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Como a quarentena provocou o êxodo urbano para cidades que oferecem mais qualida

Publicado em: 19/10/2020Atualizado em: 09/11/2022

A pandemia e as medidas de isolamento social fizeram com que as pessoas precisassem adaptar a rotina de trabalho, estudos, lazer e até de saúde, trazendo essas atividades para dentro de casa. Com o tempo, o espaço doméstico precisou ser multifuncional, tendo a capacidade de atender a todas essas demandas ao mesmo tempo, sem abrir mão do conforto.

Mas muitas famílias, principalmente aquelas que moram em locais mais urbanos e populosos como as capitais de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, perceberam que o espaço de suas casas não era suficiente para dar conta de tantas mudanças. E para quem tem filhos pequenos, a dificuldade é ainda maior, já que as crianças precisam de um ambiente que garanta a mesma liberdade e diversão que tinham quando podiam sair antes da pandemia. Mesmo com a reabertura de parques, shoppings e lojas, o local mais seguro é a casa, enquanto ainda não existe uma vacina.

Com o início do período de isolamento social, os moradores das capitais que possuíam casas de campo ou de praia tiveram a opção de escolher passar os dias de confinamento nesses locais, como forma de refúgio. Mas boa parte daqueles que não tinham essa condição repensou a qualidade de vida nas capitais.

A necessidade de conforto e funcionalidade tem forçado um movimento de “êxodo” para cidades de interior ou litoral, locais que tradicionalmente oferecem melhores condições de vida, além de possibilitar o equilíbrio com custo mais acessível.

O preço de imóveis em locais urbanos é mais elevado do que costuma ser em cidades do interior. No caso de São Paulo, o custo do metro quadrado leva em conta a região em que o empreendimento está localizado, o fácil acesso a serviços de transporte e o estado do imóvel. Tudo isso é analisado antes – e é determinante na hora da decisão de comprar uma casa. Entretanto, um imóvel na faixa de R$ 200 mil na capital paulista é completamente diferente de outro pelo mesmo preço no interior. Na capital, uma parcela considerável das pessoas mora em apartamentos que costumam ter espaços com 45 m² e 65 m², considerando essa faixa de preço. Com a possibilidade de trabalho remoto, muitos têm refletido se vale a pena (ou não) morar na capital com essas condições.

A pandemia gerou um efeito interessante “no morar” das pessoas; existe, ainda, o movimento de remodelar o ambiente doméstico (isso para quem não abre mão de morar nas cidades urbanas ou não tem opção de trocar de casa, por diversos motivos). Com isso, vem a necessidade de reformular o ambiente e prepará-lo para estar o mais confortável possível para passar esse tempo, seja aumentando os cômodos ou criando um espaço dedicado aos estudos e ao home office.

Outro fator que possibilitou a chance de mudar de vida e de casa foi a queda de juros. A queda da taxa básica, a Selic, que no último corte chegou ao patamar de 2%, influenciou na redução do custo de aquisição para o financiamento do imóvel. E isso não só atingiu quem já tinha casa nas capitais, mas também aqueles que estavam na busca pelo imóvel próprio e que, agora, passaram a considerar morar em uma cidade mais tranquila, em uma casa com mais espaço, visto que esse planejamento é pensado a longo prazo.

Esse movimento de “êxodo” urbano não é uma novidade só do Brasil. Outros países viram isso acontecer durante a pandemia, como o Reino Unido, que passou por alterações no mercado imobiliário devido à migração das pessoas que decidiram sair de Londres para morarem em cidades mais baratas e com mais qualidade e custo de vida menor.

Não é possível afirmar ainda se o “êxodo” vai acontecer de forma massiva e se as capitais vão se esvaziar depois da pandemia, mas é fato que ela foi determinante para mudar a forma de pensar das pessoas. A “quarentena” fez com que nós passássemos um volume de tempo em casa que nunca tínhamos passado antes na vida, com raras exceções de quem já trabalhava em casa e isso nos fez valorizar mais ainda a nossa moradia.