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Argamassa expansiva permite demolir estruturas sem empregar explosivos

Solução, também conhecida como desmonte a frio, é indicada para remoção de rochas ou estruturas de concreto

Publicado em: 01/12/2016

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Argamassa-expansiva
Indicado para locais onde não é possível usar explosivos, como em áreas urbanas, material se expande com força suficiente para quebrar concreto e rochas (Crédito: hanohiki/Shutterstock.com)

Cenários onde a demolição não pode ser realizada com uso de materiais explosivos convencionais necessitam de soluções específicas, como a argamassa expansiva. A técnica, que também é conhecida como desmonte a frio, utiliza um agente de alta segurança composto à base de cal virgem. O material é misturado com água, o que provoca reação química de alto poder e enorme tensão expansiva, superior a 7 mil toneladas por metro quadrado. Essa energia é suficiente para demolir todo tipo de rocha ou concreto, já que a resistência máxima desses elementos varia de 1,5 mil a 3 mil toneladas por metro quadrado.

“A argamassa expansiva é indicada para espaços reduzidos, além de áreas de difícil acesso e que apresentam riscos explosivo ou inflamável, como as urbanas”, explica o engenheiro Antônio Carlos Caetano, sócio da MsLpc, empresa que realiza suporte técnico para mineração e obras de construção pesada. Uso comum da solução é na remoção de materiais rochosos encontrados durante as escavações para execução das fundações. Quando houver água nos furos que receberão a argamassa, o material deve ser encapsulado, pois o líquido alterará a proporção da mistura e inibirá as reações químicas.

A argamassa expansiva é indicada para espaços reduzidos, além de áreas de difícil acesso e que apresentam riscos explosivo ou inflamável, como as urbanas
Antônio Carlos Caetano

O planejamento da demolição com argamassa expansiva começa com a escolha dos horários em que a ação será realizada. “É indicado que aconteça cedo, antes de o sol sair, ou no início da noite, quando as temperaturas estão mais baixas e não aceleram a reação da mistura”, recomenda o profissional, destacando que é importante contratar empresa com experiência comprovada no manuseio da solução. “A aplicação errada fará a argamassa não reagir”, afirma.

EXECUÇÃO

O passo a passo da execução começa com a realização de furos com pequenos diâmetros – de 40 mm ou menores – na estrutura de concreto ou rocha. O espaçamento entre uma abertura e outra tem que ser de dez a 15 vezes o diâmetro do furo. “A preparação da mistura é feita com água fria e limpa, na proporção de 3 litros para cada 10 kg de argamassa”, fala Caetano. A injeção do material nas aberturas pode ser realizada com uso de um funil e deve acontecer em, no máximo, 15 minutos após misturar a argamassa. Os furos precisam ser todos preenchidos completamente.

Entre os equipamentos empregados na execução estão um balde e o misturador, usados para deixar o produto no ponto exato de aplicação, quando a mistura assume aspecto homogêneo. “O profissional que manuseia a solução precisa vestir máscara, óculos e luvas. A cal virgem pode provocar irritação nas mucosas, por isso a necessidade de equipamentos de proteção”, ressalta Caetano.

COMO FUNCIONA

A reação que ocorre com a argamassa nada mais é do que o resultado da hidratação de alto poder expansivo. O movimento provoca uma força de compressão no espaço entre os furos carregados, gerando uma força de tração que provoca trinca no material e posterior ruptura. Geralmente, o produto demora cerca de 24 horas para agir e fazer com que a estrutura a ser removida fique toda fragmentada. Com o material em pedaços, é possível utilizar uma marreta para reduzir ainda mais o tamanho dos resíduos até que possam ser carregados para fora do canteiro.

A técnica é bem mais cara do que qualquer outra solução. Por isso, é indicada somente para casos em que realmente não é possível usar explosivos
Antônio Carlos Caetano

São raros os imprevistos durante a demolição com argamassa expansiva. “O mais crítico é o efeito champanhe, que ocorre quando a mistura é expulsa do furo de maneira brusca, provocando um barulho parecido com o estouro de uma garrafa champanhe”, detalha o engenheiro. O fenômeno ocorre quando a reação da argamassa é acelerada. Entre os principais motivos causadores estão a utilização de água quente na mistura ou se a temperatura no interior do furo estiver alta devido ao sol.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

A grande vantagem da argamassa expansiva é o fato de o material poder ser aproveitado em áreas urbanas sem a necessidade de isolamento do local. Outro ponto positivo é que não é necessária a obtenção de nenhuma licença para sua utilização. Já as principais desvantagens são a baixa produtividade, a falta de normas técnicas e o alto custo. “A técnica é bem mais cara do que qualquer outra solução. Por isso, é indicada somente para casos em que realmente não é possível usar explosivos”, finaliza Caetano.

Colaboração técnica

Antônio Carlos Caetano – Graduado em Engenharia de Minas pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Tem mestrado em Sistema Integrado de Gestão – Área de Concentração Meio Ambiente pelo Centro Universitário SENAC. Ocupou cargos como consultor Internacional da ONU pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD (2005-2006), conselheiro do Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA) da Secretaria do Estado de Meio Ambiente de São Paulo (2002-2004) e conselheiro do Conselho de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CADES) da Prefeitura Municipal de São Paulo (1999–2004). Atualmente, é representante do Comitê da Cadeia Produtiva da Mineração (COMIN) e sócio da MsLpc.