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Drywall também pode ser instalado em áreas molhadas

Para usá-lo em banheiros basta escolher a chapa certa e fazer uma boa impermeabilização

Publicado em: 25/04/2013Atualizado em: 04/08/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket


Mesmo sendo resistentes à umidade, as placas de drywall destinadas a áreas molhadas devem ser impermeabilizadas (foto: Rachid Jalayanadeja / shutterstock)

No revestimento de áreas molhadas, como banheiros e cozinhas, o drywall deve ser feito com chapas de gesso mais resistentes à umidade e, ainda, impermeabilizadas.

“Para aplicar o sistema drywall em áreas molhadas, é indicado usar chapas de gesso resistentes à umidade, chamadas de chapa verde, feitas com aditivo hidrofugante”, elucida o arquiteto Fagner Mendes Gava, do escritório FMG Arquitetura e Conceito.

Cabe ao aditivo aumentar a resistência das placas ao contato com a água. “Além disso, é necessário impermeabilizar a parte inferior, pois o gesso possui muita porosidade, aumentando a absorção”, comenta Eliene Ventura, gerente técnica da Vedacit/Otto Baumgart.

“A impermeabilização deve ser feita com impermeabilizantes a partir de compostos elastoméricos, que se movimentam de acordo com a contração ocorrida nas chapas de drywall”, explica Fabrizio Portela, diretor geral da Fast Home.

Há diversos tipos de impermeabilizantes para drywall no mercado, mas três deles são mais usados na Construção Civil:

• Membranas de asfalto elastomérico para aplicação a frio - uma vez que sistemas para aplicação a quente, com auxílio de maçarico, não são recomendados para chapas de gesso.
• Membranas acrílicas - proporcionam impermeabilização sem nenhuma emenda, o que garante ausência de pontos fracos e permite a aplicação de qualquer tipo de revestimento.
• Cimento polimérico - composto de cimento, aditivos especiais e agregados minerais, que admite a aplicação de qualquer tipo de revestimento.

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SIGNIFICADO E USO

A palavra drywall significa parede seca, representando a ideia de construção a seco, porque dispensa os métodos convencionais da alvenaria. As paredes em drywall são um “conjunto composto por estrutura interna de aço galvanizado perfilado em U e envolvido por chapas de gesso acartonado aparafusadas na estrutura. Portanto, é feito basicamente de gesso e aço”, explica Claudio Mohamad. Mais usado como paredes internas de casas e em tetos, o sistema também pode revestir externamente as edificações, variando apenas no tipo de estrutura, na chapa e no acabamento. Neste caso, os perfis são de aço estrutural: steel frame e chapas cimentícias resistentes à ação de ventos e chuvas. Para quem ainda não conhece, a principal diferença entre as paredes de drywall e as de gesso ou alvenaria é que “elas são montadas a seco, a partir de componentes industrializados, o que lhes garante um padrão superior de qualidade”, esclarece o arquiteto Fagner Mendes Gava. Dessa forma, elas cumprem os mesmos requisitos básicos de desempenho mecânico, acústico e térmico das paredes de alvenaria, só que com algumas vantagens, como rapidez na execução, qualidade de acabamento, ganho de espaço (já que são menos espessas) e quase total ausência de desperdícios e entulho. “Isso explica por que o drywall vem conquistando a preferência não só do mercado profissional, formado por incorporadores, construtores e arquitetos, como também o consumidor final, que tem utilizado a tecnologia em pequenas reformas e projetos de decoração”, finaliza o arquiteto. Fabrizio Portela relata, ainda, que o drywall é um material sustentável, pois, mesmo ocorrendo sobras, é totalmente reciclável, sendo, portanto, uma ótima opção para a preservação do meio ambiente.


Foto: Claudio G Mohamad

ORIENTAÇÕES

O ideal é aplicar o impermeabilizante no piso e nas paredes até uma altura de 30 cm, para que resulte em, ao menos, 20 cm de impermeabilização acima do piso acabado, conforme preconiza a Norma NBR 9574 – Impermeabilização – Execução. Maria Amélia Silveira, engenheira do departamento técnico da Viapol, lembra que a aplicação deve ser feita a frio, para que a placa de gesso não seja danificada, com materiais de secagem rápida e, de preferência, sem solventes orgânicos, pois as áreas internas são pouco ventiladas e ainda há risco de os solventes migrarem para as placas de gesso, manchando-as ou danificando-as.

