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Estrutura em balanço proporciona visual leve à arquitetura

Em alguns casos, o recurso é a única técnica viável para resolver condicionantes de projeto, como ausência de espaço para apoio em reformas e terrenos complexos

Publicado em: 22/03/2017Atualizado em: 29/03/2023

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Projeto: Casa Redux, por studio mk27 (Foto: Fernando Guerra)

Suspensa no ar, a estrutura em balanço é um recurso arquitetônico que imprime leveza visual ao projeto e flexibiliza a circulação abaixo dela, pois se estende de forma levitada, sem apoios visíveis tocando no solo. A sustentação acontece em apenas uma das extremidades da estrutura, por ancoragem ou por contrapeso.

Para entender melhor sobre o recurso, o arquiteto Leonardo Shieh aponta alguns exemplos presentes em nosso dia a dia. “Uma prateleira suspensa da parede é uma aplicação em microescala. Uma construção de ponte – em escala oposta – pode ser executada por dois píeres suportando grandes estruturas em balanço, até sua união em ponto central”, conta o profissional, que é sócio do escritório Shieh Arquitetos Associados.

Projetar a estrutura em balanço por desejo compositivo é como desafiar a lei da gravidade – algo que sempre interessou ao ser humano
Leonardo Shieh

ESTÉTICA X FUNÇÃO

Preponderantemente, a estrutura em balanço é adotada para fins técnicos. Em alguns casos, pode ser o único recurso viável para solucionar condicionantes de projeto, como ausência de espaço para apoiar a estrutura em reformas, terrenos complexos, entre outras situações.

Mas nada impede que o arquiteto projete a estrutura em balanço por desejo compositivo. “Nesse caso, é como desafiar a lei da gravidade – algo que sempre interessou ao ser humano”, salienta Shieh.

‘Quebrando’ volumes sólidos plantados no chão, a estrutura em balanço agrega uma característica única ao projeto. “Devido à estrutura arrojada, com menos apoios, ela dá uma sensação de leveza”, explica o arquiteto Gabriel Ranieri, diretor de projetos do Studio Arthur Casas.

Devido à estrutura arrojada, com menos apoios, ela [estrutura em balanço] dá uma sensação de leveza
Gabriel Ranieri

Fora isso, o balanço também figura como uma maneira inteligente de permitir que aconteçam atividades abaixo da estrutura, como circulação de carros, por exemplo. Em escalas menores, o recurso também é usado em beirais de cobertura, marquises e varandas.

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CUIDADOS DE PROJETO

Para projetar uma estrutura em balanço, é necessário rigor no cálculo estrutural em relação à ancoragem ou contrapeso de apoio, antes do plano suspenso. Além disso, outros aspectos devem ser considerados no cálculo, como cargas que serão aplicadas na estrutura, dimensão do volume que ficará suspenso (esbelteza) e terreno onde será feita a execução.

“Além dos cálculos, o posicionamento correto das armaduras configura outro cuidado relativo ao projeto estrutural do balanço, para que se evitem fissuras e deformações”, acrescenta o arquiteto Marcos Jobim, do escritório Jobim Carlevaro Arquitetos.

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Balanço de 5 metros. Projeto: Centro de Visitantes
Indústria B&F Dias, em Vinhedo, SP. Escritório responsável:
Shieh Arquitetos Associados (Foto: Divulgação)

De acordo com Shieh, quando o projeto já nasce com a premissa do balanço, o conceito inteiro da construção facilita a projeção do recurso. “É o caso de vigas contínuas, em que um trecho sobressai em balanço. Nesse caso, a linguagem arquitetônica é provavelmente mais pura e verdadeira”, indica o arquiteto.

A execução do balanço pode ser feita com materiais pré-fabricados ou com soluções moldadas in loco, como concreto armado ou o misto metal-concreto. “Com estruturas metálicas, torna-se crucial visualizar antecipadamente a sequência de montagem, especialmente se não houver possibilidade de escoramento abaixo”, orienta Shieh.

IMPACTO NO CUSTO DA OBRA

Em comparação com planos convencionais, a estrutura em balanço apresenta custos de obra ligeiramente maiores. “Tem um acréscimo no valor por se tratar de uma estrutura não convencional, o que requer materiais e quantidades diferentes”, observa o arquiteto Fernando Vidal, diretor geral e de design do escritório Perkins+Will.

Os custos podem aumentar dependendo das características do balanço, como no caso de demandar maior quantidade de armaduras ou para viabilizar estruturas mais arrojadas, entre outros fatores.

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Colaboração técnica

Fernando Vidal – Trabalha na RVPW e Perkins+Will há 17 anos, e como sócio desde 2001, desenvolvendo a função de diretor geral e design. Já participou de diversos projetos de interiores corporativos, sempre buscando entender a necessidade real do cliente e desenvolver projetos criativos e inovadores. A qualidade do projeto e o processo sempre foram premissas nos seus trabalhos. Já trabalhou com projetos de diferentes áreas, como advocacia, publicidade, bancos, instituições financeiras, industrias entre outros.
Gabriel Ranieri – Diretor de projetos do Studio Arthur Casas. Formou-se pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de Arquitetura e Urbanismo. Colaborou em diversos concursos públicos nacionais e internacionais durante sua graduação. Destacou-se como coautor de projetos premiados, como o Concurso Nacional de Ideias do Pelourinho em março de 2012, Concurso Nacional de Projetos Campus Cabral UFPR em julho de 2012, Concurso para o Novo Centro Administrativo do Maranhão em agosto de 2013, e mais recentemente o Concurso Nacional Para o Pavilhão do Brasil na EXPO de Milão de 2015.
Leonardo Shieh – Arquiteto formado pela FAU-USP em 2001, e com mestrado pelo MIT em 2006. Professor de arquitetura da Universidade São Judas Tadeu desde 2008, e sócio do escritório Shieh Arquitetos Associados.
Marcos Jobim – Arquiteto formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Possui três anos de experiência profissional em Barcelona e estudos avançados em projetos arquitetônicos pela Universidade Politécnica da Catalunha. É sócio-diretor dos escritórios Jobim Carlevaro Arqutetos e ARK7 Arquitetos.