menu-iconPortal AECweb

Canteiro sustentável é destaque de empreendimento residencial em Curitiba

Concebido para a conquista da certificação GBC Brasil Condomínio, o edifício Arbo Cabral adota boas práticas no canteiro. Cerca de 90% dos resíduos serão reaproveitados ou reciclados

Publicado em: 31/10/2019Atualizado em: 05/11/2019

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

demolição de estruturas
Canteiro sustentável auxilia na preservação de recursos naturais e na redução dos impactos ambientais gerados pelo processo da construção (foto: zlikovec/shutterstock)

Candidato à certificação Green Building Council (GBC) Brasil Condomínio, o empreendimento residencial de alto padrão Arbo Cabral, em fase de construção em Curitiba, adota uma série de procedimentos sustentáveis no canteiro. As boas práticas visam a redução de desperdícios e impactos ambientais, através da seleção e reaproveitamento dos resíduos de materiais. O objetivo da MDGP Incorporações é evitar o envio de 90% desses resíduos para aterros, direcionando-os para reutilização ou reciclagem.

Há grande atenção quanto à destinação correta do lixo produzido, à utilização consciente de recursos naturais e ao desenvolvimento sustentável das novas tecnologias
Thomas Gomes

Leia também: Reciclagem de resíduos é alternativa sustentável para destinação de entulhos

De acordo com o engenheiro Thomas Gomes, diretor da Huma Engenharia, empresa responsável pela execução da obra e gestão do canteiro, a sociedade está consciente quanto à sustentabilidade de maneira geral. “Há grande atenção quanto à destinação correta do lixo produzido, à utilização consciente de recursos naturais e ao desenvolvimento sustentável das novas tecnologias. Portanto, não teria o menor sentido fazer uma obra que não estivesse alinhada com estes princípios”, comenta.

O Arbo Cabral já conquistou a certificação GBC Condomínio Brasil, em etapa de projeto, ao atender a todos os quesitos, num total de 24 pontos. A expectativa das empresas envolvidas é obter a certificação Ouro, na entrega da obra, prevista para outubro de 2020. Matheus Fortes, da Consultoria Forte Soluções Ambientais, responsável pela certificação do empreendimento, relata que desde a fase de projeto foram planejadas e definidas as melhores estratégias para a redução na geração de resíduos, reaproveitamento na própria obra, separação de materiais, armazenamento, transporte e destino.

De acordo com Gomes, vários estudos foram realizados em parceria com a Forte, de modo a entender de que forma poderiam reciclar e reaproveitar os resíduos. “Desde destiná-los a cooperativas de recolhimento de materiais e usinas de reciclagem até reutilizá-los nas atividades no próprio canteiro, entre outras opções”, completa o diretor da Huma.

Boas práticas

A especificação de materiais para as obras do empreendimento foi feita de acordo com os princípios da sustentabilidade. É o caso da madeira, que deve ter comprovação de extração legal e veto aos materiais com altos índices de Compostos Orgânicos Voláteis (COVS), encontrados em tintas, adesivos e selantes.

“No processo de seleção e aquisição de produtos para a execução da obra, exigimos dos fabricantes os laudos onde são comprovados os baixos índices de COVs”, destaca Gomes. Há, também, a decisão de compra de materiais com conteúdo reciclado em sua composição e fornecimento regional, evitando transporte de longa distância e consumo excessivo de combustível.

O cuidado com o entorno da obra do Arbo Cabral envolve a limpeza das rodas dos caminhões e controle da poeira gerada no canteiro. “Implantamos, nos portões de acesso à obra, pisos de concreto que contêm grelhas para escoamento da água utilizada na lavagem das rodas. Dessa forma, é possível direcionar a água suja para caixas de decantação dos resíduos sólidos, descartando-a para a rede pública somente após estar livre de sujeiras”, explica o diretor da Huma.

Programa aos trabalhadores

Paralelamente, foi desenvolvido e implantado um programa de atenção aos funcionários, que são treinados para que tenham segurança na obra, com a utilização de EPIs e orientações sobre hábitos alimentares, higiene, saúde e uso racional da água e da energia. “O próprio uso de materiais com baixo índice de COV já é uma ação também voltada à saúde e segurança do trabalhador da construção”, ressalta Gomes.

Ele acrescenta que foi contratado o fornecimento de alimentação de qualidade, elaborada com a supervisão de uma nutricionista. Hábitos de higiene pessoal e cuidados com a saúde são temas abordados em treinamentos, sob supervisão de um time de engenharia de segurança e saúde no trabalho. “Dispomos, também, de uma área de vivência, onde ventilação, higiene e organização são pontos de fundamental cuidado por parte da engenharia de obra”, informa.

A importância do canteiro sustentável

Todas essas ações contribuem de maneira global para preservarmos nossos recursos naturais e reduzirmos os impactos ambientais gerados pelo processo da construção
Marlus Doria

“Todas essas ações contribuem de maneira global para preservarmos nossos recursos naturais e reduzirmos os impactos ambientais gerados pelo processo da construção”, garante Marlus Doria, diretor da MDGP Incorporações. Basta lembrar que a construção civil e o desenvolvimento imobiliário são atividades de elevado grau de impacto ambiental.

“A preocupação com esses impactos, aliada a um novo mindset da gestão de negócios, torna qualquer tipo de ação sustentável um pré-requisito em qualquer negócio. Especialmente no canteiro de obras, a sustentabilidade precisa ser parte integrante de todos os processos executivos e decisórios, visto que tudo o que é realizado ali tem impacto direto no ambiente em que a obra está inserida”, conclui Thomas Gomes.

Para saber mais: Resíduo significa perda. Veja como ele pode ser evitado nas obras

Colaboração técnica

leandro-siqueira
Thomas Gomes – Engenheiro Civil formado pela PUC-PR e com pós-graduação em Gestão de Negócios, na Fundação Dom Cabral. Vem de um grupo familiar centenário que tem negócios no ramo de desenvolvimento imobiliário no Brasil, Estados Unidos e Europa, e iniciou a carreira no setor imobiliário na MDGP até abrir a Huma Engenharia, junto com Marlus Doria.
marcos-andrade
Marlus Doria – Engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Paraná, com pós-graduação em Finanças pela FAE e MBA Executivo pela Kellog School of Management em Chicago (USA). Iniciou sua carreira profissional na empresa familiar Doria Construções Civis Ltds, voltando-se para a construção e prestação de serviço de obras residenciais, comerciais e industriais. Em 2007, iniciou uma sociedade com as empresas Goldstein, de Porto Alegre, e Cyrela Brazil Realty, de São Paulo, para o desenvolvimento e construção de empreendimentos no Paraná. Atualmente, é sócio-diretor da MDGP Participações e Incorporações Imobiliárias e Huma Engenharia, empresas focadas no segmento de alto padrão em Curitiba.
marcos-andrade
Matheus Fortes – Diretor da Forte Soluções Ambientais, engenheiro ambiental especialista em licenciamento ambiental, consultor em sustentabilidade credenciado pelo U.S Green Building Council e Green Building Council Brasil. Coordenador de mais de 30 projetos LEED e é o consultor com maior número de empreendimentos certificados CASA e Condomínio do sul do Brasil.