menu-iconPortal AECweb

Aumento indiscriminado de carga elétrica pode provocar curto-circuito

Mudança nos hábitos de consumo ou inserção de novos equipamentos na rede estão por trás da alteração na demanda de energia

Publicado em: 20/04/2016Atualizado em: 17/10/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Instalações Elétricas PrediaisAo longo dos anos, o aumento de consumo elétrico pode exigir reparos emergenciais, implicando em gastos consideráveis (Dmitry Kalinovsky / shutterstock.com)

Ao longo de toda a vida útil das instalações elétricas prediais, é frequente o aumento indiscriminado da carga. Passível de acontecer em edificações dos mais variados portes, o problema é responsável por elevar o consumo de energia e pode também resultar em consequências mais graves, como as sobrecargas.

O fenômeno pode ser motivado pela mudança nos hábitos de consumo ou ainda devido à inserção de novos equipamentos na rede. “Quando o projeto de determinada instalação privilegia demasiadamente alguns critérios de racionalização, visando a redução de custos na fase de execução, aumentos de carga elétrica ou mudanças de demanda não previstos podem facilmente acarretar cenários de risco incompatíveis com a qualidade do produto entregue pela construtora”, afirma Marcello Seggiaro, responsável técnico na empresa Elétrica Segura Infraestrutura Elétrica. Conhecer os reais limites das instalações e as características técnicas dos equipamentos torna-se essencial para minimizar a ocorrência do problema.

EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS

Embora os equipamentos mais eficientes sejam muito bem-vindos e se mostrem extremamente interessantes, ainda são necessários outros cuidados
Marcello Seggiaro

Apesar de diversos equipamentos elétricos acabarem, de certa maneira, contribuindo com o aumento do aporte de carga em uma edificação, o que realmente determina a qualidade do excesso que será imposto à infraestrutura é o conjunto formado pelos fatores quantitativo, disponibilidade e tipo de uso.

Um exemplo seria a instalação de equipamentos de ar-condicionado em edificações prediais que não os previu, mesmo que isso ocorra paulatinamente. Em casos assim, é provável que certas características da envoltória da edificação sejam responsáveis pelo baixo desempenho térmico de espaços internos. Com isso, há uma grande chance de que muitos equipamentos estejam em operação simultânea e por longos períodos de tempo. “Em um dia de sol intenso, será deflagrado o evento de sobrecarga elétrica”, fala Seggiaro, ressaltando que em um país tropical como o nosso existem diversas épocas de forte calor. Ao longo dos anos, o aumento de consumo elétrico pode exigir reparos emergenciais, implicando em gastos consideráveis.

Alguns equipamentos disponíveis atualmente no mercado são submetidos a processos de certificação para aferir a eficiência energética. Nesse contexto, é possível destacar aqueles que são avaliados pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE). Entretanto, a simples especificação dessas soluções não é garantia de que o aumento do aporte de carga elétrica deixará de ocorrer. “Embora os equipamentos mais eficientes sejam muito bem-vindos e se mostrem extremamente interessantes, ainda são necessários outros cuidados”, ressalta o especialista.

Confira também: 

Acessórios e ferragens para instalações elétricas

Condutores elétricos

Conectores elétricos 

Fios e cabos elétricos de cobre encapados

SIMULAÇÃO E MEDIÇÃO DO CONSUMO

Cada caso particular deve contar com verificações mais aprofundadas, vistoria das instalações e levantamento consistente das características de uso
Marcello Seggiaro

A etapa de elaboração do projeto elétrico é essencialmente preditiva, ou seja, baseada em presunção. Isso acontece porque, nessa fase, é comum que ainda não existam informações adequadas e suficientes sobre os hábitos de consumo dos futuros usuários da instalação. “É utilizada a experiência anteriormente absorvida pelo projetista, a partir de trabalhos que apresentem características semelhantes ao projeto em curso”, destaca o engenheiro. Já quando as instalações estiverem em situação real de uso, é aconselhável que sejam realizados monitoramentos periódicos da demanda elétrica e de vistoria de toda a infraestrutura.

Embora com chances de imprecisão, existem algumas formas de calcular se existe a ocorrência de sobrecargas no sistema elétrico. “É possível supor que em edificações onde não aconteceu nenhum tipo de sinistro considerável, os eventos associados com a sobrecarga elétrica podem estar relacionados às ocorrências que apresentam até o dobro daquilo que deveria ser observado em situação normal”, afirma o engenheiro, destacando que esse cenário imaginário é baseado na análise de algumas infraestruturas. “Cada caso particular deve contar com verificações mais aprofundadas, vistoria das instalações e levantamento consistente das características de uso”, completa.

CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS

As certificações de eficiência, como LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) ou Procel Edifica, procuram somente garantir determinados níveis de desempenho, quando do uso regular de sistemas que se encontram em operação no organismo predial. Caso o aporte suplementar e indiscriminado de carga elétrica ocorra em construções que têm algum selo ambiental, ele também pode submetê-las aos mesmos efeitos negativos observados em edifícios que não contam com qualquer certificação.

Assim, defeitos e falhas na entrega da eletricidade, prejuízos na qualidade da energia, sobrecargas e curtos-circuitos podem naturalmente ocorrer. “Os processos de obtenção das certificações em questão encontram-se associados a investimentos complementares em infraestrutura. Com isso, eventuais ocorrências de incêndio envolvendo edificações certificadas podem elevar ainda mais os custos com reparos”, finaliza Seggiaro.

Leia também:
Sistema de alta tensão exige cuidados
Revisão de instalações elétricas reduz consumo de energia
Instalações elétricas aparentes: conheça vantagens e técnicas

Colaboração técnica

Marcello Seggiaro
Marcello Seggiaro – Graduado em Engenharia Elétrica pela Escola de Engenharia Mauá – Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia. Ministrou diversas disciplinas em cursos de graduação em engenharia elétrica e engenharia de controle e automação. Atuou como engenheiro pleno de projetos da empresa do Metropolitano de São Paulo – Metrô. Atualmente, ocupa o cargo de responsável técnico na empresa Elétrica Segura Infraestrutura Elétrica, elaborando estudos de levantamento de carga elétrica voltados para edificações comerciais, residenciais e industriais.