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Autobombas de concreto são as mais utilizadas no Brasil

Com função e produtividade igual à das bombas estacionárias, o equipamento montado sobre caminhão tem a preferência do mercado. O motivo não é técnico, mas as restrições das leis brasileiras de trânsito

Publicado em: 20/07/2022Atualizado em: 17/10/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

autobombas de concreto da sobratema
(Foto: Sobratema/Reprodução)

Responsáveis por levar o concreto até o local de utilização na obra, as autobombas mais utilizadas no Brasil são as montadas sobre caminhões, segundo o engenheiro Maximiliano Josef Wagner, diretor-geral da Putzmeister do Brasil. Há dois tipos disponíveis no mercado. “As autobombas com lança, mais comumente conhecidas como Bomba Lança, e as sem lança, identificadas como City Pump”, detalha o engenheiro Pedro Scamilla, gestor de Pós-vendas da área de Tecnologia do Concreto da Liebherr Brasil.

Vários equipamentos compõem as autobombas: motor auxiliar para acionamento; tomada de força para o caso de utilização do motor do veículo ao invés do motor auxiliar; unidade de bomba de concreto; unidade hidráulica de acionamento; sistema de lavagem com reservatório; e acessórios de bombeio, entre eles, tubulação, acoplamentos, vedações, mangote e curvas.

De acordo com Wagner, as autobombas diferem das bombas estacionárias basicamente pela capacidade de mobilidade. “No caso da autobomba, o próprio operador poder se deslocar com o equipamento, de um serviço para o outro. Para a estacionária, ele precisa do auxílio de um reboque ou transporte para esse deslocamento”, diz.

“O Brasil é o único país de que temos conhecimento que possui uma predominância de mercado das autobombas em relação às bombas estacionárias. Em todos os demais, a estacionária tem mais aceitação. Essa diferença se deve à legislação de trânsito brasileira, que dificulta o transporte das bombas rebocáveis”, comenta Scamilla.

No caso da autobomba, o próprio operador poder se deslocar com o equipamento, de um serviço para o outro. Para a estacionária, ele precisa do auxílio de um reboque ou transporte para esse deslocamento
Maximiliano Josef Wagner

Resistência do concreto aumenta décadas depois de sua concretagem

Como funcionam

O funcionamento das autobombas começa com o seu deslocamento até a obra, onde esperam a chegada do concreto para fazer o bombeamento. “O bombeio se dá através da unidade de bombeamento que consiste em dois cilindros de concreto que são movimentados hidraulicamente”, resume Scamilla.

O estacionamento da autombomba no canteiro deve ser feito em local seguro e com piso estável. “Ela normalmente é patolada, de maneira a assegurar a estabilidade. Na saída da bomba, são instalados os tubos de transportes, mangotes e outros equipamentos até o ponto de alcance desejado. É feito o bombeamento a partir da alimentação de concreto vindo das betoneiras. Terminado o serviço, os tubos podem ser desacoplados e a autobomba seguir para um próximo serviço”, detalha Wagner.

Confira também: 

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Onde usar

Apesar de terem a mesma aplicação, as bombas estacionárias são mais indicadas em projetos de mineração e de túneis, devido a seu tamanho mais compacto. “As bombas lanças, por sua vez, são utilizadas em pontes, locais de difícil acesso, e edifícios de até aproximadamente sete pavimentos”, fala Scamilla.

Wagner destaca a vantagem da mobilidade das autobombas. “Em contrapartida, tem o custo adicional de investimento no veículo. Em determinadas obras, pode representar uma desvantagem competitiva em decorrência do custo operacional mais elevado”, diz e acrescenta: “Com base nesta condição, uma autobomba se mostra mais vantajosa para obras rápidas, de pequeno volume instantâneo, enquanto as estacionárias são mais interessantes em obras de longa duração ou de alto volume de bombeio”.

Segundo Scamilla, a produtividade das autobombas está diretamente relacionada ao tamanho do equipamento. “Hoje, o mercado possui equipamentos de 30 m³/hora até 150 m³/hora. A produtividade da bomba de concreto está muito mais relacionada à operação de entrega de concreto na obra do que ao desempenho específico da bomba”, afirma.

Critérios para aquisição

Basicamente adquiridas por concreteiras e construtoras, as bombas de concreto se destinam, também, a um mercado específico. “São as empresas especializadas em bombeamento, que não necessariamente produzem concreto, mas se dedicam exclusivamente ao serviço de bombeamento”, lembra o gestor da Liebherr. O diretor da Putzmeister observa que, particularmente no Brasil, as concreteiras dão franca preferência para as autobombas, enquanto as empreiteiras de obras de infraestrutura priorizam as bombas estacionárias.

Há, no entanto, critérios para a escolha do equipamento. “Devem ser considerados fatores como produtividade, facilidade de acesso ao local, altura ou distância do bombeamento, tipo de concreto e tempo de cura do concreto. É sempre bom consultar um especialista antes de tomar a decisão do melhor equipamento para determinado projeto”, diz Scamilla.

Hoje, o mercado possui equipamentos de 30 m³/hora até 150 m³/hora. A produtividade da bomba de concreto está muito mais relacionada à operação de entrega de concreto na obra do que ao desempenho específico da bomba
Pedro Scamilla

Para ele, apesar da grande utilização de bombas de concreto no país, este é um mercado que ainda tem um enorme potencial. “A construção civil brasileira está pouco mecanizada/automatizada. Muitos processos ainda são manuais, inclusive a entrega de concreto em vários lugares do país”, observa.

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Colaboração técnica

Pedro Scamilla – Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Itajuba, pós-graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e com MBA em Gestão Comercial, também pela FGV. Iniciou sua carreira na área comercial da Iochpe Maxion S/A. Há 11 anos trabalha na Liebherr Brasil, onde atuou como executivo de venda de equipamentos de Tecnologia do Concreto para a América Latina, gerente de Vendas de Exportação e pós-vendas e, hoje, é gestor de Pós-vendas da área de Tecnologia do Concreto. Atualmente também desempenha a função de Project Manager para o desenvolvimento das novas bombas de concreto Liebherr.
Maximiliano Josef Wagner – É Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), com especialização técnica em Engenharia de Soldagem / SLV Duisburg (Alemanha), em Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e com MBA em Operações Industriais na FGV & Ohio University (EUA). Tem 30 anos de experiência trabalhando na indústria de máquinas e equipamentos no Brasil e na Alemanha. É diretor-geral da Putzmeister do Brasil.