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5 dicas para começar a usar tecnologias digitais nos canteiros de obras

Confira algumas boas práticas que podem tornar o processo de implantação de novas soluções mais tranquilo e assertivo

Publicado em: 10/06/2021Atualizado em: 11/06/2021

Texto: Juliana Nakamura

Tecnologias digitais nos canteiros de obras
Construtoras líderes em seus mercados têm o apoio de hardwares, softwares e aplicativos mobile (Foto: Rawpixel.com/Shutterstock)

Em construtoras líderes em seus mercados é possível notar uma mobilização para incorporar tecnologias digitais nos canteiros de obras. A ideia é levar a gestão das obras a novos patamares de eficiência e segurança com o apoio de hardwares, softwares e aplicativos mobile.

A pesquisa “A transformação digital na construção civil”, realizada pelo Portal AECweb em 2020, deu alguns números a esse movimento. Na amostragem composta por mais de 500 empresas, 84% dos entrevistados afirmaram que a transformação digital é essencial para a recuperação econômica do setor. Entre os principais motivos apontados pelas empresas para investir na digitalização dos canteiros de obras estão melhorar o planejamento e o controle (32%), aperfeiçoar a gestão operacional de processos (32%) e promover maior integração entre o escritório e a obra (18%).

Ao longo dessa jornada de mudança, há muitos obstáculos a serem vencidos. Há, por exemplo, a necessidade de alterar processos, o investimento em infraestrutura de TI e na aquisição de licenças, além da capacitação das equipes e da mudança cultural na empresa. Confira a seguir algumas dicas que podem ajudar a superar as barreiras que impedem os canteiros de obras de serem mais tecnológicos:

1- Mapeamento das necessidades

A implantação de tecnologias digitais nas obras deve começar por um trabalho de identificação de dores a serem solucionadas. Isso pode ser feito, por exemplo, com a formação de uma equipe para analisar a viabilidade das tecnologias disponíveis e selecionar, em um universo de múltiplas opções, as ferramentas mais aderentes aos processos da construtora.

Os trabalhadores já consomem muita tecnologia. Só precisamos ser capazes de desenvolver soluções adaptadas às necessidades deles e que gerem pouco atrito de entrada
Diego Mendes

“Apenas desenvolver software e mandar para o canteiro não vai fazer a indústria ser mais tecnológica. É necessário entender a dinâmica do canteiro e desenvolver soluções que atendam as necessidades e particularidades desse local”, salienta Diego Mendes, diretor de operações da Trutec. Segundo ele, já passou a hora de abandonar a ideia de que o canteiro de obras não é capaz de absorver a digitalização. “Os trabalhadores já consomem muita tecnologia. Só precisamos ser capazes de desenvolver soluções adaptadas às necessidades deles e que gerem pouco atrito de entrada”, reforça Mendes.

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2- Capacitação e engajamento das equipes

Um ponto de alta criticidade no processo de digitalização dos canteiros é conquistar o engajamento dos colaboradores. Nesse ponto, é fundamental ser hábil na comunicação e apresentar a tecnologia como uma facilitadora. “Para que as soluções sejam implantadas de forma efetiva, devemos envolver, capacitar e engajar todos os colaboradores. Profissionais integrados e com uma visão inovadora são a base para uma transformação digital na construção civil”, avalia Clovis Antonio Sant’Anna Filho, diretor técnico da RNI.

3- Seleção criteriosa

É importante observar quantas licenças a ferramenta digital oferece, se o sistema funciona em nuvem, se trabalha online ou offline. Afinal, algumas obras têm acesso limitado à internet
Rodrigo Giacomazzi

Antes de optar por uma tecnologia digital para uso no canteiro, é prudente que o construtor realize algumas análises. “É importante observar quantas licenças a ferramenta digital oferece, se o sistema funciona em nuvem, se trabalha online ou offline. Afinal, algumas obras têm acesso limitado à internet”, afirma Rodrigo Giacomazzi, coordenador de obras da construtora Bidese.

Segundo ele, vale observar, ainda, a mobilidade da solução, a infraestrutura de TI necessária e a compatibilidade com os equipamentos existentes. “O construtor deve checar se a ferramenta oferece um suporte ao cliente adequado, a avaliação dada por outros usuários, a possibilidade de integração com outros sistemas existentes, o número de licenças a serem adquiridas e qual o limite de usuários do sistema, já pensando em um crescimento futuro da empresa”, continua o engenheiro.

4- Busca por soluções integradas

Quando se fala em introduzir novas tecnologias em canteiros de obras, outros aspectos sensíveis são a interoperabilidade entre os sistemas, a padronização de protocolos e as políticas de comunicação. Afinal, de pouco vale dispor de muitos recursos tecnológicos se eles não conversarem entre si e com a plataforma utilizada pela construtora no escritório. “Uma recomendação é evitar a Torre de Babel dos sistemas, ou seja, várias plataformas trabalhando de forma independente e sem nenhuma integração”, sugere Ralph Montelo, diretor do produto Construpoint, da e-Construmarket.

5- Estabelecer parcerias com startups

Aproximar-se do ecossistema de inovação é um caminho utilizado por muitas construtoras interessadas em digitalizar seus processos. “Há muito espaço para as construtoras e startups mudarem a visão conservadora na construção civil”, comenta Sant’Anna Filho. Segundo o Mapa de Startups realizado em 2020 pela Terracotta Ventures há mais de 700 startups voltadas à indústria da construção e ao mercado imobiliário ativas no país. Muitas dessas construtechs e proptechs podem oferecer soluções para abreviar as atividades no canteiro, favorecer a comunicação e controlar variáveis que impactam o custo, o cronograma e a qualidade das obras.

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Colaboração técnica

 
Rodrigo Giacomazzi — Engenheiro civil pós-graduado em gerenciamento de projetos e MBA em controladoria em finanças. Auditor interno ISO-9001, é coordenador de obras da Construtora Bidese.
 
Clovis Antonio Sant’Anna Filho — Engenheiro civil com MBA em gestão estratégica e econômica de projeto. É diretor técnico da construtora e incorporadora RNI, empresa do Grupo Rodobens.
 
Diego Mendes — Engenheiro civil e analista de sistemas, é diretor de Operações da Trutec.
 
Ralph Montelo — Formado em análise e desenvolvimento de sistemas, é diretor do produto Construpoint, na e-Construmarket.