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Coberturas retráteis aliam estética e segurança

Projetadas com cuidado e bem executadas, ajudam na ventilação e permitem o contato com áreas externas

Publicado em: 28/11/2013Atualizado em: 17/10/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Cobertura retrátil

Coberturas zenitais de vidro podem trazer o incômodo da insolação excessiva, situação que pode ser corrigida com a criação de folhas móveis que, quando abertas, permitem a ventilação. Têm uso recorrente em residências, apartamentos de cobertura, clubes e piscinas cobertas. Já os shopping centers dificilmente utilizam a tipologia retrátil, devido ao custo mais elevado, à dificuldade de limpeza e manutenção. De acordo com o engenheiro Ricardo Macedo, diretor da Hedron Engenharia, as coberturas retráteis envolvem a movimentação de painéis de grande peso. “Isto exige redobrado cuidado no cálculo da estrutura de aço que se movimentará sobre trilhos e guias, e também no projeto da motorização – que deve ser suave, sem travamentos”, diz.

De geometrias diversas, uma cobertura pode ter o desenho de uma pirâmide, ser retangular curva ou plana, com uma ou várias águas. “Mas é fundamental planejar o espaço para onde será deslocada a parte móvel da cobertura”, diz o engenheiro. O bom senso do arquiteto e o projeto desenvolvido em conjunto com o consultor ou fabricante evita complicações na instalação. “Sempre tomamos o cuidado de projetar a cobertura junto com o arquiteto”, confirma Macedo, revelando que jamais se deparou com um projeto inviável entre as mais de 100 estruturas do tipo que executou para cerca de 50 shopping centers.

Materiais

Jamais se pode usar a estrutura de uma cobertura pensada para o policarbonato para, de última hora, querer instalar vidro

Normalmente a estrutura principal de uma cobertura retrátil é feita de aço. Já a caixilharia que recebe o vidro ou o policarbonato é de alumínio, com perfis adequados, e está apoiada na de aço. “Se a cobertura for executada integralmente em alumínio, os perfis vão exigir conexões aparafusadas e, por serem móveis, são passíveis de torção. Já a estrutura em aço, pede conexões soldadas, o que permite uma estabilidade maior”, ensina, acrescentando que os dois metais são, sabidamente, incompatíveis. “Por isso, adotamos técnicas bastante conhecidas para evitar a corrosão, como o isolamento dos materiais com fitas especiais e uso de parafusos de aço inoxidável. A estrutura emprega, normalmente, aço patinável, que não desenvolve corrosão”.

Outra opção é fazer toda a cobertura em aço inox, a exemplo da estrutura realizada por Macedo para uma residência em Angra dos Reis. “Foi toda montada na fábrica, em Curitiba, e levada para lá. Configurou-se como a solução ideal para uma instalação a beira mar, porque está livre de corrosão e de oxidação, mas o custo é maior”, conta. Basta dizer que o preço do inox chega a ser quatro vezes maior do que o do aço comum. “Isto não significa que a cobertura terá custo quadruplicado, afinal é preciso considerar o custo relativo do metal diante dos demais materiais que compõem o projeto”, pondera.

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Fitas para Vedação

Juntas para Vedação

Vedação

Cobertura retrátil

A vedação deve ser muito bem estudada e executada, pois quando se tem uma cobertura móvel partes dela estão saindo de uma posição estática e se deslocando através de trilhos. “É preciso criar rufos e peças de conexão, caso contrário, numa chuva de vento vai entrar água. Tudo isso é um know-how de baixa complexidade, mas que exige experiência. Afinal, cobertura de vidro bem executada é para toda a vida”, comenta Macedo.

O papel dos componentes de vedação e sua correta especificação são, por isso mesmo, fundamentais. As escovas de vedação devem ser robustas e de alta resistência, especificadas para vencer o atrito próprio do movimento de fechar e abrir. “Se mal escolhidas, os pelos da escova se desgastam rapidamente”, observa o engenheiro, lembrando que existem fornecedores no mercado que desenvolvem produtos de vedação, como escovas e borrachas especiais, sob encomenda para esse tipo de cobertura.

Fechamento

As coberturas retráteis envolvem a movimentação de painéis de grande peso. Isto exige redobrado cuidado no cálculo da estrutura de aço que se movimentará sobre trilhos e guias, e também no projeto da motorização – que deve ser suave, sem travamentos

O fechamento de grandes estruturas é feito, usualmente, com vidro – nas demais, o engenheiro admite o policarbonato. “Ambos são materiais compatíveis com este tipo de cobertura, mas optamos sempre pelo vidro devido à sua durabilidade, diversidade de cores na laminação e altos coeficientes de proteção solar”, observa. Segundo ele, o policarbonato tem vida útil limitada e risca com facilidade. Alguns tipos de policarbonato cristal chegam a custar o mesmo que o vidro. “O ideal é utilizá-lo quando a cobertura é curva, já que o policarbonato é passível de ser curvado a frio, e o vidro somente a quente”, diz.

Nos últimos anos, os dois materiais evoluíram bastante quanto às suas propriedades de isolamento térmico, “mas há novos vidros imbatíveis nesse quesito”. Por outro lado, o vidro é mais pesado que o policarbonato, exigindo mais da estrutura, que terá que ser adequadamente dimensionada para recebê-lo. Nesse aspecto vale o alerta de Ricardo Macedo: “jamais se pode usar a estrutura de uma cobertura pensada para o policarbonato para, de última hora, querer instalar vidro”.

A motorização empregada nas coberturas retráteis são adaptações de sistemas de portas automáticas, silenciosos e de longa vida útil. “É possível adaptar sensores de chuva e vento, mas não é comum que o cliente peça”, finaliza.

Colaborou para esta matéria

Ricardo Antunes de Macedo – Engenheiro pela Universidade Federal do Parará (1975) com especialização em estruturas. Responsável por diversas obras na Gutierrez, Paula, Munhoz S/A Construção Civil no período de 1974 a 1977 em Curitiba e Cascavel (PR); sócio da Emasa Engenharia e Construção Ltda de 1984 até 1993; gerente de engenharia e obras especiais da Vidraçaria Cometa do PR Ltda no período de 1977 a 1987; de 1987 a 2010 foi sócio e diretor técnico da Engevidros Engenharia de Fachadas e Coberturas de Vidro; desde março de 2010 é diretor e responsável técnico da Hedron Engenharia, empresa de engenharia especializada em fachadas e coberturas de vidro, atuando no ramo de obras especiais em todo o Brasil.