto, as melhores práticas preconizam um planejamento de execução que contemple as etapas de mistura e aplicação do revestimento. “É fundamental controlar adequadamente a quantidade de água da mistura, utilizar equipamento de mistura eficiente e empregar ferramentas adequadas ao tipo de acabamento selecionado. Tais cuidados evitam, por exemplo, a variação da tonalidade no revestimento”, comenta Leandro Augusto, professor da Universidade Nove de Julho e também pesquisador do IPT.

“A execução do revestimento deve considerar as recomendações do fabricante do produto. Também deve ser acompanhada de uma fiscalização rigorosa”, acrescenta o engenheiro Alexandre Cordeiro dos Santos, também pesquisador do IPT.

MANUTENÇÃO INDISPENSÁVEL

A seleção e a execução do revestimento externo com argamassas decorativas devem se apoiar em dois textos técnicos. O primeiro é a ABNT NBR 16.148 – Argamassas inorgânicas decorativas para revestimento de edificações – Requisitos e métodos de ensaios. Publicada há menos de um ano, essa norma define os critérios para caracterização e avaliação do desempenho, em laboratório, de argamassas técnicas decorativas, tanto as monocamadas quanto as multicamadas. A norma também contempla os requisitos de desempenho para aceitação dos revestimentos.

Outra referência importante é a ABNT NBR 15.575 – Edificações Habitacionais – Desempenho, que fornece os subsídios para a determinação dos valores teóricos de vida útil de projeto. O texto define que a durabilidade das fachadas depende de o usuário realizar manutenções periódicas com base nas recomendações do fabricante. Vale lembrar que a falta de práticas de manutenção, como lavagem periódica e inspeções, reduzem o desempenho esperado desses revestimentos e podem exigir intervenções corretivas mais onerosas.

Leia também:

Uso de argamassa para rejunte exige conhecimento

Colaboração técnica

 
Osmar Hamilton Becere – Graduado em tecnologia em construção civil com mestrado profissionalizante em Habitação: Planejamento e Tecnologia. É assistente técnico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).
 Alexandre Cordeiro dos Santos – Engenheiro civil. É assistente de pesquisas do IPT
 
Leandro Augusto – Graduado em tecnologia em construção civil, é mestre em Habitação: Planejamento e Tecnologia. Também atua como assistente de pesquisa do IPT e professor da Universidade Nove de Julho.