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7 dicas para conquistar o selo LEED: conheça as mais importantes

Certificação de edifícios verdes é obtida por pontuação que considera aspectos relacionados à eficiência da construção e à redução de impactos ambientais na operação

Publicado em: 13/03/2019Atualizado em: 15/03/2019

Texto: Juliana Nakamura

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Existem quatro níveis de certificação, são eles: Certified (40 pontos), Silver (50 pontos), Gold (60 pontos) e Platinum (de 80 pontos a 110 pontos) (Foto: zlikovec/shutterstock)

Já aplicado em mais de 540 empreendimentos, o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é uma das certificações ambientais mais populares no Brasil. Seu objetivo é incentivar a transformação de projetos para que as edificações se tornem mais sustentáveis.

Vários motivos levam empreendedores e administradores a buscarem essa certificação concedida pelo GBC (Green Building Council). Entre eles, a redução de custos operacionais e riscos regulatórios, a valorização do imóvel, a ampliação da retenção de moradores e locatários, e a imagem de um empreendimento conectado com as demandas atuais da sociedade.

Obter o selo exige investimentos financeiros com o pagamento de taxas e a contratação de consultoria especializada (não obrigatória, mas recomendável). Além disso, pode haver um acréscimo nos custos da obra provocado por alterações no projeto para torná-lo mais sustentável.

Os edifícios podem ser certificados em quatro níveis em função da quantidade de pontos contabilizada: Certified (40 pontos), Silver (50 pontos), Gold (60 pontos) e Platinum (de 80 pontos a 110 pontos).
A seguir, você pode conferir quais são as estratégias que mais pesam na obtenção da pontuação LEED. Confira:

Seleção de sistema construtivo

O impacto da escolha do sistema construtivo na soma de pontos para o selo LEED se dá por duas vertentes. A primeira é a performance da envoltória do ponto de vista energético, que pode ser maior ou menor, a depender do desempenho da vedação com relação a ganho de calor, por exemplo.

Soluções que não colaborem para o esgotamento de recursos naturais e que tenham uma pegada de impacto ambiental menor, tendem a ser valorizados
Adriana Petrella Hansen

A segunda diz respeito ao consumo de materiais. “Há um item novo que trata da pegada de impacto ambiental do edifício em função do consumo de materiais. Soluções que não colaborem para o esgotamento de recursos naturais e que tenham uma pegada de impacto ambiental menor, tendem a ser valorizados”, explica Adriana Petrella Hansen, gerente de consultoria LEED AP no Centro de Tecnologia de Edificações (CTE).

Ainda com relação aos materiais, ganham pontos os projetos que utilizam produtos com materiais reciclados, que utilizam componentes naturais rapidamente renováveis e produzidos perto do local da obra.

Eficiência energética

Esse é o item que mais pesa na pontuação LEED. A eficiência energética nas edificações pode ser conquistada com estratégias simples, como simulações energéticas, medições, comissionamento de sistemas e utilização de equipamentos e sistemas mais eficientes. Dada a relevância, essa categoria responde por algo em torno de 30% dos 110 pontos possíveis na certificação.

Outras estratégias que contam positivamente para a soma de pontos:

• uso de equipamentos que otimizem o consumo de energia (elevadores inteligentes e sensores de presença para iluminação, por exemplo);
• geração local de energia renovável.

Localização e transporte

Essa é outra área que, quando bem trabalhada, pode contar muitos pontos para a certificação. Mas, para a obtenção de grande parte dos pontos dessa categoria, é fundamental que seus requisitos sejam observados ainda no processo de seleção do terreno. Isso porque há muitas ações vinculadas às características da localidade, como o posicionamento do empreendimento em um local com boa conectividade com a rede de transporte público, por exemplo.

Após selecionado o terreno, outras ações podem ser adotadas (e pontuadas positivamente), como a inserção de vagas para veículos elétricos, a construção de bicicletário em local com conectividade para bicicletas, entre outras.

Eficiência no uso da água

Cerca de 10% dos pontos LEED podem ser obtidos com ações focadas no uso eficiente e racional da água potável. Nesse grupo enquadram-se estratégias como: aproveitamento de água das chuvas e uso otimizado de água no paisagismo.

Inovação

As possibilidades são infinitas. Você pode criar desde soluções que extrapolam aquilo que a certificação já trabalha, bem como desenvolver algo novo e relevante
Adriana Petrella Hansen

O selo LEED incentiva a busca de conhecimento sobre edifícios verdes e a adoção de soluções não descritas pela própria certificação. “As possibilidades são infinitas. Você pode criar desde soluções que extrapolam aquilo que a certificação já trabalha, bem como desenvolver algo novo e relevante”, comenta Hansen. Ela cita como exemplos as estratégias de acessibilidade e de redução de impacto na fauna urbana.

Prioridades regionais

O projeto que almeja a certificação LEED pode receber pontos extras quando são considerados aspectos relevantes para a região onde fica o empreendimento. “Se estamos, por exemplo, em uma área que sofre com escassez de água, ao adotar estratégias para elevar a eficiência do consumo o empreendedor pode receber uma bonificação”, explica Hansen. Ela conta que, no Brasil, um ponto sensível é a gestão de resíduos de obras. Ou seja, os empreendimentos que conseguem desenvolver boas práticas para reciclagem dos resíduos tendem a ganhar pontos extras.

Qualidade ambiental interna

Esse quesito aborda critérios que prezam pela qualidade ambiental interna do ar, principalmente nos ambientes em que as pessoas permanecem por longos períodos. Algumas ações que contam positivamente nesse critério são:

• presença de espaços com vista externa e luz natural;
• controle da ventilação;
• monitoramento da qualidade do ar;
• escolha de materiais com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis (COV).

Leia também: Museu do Amanhã deve receber LEED ouro

Colaboração técnica

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Adriana Petrella Hansen – Mestre em engenharia química pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, graduada em Engenharia Ambiental pelo Centro Universitário Senac. É gerente de consultoria LEED AP no Centro de Tecnologia de Edificações (CTE).