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Tratamento acústico de lajes para atendimento à nova norma ABNT NBR 15575

Publicado em: 08/04/2016

Em julho de 2013 entrou em vigor a Norma ABNT NBR 15575, que trata dos requisitos de desempenho para edificações habitacionais. A norma destaca vários critérios quantitativos e qualitativos para os sistemas construtivos da edificação, sejam eles estrutura, coberturas, vedações interna e externa, sistemas hidrossanitários e sistemas de pisos internos. Cada um desses sistemas deverá atender a critérios mínimos como durabilidade, vida útil, conforto térmico e acústico, entre outros. Um dos critérios mais polêmicos da nova norma é o desempenho acústico de pisos internos, que requer um sistema desconhecido para muitos profissionais da construção civil: o contrapiso flutuante.

A atenuação de ruídos aéreos (sons que se propagam pelo ar) e de impacto (passos e queda de objetos no piso) devem ser abordados de forma diferente. O ruído aéreo pode ser atenuado instalando-se espumas e lãs acústicas no forro, diminuindo a transmissão de sons entre o andar superior para o inferior, podendo ser instalado depois da entrega da obra. Isso já não acontece com a atenuação de ruídos de impacto. A única forma de atenuar esse tipo de ruído é instalando o “contrapiso flutuante”, que precisa ser executado antes do revestimento do piso da unidade habitacional.

O contrapiso flutuante tem essa denominação por estar isolado do contato com a estrutura do prédio, diferente do contrapiso aderido. Abaixo da camada do contrapiso deve ser utilizado um material resiliente que amortece as ondas sonoras, impedindo que o ruído ocasionado pela queda de objetos e sons de saltos se propague pelo edifício. Existem muitos materiais resilientes no mercado, como mantas de borracha, espumas elastoméricas, de polietileno expandido, entre outros. A escolha do material deve ser realizada pelo desempenho que o mesmo proporciona, verificando qual é o critério que se deseja atender de acordo com a norma, que padroniza níveis mínimos, intermediários e superiores. Escolhido o material, deve-se ter cuidado com o procedimento de instalação, pois não adianta um material ter alto desempenho se a instalação apresentar falhas e gerar pontes acústicas, responsáveis pela transmissão sonora.

Para entender melhor como o contrapiso flutuante é executado, deve-se realizar uma análise na laje, verificando suas características. Após limpeza e regularização, inicia-se a aplicação do produto, que geralmente se apresenta em forma de mantas de diferentes espessuras. As laterais das paredes que tiverem contato com o contrapiso também devem ter o produto resiliente. Muitas empresas fazem uma virada da manta junto ao rodapé para impedir esse contato. Após instalar o produto, inicia-se o procedimento de lançamento da argamassa sobre o piso. Os profissionais deverão verificar as recomendações do fornecedor do produto para determinar quais serão os procedimentos adequados. Normalmente, os contrapisos flutuantes requerem espessura mínima de 40 mm, podendo ser armados ou não, dependendo da compressibilidade do material utilizado. O tipo de argamassa, seca ou autonivelante, deve ser levado em conta, pois a instalação incorreta pode acarretar fissuras no contrapiso. Após lançado o contrapiso, deve-se proceder com os acabamentos superficiais, seguindo as recomendações do manual de instalação do produto.

Existem hoje diferentes tipos de materiais que são utilizados para promover a atenuação acústica através do sistema de contrapiso flutuante. É importante que toda a cadeia construtiva tenha consciência do seu papel para que o desempenho seja atendido a curto, médio e longo prazos. Ao projetista cabe especificar o produto adequadamente, solicitando aos fornecedores as informações técnicas, de forma que consiga comparar produtos e desempenho. Às construtoras cabe a correta instalação do sistema, testando em ensaios de campo se os mesmos atendem aos requisitos mínimos apresentados na norma. Às incorporadoras, cabe apresentar o manual de uso e operação do edifício e, aos usuários, cabe atender às especificações de uso e manutenção contidas nos manuais, assegurando assim o desempenho dos sistemas construtivos.