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Nomes e homenagens

Publicado em: 14/08/2015Atualizado em: 17/08/2015

Na foto de capa do Correio de quinta-feira, 2 de julho, uma bonita tomada aérea da Ponte, ainda Costa e Silva, que liga o Lago Sul de Brasília ao Plano Piloto. Receberá novo nome, bom se também recebesse a quarta faixa.

Segundo a matéria, depois de três tentativas malogradas, (1999, 2003, 2012), a Câmara Legislativa local votou pela troca do nome para Honestino Guimarães, ex-estudante de geologia da Universidade de Brasília (UnB) e desaparecido político durante a ditadura militar. 

Uma das boas recordações da vida universitária foi o tempo da militância estudantil, parte dele dedicado ao trabalho no Diretório Central dos Estudantes (DCE) Honestino Guimarães. Era meados de 1980, o regime militar já estava no fim e em que pese vez ou outra um embate com a polícia, encontrávamos tempo para produzir coisas interessantes: retomada do Festival Livre de Música Popular (Flimpo), do qual participaram as bandas Capital Inicial e Plebe Rude, então ilustres desconhecidos do público, os I Jogos Internos da UnB (JIUnBs), a grande festa "De Castelo a Figueiredo, Diretas no País das Fantasias" e as bolsas, mochilas e jaquetas com a logomarca do Diretório, que vendíamos para angariar fundos, primórdios do Marketing. Minha mãe carrega até hoje o exemplar de uma destas bolsas quando vai ao sítio, relíquia.

Derrubamos o Azevedo, reitor e interventor entre os anos de 1976 e 1985, mas quem sofreu mesmo foi Geraldo Ávila, reputado professor do departamento de Matemática, autor de três livros de Cálculo. Escolhido pelo então reitor para substituí-lo, não aguentou a pressão da comunidade acadêmica e mudou-se para a Unicamp. No seu lugar, a partir de uma lista sêxtupla escolhida através de eleições diretas com participação de professores, alunos e funcionários, assumiu o cargo o professor de economia Cristovam Buarque, que anos depois seria eleito governador de Brasília. 

Já formado, me surpreendia com a qualidade dos textos escritos pelo ex-reitor para o jornal Folha de São Paulo. Um detalhe interessante que me recordo é que nos primórdios da década de 1980, já defendia a necessidade de implantação do ensino à distância. 

O repórter aproveita para nos contar uma pouco da história da ponte. Não sabia que Oscar Niemeyer a projetara no longínquo 1967 e não me recordava que fora concluída em 1976, na gestão de Elmo Serejo Farias, governador visionário que construiu obras bastante criticadas à época e que se mostraram com o tempo determinantes para o desenvolvimento da capital, casos da "Via Estrutural", que liga Taguatinga, a maior Cidade Satélite de Brasília, ao Plano Piloto e o “Parque da Cidade”, um dos maiores parques urbanos do país. Como é que ele não prestou atenção na estreita largura da ponte?  

No início da carreira de engenheiro cuidei de algumas obras na Biblioteca Demonstrativa de Brasília, localizada na avenida comercial W3 Sul. Me chamava a atenção o compromisso de sua diretora, o tempo todo envolvida com as prateleiras de livros. Anos depois a vi noutra reportagem do Correio, desta vez como coordenadora de um projeto de integração social de presidiários através da leitura. Quando morreu a Biblioteca foi rebatizada com seu nome, Maria da Conceição Moreira Salles. Fosse viva, lamentaria o descaso do poder público com uma das raras bibliotecas públicas da capital federal, tempos atrás lacrada para acesso da população devido ao péssimo estado de conservação. 

Falta de conservação que é sina de outros importantes prédios públicos da cidade, incluídos aí o  Museu de Brasília, também Honestino Guimarães, e outra Biblioteca, a Nacional, que leva o nome de João Herculino, fundador de  importante  faculdade privada, o Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). O complexo Museu-Biblioteca é mais conhecido pelo público em virtude da imensa praça externa, utilizada por skatistas, patinadores e para a realização de shows de música ao ar livre nos finais de semana. 

Bibliotecas ajudam a construir pontes.