De acordo com Eliene Ventura nos casos mais críticos, como a área do boxe dos banheiros, pode ser indicado o uso de quatro demãos do produto. “Nas demais áreas sem a presença de ralo podem ser aplicadas apenas três”, pontua.

Nos locais em que ocorre lavagem constante do piso, as paredes devem receber um tratamento que impeça a absorção da água, como a utilização de um selante entre a chapa de gesso e o piso. Maria Amélia Silveira também aconselha fazer uma calafetação com mastique de poliuretano ou acrílico no montante metálico junto ao piso onde a placa de drywall é fixada. “A colocação do mastique impede a água de passar do ambiente molhado para a área contigua.” Vale ressaltar que os demais elementos afixados nas paredes também devem ser calafetados, como registros, torneiras, pias, lavatórios etc. Depois, basta executar a impermeabilização propriamente dita.

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NORMAS TÉCNICAS

• ABNT NBR 15.758-1 (2009) – Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall, projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 1: Requisitos para sistemas usados como paredes.
• ABNT NBR 15.758-2 – Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall, projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 2: Requisitos para sistemas usados como forros.
• ABNT NBR 15758-3 – Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall, projeto e procedimentos executivos para montagem. Parte 3: Requisitos para sistemas usados como revestimentos.
• ABNT NBR 15.758-3 (2009).
• ABNT NBR 14.715-(2010) – Chapa de gesso para drywall – Requisitos.
• ABNT NBR 14.715-2 (2010) – Chapas de gesso para drywall – Métodos de ensaio.
• ABNT NBR 15.217 (2010) – Perfis de aço para sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall – Requisitos e métodos de ensaio.
• ABNT NBR 9575 – Impermeabilização – Projeto e Seleção é uma norma que estabelece as exigências e recomendações relativas à seleção e projeto de impermeabilização, para que sejam atendidas as condições mínimas de proteção da estrutura em relação à proteção contra infiltração de água nas partes construtivas, além de preservar a saúde, segurança e o conforto do usuário.
• ABNT NBR 9574 – Execução de impermeabilização.
• ABNT NBR 15885 – Membrana de polímero acrílico com ou sem cimento, para impermeabilização.

José Luiz Gonçalves, técnico da Placo do Brasil, explica que é possível impermeabilizar o rodapé usando um rodapé metálico. Para isso, durante a montagem da estrutura da parede, deve-se instalar o rodapé metálico, que é parafusado aos montantes, e sobre ele, aplicar a manta asfáltica. Para complementar o desnível, é essencial aplicar uma proteção mecânica e, na sequência, sobrepor o revestimento final.

“A falha na impermeabilização ou a falta dela possibilita a aparição de uma patologia caracterizada pela migração ascendente de umidade, que provoca o descolamento do material cartão-gesso e do revestimento utilizado”, explica o engenheiro civil Claudio Mohamad. Também pode ocorrer a formação de fungos e bolores, além da perda da consistência e da funcionalidade do produto em pouco tempo.

Feita a impermeabilização, a parede e o revestimento podem receber qualquer tipo de acabamento, indo da cerâmica à pintura e à base de resina epóxi. A Comissão Técnica da Associação Brasileira de Drywall conclui: “Não há qualquer risco em utilizar o sistema drywall em áreas úmidas, desde que se tomem os cuidados essenciais de impermeabilização que também são utilizados na alvenaria convencional”.

É BOM SABER

Desde meados dos anos 1990, o sistema drywall se transformou em forte tendência no mercado da Construção Civil no Brasil. O crescimento se deve ao esforço do segmento em se modernizar, pois tradicionalmente usava métodos ultrapassados, com baixa produtividade, elevados níveis de desperdício e mão de obra mal qualificada. No entanto, seu uso ainda é tímido quando comparado a outros países. “Enquanto o brasileiro consome apenas 0,18 m² de chapas para drywall por habitante/ano, os Estados Unidos usam 10 m²”, relata Carlos Roberto de Luca, gerente técnico da Associação Brasileira do Drywall. De Luca aponta, ainda, que esse cenário deve mudar, já que o consumo de chapas para drywall continua crescendo acima dos índices de expansão da Construção Civil brasileira – nos últimos três anos o sistema drywall registrou aumento de 74%, enquanto a Construção Civil cresceu apenas 20%.