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Como assentar pisos cerâmicos e porcelanato?

O caimento deve ser definido no contrapiso e nunca no enchimento com a argamassa colante

Publicado em: 26/01/2016Atualizado em: 16/11/2022

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Instaladores assentam pisos e realizam serviços manuais (Dmitry Kalinovsky/shutterstock.com)

O assentamento de pisos cerâmicos e porcelanatos requer alguns cuidados para que os resultados esperados sejam obtidos e para que os produtos possam manter suas múltiplas vantagens, entre as quais a alta durabilidade e facilidade de limpeza. “Com o aumento progressivo no tamanho das peças, torna-se cada vez mais importante definir o ponto de saída das placas e sua paginação, sempre tentando diminuir ou eliminar os recortes”, afirma o engenheiro Max Junginger, coordenador da Comissão de Estudos de Métodos de Instalação (CE 189) da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Os recortes podem ser posicionados em regiões menos visíveis ao usuário e, dependendo da disposição do piso ou característica do ambiente, é possível eliminá-los completamente.

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O profissional responsável pela instalação de pisos cerâmicos e porcelanatos precisa estar atento para que o caimento seja dado no contrapiso e nunca no enchimento com a argamassa colante. “Caso grandes placas sejam mantidas inteiras, o caimento próximo ao ralo pode ficar comprometido”, diz Junginger, destacando que uma das soluções é ajustar as peças de maneira que o ralo fique exatamente na quina que une quatro placas adjacentes. Outra possibilidade é posicionar o ralo no meio de uma peça e realizar acabamento em diamante, ou seja, cortando-a em ‘X’ e formando quatro triângulos. “A solução para situar o ralo no piso deve ser definida antes de se iniciar o processo de assentamento”, alerta.

Caso grandes placas sejam mantidas inteiras, o caimento próximo ao ralo pode ficar comprometido
Max Junginger

PLACAS COM GRANDES DIMENSÕES

Quando as placas têm medidas acima de 30 x 30 cm, deve ser aplicada massa no chão e no verso da peça, para compensar a curvatura e facilitar o contato da cola – o consumo de argamassa ficará em torno de 7 kg/m2. Placas com grandes dimensões apresentam curvatura maior do que as com tamanhos menores. O assentamento amarrado dessas peças pode resultar em desníveis expressivos no encontro da quina com o centro das placas. “Normalmente, a caixa do produto traz informações relevantes nesse quesito. Por isso, é importante ler as informações do fabricante antes de iniciar o assentamento de pisos cerâmicos e porcelanatos”, recomenda.

PISOS BEM NIVELADOS

Para facilitar o nivelamento e a fixação do piso, é possível criar cordões (sulcos) na argamassa com a utilização do lado dentado da desempenadeira em ângulo de 60 graus. A aplicação das peças é feita sobre os cordões, de preferência das extremidades para o centro. Após a fixação, pode-se utilizar um martelo de borracha para bater sobre o revestimento, amassando por completo os cordões de argamassa e expulsando o ar retido. O controle do alinhamento das juntas é realizado com auxílio de uma linha esticada longitudinal e transversalmente. Já o nivelamento é feito com o auxílio de uma régua de madeira. Para finalizar a aplicação, é indicado passar um pano limpo para retirada das sobras de argamassa nas juntas e sobre o revestimento. “A execução do rejuntamento deve ser realizada, pelo menos, três dias após o assentamento”, orienta Junginger.

No caso de porcelanatos polidos, é preciso muito cuidado com o rejuntamento, que pode causar manchas irreparáveis
Max Junginger

PISO SOBRE PISO

Não há diferenças no procedimento de assentamento de piso sobre piso, mas é necessário ter cuidado com o estado do piso antigo. “A superfície precisa estar limpa, e a argamassa usada tem de ser especial para esse caso. É preciso, ainda, atenção ao aumento de nível do piso, o que pode comprometer o fechamento de portas e desníveis com outros ambientes”, ressalta o engenheiro.

Em princípio, qualquer piso quimicamente inerte aceita outro acabamento por cima. Em ardósia, por exemplo, o assentamento pode ser feito desde que a camada de cera/verniz tenha sido removida, pois ela pode impedir a aderência da argamassa. “Normalmente, placas cerâmicas podem ser assentadas sobre superfícies cimentícias sem maiores cuidados, mas bases desconhecidas necessitam de análises prévias. É comum que o departamento técnico do fabricante das argamassas resolva grande parte das dúvidas”, diz Junginger.

ASSENTAMENTO DIAGONAL

A grande diferença para o assentamento das placas cerâmicas na diagonal está nos recortes que existirão nas quinas das paredes, o que torna a paginação uma etapa crucial para evitar problemas. “Também não será possível alinhar as juntas do rodapé com as do piso, uma vez que o espaçamento entre juntas depende do corte das placas no piso. Por outro lado, o assentamento diagonal pode disfarçar muito bem paredes fora de esquadro e é um excelente recurso para ambientes tortos”, avalia o engenheiro.

Atenção no assentamento dos porcelanatos!

O porcelanato é um material mais duro e exige ferramentas adequadas para o corte, além de argamassa e rejunte específicos. “No caso de porcelanatos polidos, é preciso muito cuidado com o rejuntamento, que pode causar manchas irreparáveis. Rejuntes de base epóxi estão ficando mais acessíveis e fáceis de usar, mas ainda assim são de manuseio bem mais complexo se comparados aos rejuntes cimentícios”, finaliza Junginger.

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Colaboração técnica

Max Junginger – Engenheiro civil e mestre em engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Atualmente, coordena o comitê de estudos para revisão das normas brasileiras para aplicação de revestimentos cerâmicos (ABNT CE 189:000-03): NBR's 8214, 9817, 13753, 13754 e 13755. Especialista em revestimentos de fachada, patologia das edificações e alvenaria de vedação, presta serviços como consultor autônomo nas três áreas. Doutorando pela Poli-USP desde 2014.