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Cabeamento estruturado reduz intervenções nas instalações do edifício

Sistema proporciona infraestrutura única para tráfegos de dados, voz, imagem, entre outros. Com durabilidade de até 25 anos, o serviço deve ser previsto em projeto e executado por mão de obra especializada

Publicado em: 05/09/2017Atualizado em: 06/02/2018

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

O cabeamento estruturado é um sistema que padroniza os cabos e componentes de conexão nas instalações de um empreendimento. Muito empregado em edificações comerciais que atuam com tecnologia da informação (TI), ele atende a necessidades específicas dos usuários. “Uma tomada de telecomunicações pode ser usada para qualquer aplicação disponível na rede”, exemplifica Antonio Abrantes Filho, coordenador da comissão de estudos do Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/COBEI).

A ideia é que o cabeamento estruturado fique livre de intervenções por pelo menos 10 anos, o que garante retorno do investimento devido à redução de custos e outras vantagens relacionadas à manutenção. “Reduz custos por evitar recabeamentos a cada nova tecnologia que surge, além de facilitar alterações e ampliações no sistema”, conta Paulo Leandro Silva, cabling engineer, projetista e técnico em eletrônica e telecomunicações.

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O cabeamento estruturado padroniza os cabos e componentes de conexão (Kjetil Kolbjornsrud/ Shutterstock.com)

INFRAESTRUTURA ÚNICA

A principal vantagem do cabeamento estruturado é que ele proporciona uma infraestrutura única para o tráfego de qualquer tipo de sinal de baixa tensão dos diversos sistemas do edifício: dados, voz, imagem, sinalização, automação, controle, climatização, iluminação, alarmes, sinalização, entre outros serviços conectados à rede.

“O cabeamento pode ser realizado em qualquer tipo de rede, independentemente de marcas, produtos e fabricantes, devendo-se somente obedecer à categoria do cabo em relação à aplicação que a ele será dada. Cabos na categoria CAT5e, por exemplo, atendem a aplicações de até 100 MB. Já o CAT6 atende 1 GB”, revela Silva.

Uma tomada de telecomunicações pode ser usada para qualquer aplicação disponível na rede
Antonio Abrantes Filho

RELAÇÃO COM A ARQUITETURA

O cabeamento estruturado deve ser previsto no projeto arquitetônico da edificação, no qual são reservados espaços e caminhos para a sua implantação. “Deve ser prevista, inclusive, a necessidade de crescimento da rede e expansões futuras”, acrescenta Abrantes.

Em ambientes internos, o encaminhamento do sistema costuma ser embutido nas paredes. Já em locais externos, recorre-se aos eletrodutos ou passagens subterrâneas. O mercado possui canaletas de diversos tipos e cores para adequar o visual do cabeamento ao ambiente dos escritórios e empresas.

“Há soluções de diversos fabricantes brincando com as cores dos cabos, racks esteticamente mais bonitos, piso elevado de vidro com luz de LED nas calhas e leitos de encaminhamento de cabos”, cita Silva.

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Passagem de cabos sobre piso elevado de vidro com iluminação LED (Divulgação/ Legrand)

O QUE É NECESSÁRIO

A disposição do cabeamento estruturado na edificação segue rigorosamente as orientações do projeto. Por isso, é necessário dimensionar os locais para entrada dos serviços de concessionárias fornecedoras de serviços de telecomunicações, salas para instalação dos equipamentos ativos de rede e para a terminação e manobra dos cabos de rede no andar térreo (Sala de Equipamentos Principal), entre outros.

Reduz custos por evitar recabeamentos a cada nova tecnologia que surge, além de facilitar alterações e ampliações no sistema
Paulo Leandro Silva

Os materiais necessários para execução do cabeamento são cabos, conectores, hardware de conexão, cordões de manobra, entre outros recursos que variam de acordo com o projeto. Para o encaminhamento do sistema, são utilizados eletrodutos, conduítes, canaletas, leitos etc. Completando a infraestrutura, está o dimensionamento correto das salas, racks e outros compartimentos.

A instalação deve ser feita por mão de obra com certificação profissional dos fabricantes ou por técnicos de telecomunicações. “Mais do que apenas habilidades manuais, é importante que o profissional frequente ou tenha frequentado treinamentos na área, baseado nas normas, para que ele saiba os métodos corretos na instalação e a categoria adequada para cada aplicação de dados, voz e imagem”, determina Silva.

MANUTENÇÃO

Um bom cabeamento estruturado dispensa intervenções e manutenções constantes, uma vez que ele é projetado para atender o usuário por um longo período. “Instalações executadas por empresas certificadas têm garantia que pode chegar a 25 anos”, assegura Abrantes.

Mas caso surja a necessidade por reparo ou qualquer outro tipo de manutenção interventiva, ela deve ser feita sem causar muito impacto ao funcionamento da rede do cliente. “O ideal é optar por horários e dias fora de expediente, como finais de semana, mantendo um cronograma rigoroso para retomada da mesma para evitar prejuízos”, explica Silva.

NORMAS

A ABNT dispõe de diversas normas que regulamentam o projeto de cabeamento estruturado no Brasil. Confira abaixo:

- NBR 14.565:2013 – Cabeamento Estruturado para Edifícios Comerciais e Infraestrutura de Data Centers;
- NBR 16.415:2015 – Caminhos e Espaços para Cabeamento Estruturado;
- NBR 16.264:2016 – Cabeamento Estruturado Residencial;
- NBR 16.521:2016 – Cabeamento Estruturado Industrial;

Além dessas, Abrantes informa que há uma norma para pontos de acesso sem fio em fase de conclusão e outra para instalações de saúde (ou hospitalares) em fase de análise.

“Até dezembro de 2017, também estará disponível para consulta nacional a revisão da NBR 14.565, tendo sido desmembrada em duas normas: Cabeamento para Edifícios Comerciais e Cabeamento para Data Centers”, finaliza o coordenador da comissão de estudos da ABNT/COBEI.

Colaboração técnica

Antonio Abrantes Filho – coordenador da Comissão de Estudos da Associação Brasileira de Normas Técnicas/ Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunicações (ABNT/COBEI). É técnico em eletrotécnica, engenheiro eletrotécnico e licenciado em matemática, física e desenho. Foi professor-coordenador de física no Colégio Batista Brasileiro e professor-assistente de medidas elétricas e eletromagnéticas, na Universidade Mackenzie.
Paulo Leandro Silva cabling engineer, projetista e técnico em eletrônica e telecomunicações. Possui 20 anos de experiência na área de telecomunicações, tendo prestado serviços de supervisão de implantação de rede estruturada, PABX, telefonia e interfonia, CFTV, alarmes, entre outros. Possui conhecimento das tecnologias dos fabricantes NEC, Ericsson, Motorola, Ceragon, Alcatel, Nokia/ Siemens, Intelbras e Huawei. Atuou em projetos da tecnologia da rede fixa e da rede móvel (WLL, Wimax, 2G - GSM, 3G – WCDMA, 4G LTE).