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Boas práticas para impermeabilização em espaços confinados

Realização do serviço deve estar em alinhamento com as normas regulamentadoras e privilegiar materiais que não gerem toxicidade para os trabalhadores

Publicado em: 30/09/2021

Texto: Juliana Nakamura

Impermeabilização em espaços confinados
Nos espaços confinados pode haver risco de explosão (Foto: designbydx/Shutterstock)

Serviços de impermeabilização em espaços confinados costumam demandar uma série de cuidados em função dos riscos envolvidos aos operários. Estamos nos referindo a trabalhos que acontecem em áreas fechadas ou enclausuradas, abordadas pela Norma Regulamentadora 33, com acessos de entrada e saída restritos, parcialmente obstruídos e que impeçam a livre circulação dos trabalhadores.

“A movimentação no interior desses ambientes é difícil, podendo provocar o aprisionamento em função de planos inclinados, paredes convergentes, pisos lisos e seção reduzida. Também há pouca ou nenhuma ventilação natural, o que pode ser insuficiente para dispersar possíveis contaminantes nesses espaços, como gases, vapores ou poeira”, comenta Andreia Kaucher Darmstadter, supervisora do Departamento de Segurança do Trabalho do Seconci-MG.

RISCOS ELEVADOS

Intoxicação e sufocamento estão entre as principais ameaças às quais o profissional está exposto quando realiza um serviço de impermeabilização em espaço confinado
Emerson Bispo Santos

Segundo ela, os espaços confinados envolvem risco de morte. Por isso, é fundamental o respeito a medidas como planejamento, programação, implementação e avaliação da gestão de segurança e saúde do trabalhador, através de estratégias técnicas, administrativas, pessoais e de capacitação.

“Intoxicação e sufocamento estão entre as principais ameaças às quais o profissional está exposto quando realiza um serviço de impermeabilização em espaço confinado. Além desses riscos químicos, há também o risco físico — quedas, escorregões e impactos — visto que a visibilidade é baixa”, acrescenta Emerson Bispo Santos, coordenador técnico da Sika. Há, ainda, o risco de explosão. Afinal, em alguns locais pode haver elevada concentração de gases inflamáveis, combinada com a baixa circulação de ar.

CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DOS MATERIAIS

A impermeabilização em espaços confinados geralmente ocorre em reservatórios e cisternas elevados ou nos subsolos. “Um grande foco de atenção, nesses casos, deve ser com a especificação dos materiais, segundo as diretrizes das normas regulamentadoras”, comenta Rolando Infanti Filho, gerente técnico comercial na Vedacit. Ele explica que, preferencialmente, não devem ser usados produtos aplicados a maçarico, a exemplo das mantas asfálticas, já que o equipamento consome oxigênio do ambiente. Também devem ser evitados produtos à base de solventes orgânicos que podem intoxicar as pessoas que estão em locais confinados.

Segundo Infanti, quando a opção recair por produtos cimentícios bicomponentes, é necessário tomar cuidado com o polímero do componente líquido, que pode exalar odor de amônia. “Para o uso desses produtos, é fundamental que o aplicador esteja equipado com máscara adequada, com filtro e entrada de oxigênio”, continua Infanti.

TECNOLOGIAS PARA IMPERMEABILIZAÇÃO EM ESPAÇOS CONFINADOS

“De modo geral, para aplicações em áreas confinadas, os produtos mais utilizados são as argamassas poliméricas monocomponentes, misturadas em água. Esses produtos podem ser flexíveis ou semiflexíveis e serem aplicados em áreas enterradas e elevadas”, complementa Fernando de Abreu Venâncio, especialista técnico na Vedacit.

De modo geral, para aplicações em áreas confinadas, os produtos mais utilizados são as argamassas poliméricas monocomponentes, misturadas em água
Fernando de Abreu Venâncio

“A melhor técnica de impermeabilização para espaço confinado é a impermeabilização a frio, com produtos aplicados em camadas em forma de pintura”, destaca Santos. Ele reforça que mesmo utilizando esses produtos, é imprescindível o uso dos equipamentos de proteção individual e coletiva, assim como seguir todos os protocolos de segurança indicados pelos fabricantes.

As FISPQs (Fichas de Informação de Segurança de Produto Químico), aliás, são fundamentais. Primeiro porque contém informações importantes para auxiliar no manuseio seguro do produto. Depois porque esclarecem os colaboradores sobre os possíveis efeitos dos compostos químicos à saúde humana e ao ambiente.

Trabalhadores que realizam trabalhos em áreas confinadas devem se submeter a exames médicos conforme especificado no PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional). Após atestar as capacidades clínicas, físicas e psicológicas, o colaborador deverá realizar um curso conforme determina a NR 33 — Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados.

“O objetivo do curso é capacitar os profissionais quanto a prevenção de acidentes, procedimentos e medidas de proteção em espaços confinados, conforme a norma regulamentadora e a ABNT NBR 16.577, que estabelece os requisitos mínimos para proteção dos trabalhadores em espaços confinados”, finaliza Santos.

Colaboração técnica

Andreia Kaucher Darmstadter
Andreia Kaucher Darmstadter — Engenheira de segurança, é supervisora do Departamento de Segurança do Trabalho do Serviço Social da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Seconci-MG).
Fernando de Abreu Venâncio
Fernando de Abreu Venâncio — Engenheiro civil, é especialista técnico na Vedacit.
Rolando Infanti Filho
Rolando Infanti Filho — Químico, é gerente técnico comercial na Vedacit e conselheiro o IBI (Instituto Brasileiro de Impermeabilização).
Emerson Bispo Santos
Emerson Bispo Santos — Engenheiro civil, é coordenador técnico no segmento Distribuição Retail na Sika.