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O bom design na prática

Publicado em: 03/09/2008

Por comodidade, encurtamos o Industrial Design para chamá-lo apenas de Design. Mas nem por isso devemos esquecer esta sua origem, seu lado mais mercadológico. Um bom designer é aquele que, além de ter talento, inova e consegue criar já pensando na execução da idéia. Concretizar um projeto está na essência do design e da inovação. Se um projeto não se concretiza, ele não inova e é apenas um projeto, dentro do universo das criações livres e etéreas.

Como designer, arquiteto e industrial da área de móveis de escritório, posso dizer que é vital para um bom designer saber trabalhar em equipe. Há uma série de profissionais envolvidos em todo o processo de um projeto, desde a sua idealização até chegar ao consumidor. Neste circuito todo, contamos com profissionais dos mais variados setores como prototipistas, engenheiros de produção, técnicos em geral, técnicos da informação, administradores, colaboradores de piso de fábrica, profissionais de logística, transporte, montagem. Isto só no ambiente da indústria. Ainda contamos com o pessoal da área estratégica, como a equipe do marketing, publicidade, assessoria de imprensa, fotógrafos, web designers, designers gráficos, entre outros.

Em contato mais direto com o público, temos ainda a equipe comercial, que inclui os vendedores (verdadeiros consultores), a equipe de design comercial (que elabora layouts e renderings dos projetos), e os arquitetos, que projetam os espaços. É uma grande rede de profissionais que trabalha desde a análise de uma demanda, uma nova forma de trabalhar, uma nova tecnologia, até a entrega do produto no escritório do cliente e seu feedback.

Para sair na frente, ter um diferencial, é essencial que o designer tenha uma boa noção do mercado. Na minha opinião, o design tem que ser surpreendentemente bonito. Mas além de belo, deve ser útil e prático. Para tanto, é preciso que o designer esteja aberto para o mundo. O bom designer tem uma forma especial de olhar as coisas ao seu redor. Com o seu apurado senso estético, ele sensorialmente e intelectualmente diferencia o que gosta e o que detesta. Atua usando sua intuição e conhecimento. Isso também se aplica no dia-a-dia do seu trabalho. É um aprendizado, se você cria utilizando como vetor a indústria, você tem que conhecê-la, tem que ter a capacidade de amar e detestar também as técnicas e tecnologias que vão produzir o que você sonhar.

Não tem fórmula mágica, know-how só se adquire na prática, no dia-a-dia. Em parceria com o marketing, por exemplo, o designer consegue se aproximar de seu público, já que muitas vezes está distante em seu estúdio criando e não consegue perceber certas necessidades de seu cliente. Como analista do comportamento das pessoas com relação aos produtos consumidos, o marketing acelera, facilita o sucesso de novos produtos no mercado. É esta área também que vai compreender aquele que vai usar e aquele que vai comprar, que nem sempre é a mesma pessoa. A equipe do marketing participa na criação dos produtos ao perceber quais necessidades temos que atender e em que ordem de prioridade. Resumindo, o designer sozinho não viabiliza seus projetos, afinal, ter idéias é o início deste processo, criativo mas também prático, que envolve o complexo trabalho de Desenho Industrial.