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Fachada de madeira: por que e como fazer

Resistentes a intempéries, painéis de madeira podem ser funcionais ao driblarem olhares intrusos e filtrarem a luz do sol. E vão além: valorizam, e muito, o projeto mesmo quando a intenção é só revestir a alvenaria

Publicado em: 01/04/2015Atualizado em: 28/03/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Painéis de madeira podem ser utilizados no revestimento de fachadas para aquecer o desenho reto e moderno das casas contemporâneas. A madeira tem uma qualidade estética marcante. Sua cor e textura deixam as fachadas menos ‘frias’ além de marcar volumes e formas. “A madeira também é um material com ótima interface estética com outros elementos como a pedra, o concreto e o vidro”, diz o arquiteto Lucas Padovani, do escritório Padovani Rodrigues Arquitetos Associados.

A solução é utilizada para filtrar ou bloquear a luz natural. “Também pode ser aplicada como revestimento da alvenaria entre os vãos, quando o objetivo é ter uma integração linear dos volumes”, argumenta

O material colabora, ainda, com o isolamento térmico e acústico das residências. “Quando os painéis possuem espaçamento vazado entre as madeiras, também permitem ventilação com sombreamento e privacidade”, completa o arquiteto.

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TIPOS DE PAINÉIS

Quando não são placas de madeira revestindo a alvenaria simplesmente pela busca de textura e volume, os painéis de madeira que revestem fachadas também podem ser móveis, como os de correr, os painéis-camarão e os de giro. “A escolha depende do objetivo do arquiteto. Por exemplo, os painéis pantográficos permitem a abertura total do vão para entrada da luz, e sua abertura segmentada ocupa menos espaço. Painéis de correr só atendem este objetivo quando correm por fora/dentro da alvenaria ou embutidos”, exemplifica Lucas Padovani.

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O muxarabi, por exemplo, é um painel vazado ou treliçado, cuja principal função no mundo árabe era proteger as mulheres dos olhares masculinos e trazer conforto térmico, filtrando a luz solar incidente. Este foi um elemento muito utilizado nas aberturas, varandas e janelas da época, e um efeito muito comum ainda hoje. “Além destas funções, tais painéis também traziam efeito estético marcante para as construções”, diz Padovani.

De acordo com o arquiteto, nos dias de hoje, há uma intensa busca dos clientes por ambientes mais integrados e iluminados, e, com isso, surge também a utilização de caixilhos maiores, e painéis piso-teto. Por este motivo, a aplicação de painéis de madeira, como brises, por exemplo, que filtram um pouco a entrada de luz, tem sido mais frequente.

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FACHADA DE MADEIRA DE DEMOLIÇÃO

A disponibilidade da madeira depende das regiões e também do orçamento da obra, mas, em geral, as mais utilizadas para estes fins são o cumaru e o freijó. Madeiras de demolição reaproveitadas como peroba rosa, por exemplo, também já são encontradas em painéis de revestimento. Afinal, não é todo tipo de madeira que deve ser usada para revestir.

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CERTIFICAÇÃO

De acordo com o arquiteto Lucas Padovani, existem empresas com procedimentos alinhados às exigências ambientais para se fazer um manejo correto. Uma das maneiras de ter certeza de que a madeira é realmente sustentável é verificar se a empresa tem certificado de procedência. “Existem alguns órgãos competentes para estes tipos de certificação como o FSC Forest Stewardship Council®, por exemplo”, orienta Padovani.

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FACHADA DE MADEIRA PLÁSTICA

Para quem não se importa com o material natural, mas sim com o aspecto da madeira, já existem outros tipos de materiais que a imitam, podendo substitui-la sem perder a qualidade estética como madeira plástica ou biossintética, feita, entre outros materiais, com plástico e fibras vegetais. “Uma das vantagens desta aplicação é a redução dos custos de manutenção, pois este material não precisa ser envernizado, além de ter um valor ecológico mais evidente. Porém, os valores ainda são mais altos que a madeira natural, e o acabamento não é tão refinado”, diz o arquiteto. Na fachada da portaria deste condomínio em Campinas, utilizou-se um painel de madeira plástica. “A intenção aqui foi a entrada de luz com privacidade, pois ali existe a circulação de serviço dos seguranças, banheiros de serviço, copa e etc. Então o painel deixa a volumetria atraente e, ao mesmo tempo, esconde as vistas indesejáveis”, afirma Lucas Padovani.

Colaborou para esta matéria

Lucas Padovani – Nascido em Campinas em 1984, Lucas Padovani (à esquerda) é arquiteto com formação acadêmica na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP). Durante o período se especializou em concepção de projetos na graduação da Universidade de Sevilha – Espanha. Ainda nesse momento atuou como responsável em concurso internacional de arquitetura pelo escritório TRC Arquitectos, no qual foi um dos contemplados dentre diversos escritórios de renome internacional. Retornando ao Brasil, trabalhou como arquiteto e posteriormente coordenador de projetos em escritório premiado e referência em arquitetura contemporânea residencial, na cidade de São Paulo. Em 2009, cria juntamente com Fabrício Rodrigues (à frente à direita) o escritório Padovani Rodrigues Arquitetos Associados.