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Bicicletários são instalados em empreendimentos comerciais

Iniciativa que tem baixo custo e alta eficiência permite acomodar até dez bicicletas onde estacionaria apenas um carro

Publicado em: 05/02/2015

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

bicicletario

Incentivar o uso da bicicleta como forma de melhorar a mobilidade urbana requer uma série de ações para proporcionar segurança e conforto aos ciclistas. Tais iniciativas podem partir do poder público, com a criação de ciclovias ou ciclofaixas, e também do setor privado, através da construção de bicicletários, que devem fazer parte de um sistema. “Para se chegar ao bicicletário, é necessário transitar pelas vias e, por isso, é interessante que exista malha cicloviária interligando a cidade. Não é preciso que todas as ruas tenham áreas reservadas para bicicletas, porém em vias que apresentam velocidade reduzida ou menor fluxo de carros é totalmente possível compartilhar o espaço. O caminho dos ciclistas não precisa ser exclusivo, mas sim seguro”, afirma José Carlos Belotto, coordenador do programa de extensão Ciclovida, da Universidade Federal do Paraná, e vice-presidente da Federação Paranaense de Ciclismo.

Edificações comerciais que têm vagas para bicicletas podem, inclusive, ganhar novos clientes, que passam a frequentar o local que antes não visitariam
José Belotto

A importância dos bicicletários é ressaltada pelo especialista, que avalia como positiva a existência desses espaços em edifícios comerciais e corporativos. “As pessoas optam por não irem até certos locais pedalando, pois sabem que não existe onde guardar o veículo de forma segura. Portanto, reservar área para o bicicletário é maneira de estimular o uso da bicicleta pelos ocupantes e visitantes do edifício. Com isso, o ciclista passa a se sentir valorizado e bem-vindo no ambiente. Edificações comerciais que têm vagas para bicicletas podem, inclusive, ganhar novos clientes, que passam a frequentar o local que antes não visitariam”, destaca.

Em alguns municípios do país, a legislação obriga os empreendimentos comerciais a terem espaço dedicado à acomodação de bicicletas. “Essa é uma tendência que cada vez se torna mais comum. Algumas cidades já têm isso como obrigação legal e outras estão percebendo a necessidade de incentivar o uso da bicicleta. É natural que edifícios geradores de trânsito optem por essa solução”, diz Belotto. Normalmente, o bicicletário é localizado na garagem do prédio, já que, segundo o código brasileiro de trânsito, as bicicletas são consideradas um veículo como qualquer outro e devem ser tratadas como tal. “O bicicletário tem que estar anexo às vagas de estacionamento, desde que a área seja segura”, complementa.

O bicicletário tem que estar anexo às vagas de estacionamento, desde que a área seja segura
José Belotto

PROJETANDO BICICLETÁRIOS

O bicicletário considerado adequado é aquele universal, seguro e cômodo. A área destinada ao estacionamento de bicicletas tem de estar em local visível, preferencialmente delimitada, com quantidade de vagas suficiente para a demanda e dotada de suportes que acomodem todos os tipos de bicicletas sem danificá-las. Reservar espaço para o bicicletário é iniciativa que tem baixo custo e alta eficiência, já que é possível acomodar até dez bicicletas onde haveria apenas uma vaga para carros.

Antes de detalhar o projeto do bicicletário, entretanto, é importante compreender qual a diferença entre esse espaço e os paraciclos. O equipamento em que a bicicleta é fixada tem o nome de paraciclo, já o bicicletário é área cercada e com controle de acesso, onde há um conjunto de paraciclos, que podem ser de diferentes formatos. “Escolher o tipo adequado de paraciclo depende de alguns fatores. Por exemplo, para locais mais apertados há modelos que possibilitam deixar a bicicleta presa na parede, liberando espaço horizontal. Entretanto, ao optar por essa alternativa, podem ser criadas dificuldades para o ciclista, já que é preciso algum esforço físico para levantar a bicicleta e prende-la no paraciclo”, detalha o profissional.

Modelo de paraciclo que está em desuso é aquele no qual a bicicleta fica presa pela roda, pois acaba causando danos ao veículo. “Atualmente, os mais utilizados são aqueles que permitem prender a bicicleta através de seu quadro e não pela roda”, indica Belotto.

Atualmente, os paraciclos mais utilizados são aqueles que permitem prender a bicicleta através de seu quadro e não pela roda
José Belotto

Exemplo de equipamento funcional é o que apresenta o formato de ‘U’ invertido, com as pontas fixas no solo, pois acomoda qualquer tipo de bicicleta, independente do tamanho. O paraciclo pode ser parafusado ou chumbado no pavimento e a distância mínima entre cada um, quando colocados em paralelo, é de 90 cm. Dessa forma, evita-se choque entre as bicicletas e consequentes danos. Caso os espaçamentos sejam menores, será criada dificuldade para estacionar duas bicicletas em cada suporte (uma de cada lado), tornando o bicicletário subutilizado.

Após determinar o modelo adequado de paraciclo, o segundo passo é projetar a estrutura e o tamanho do bicicletário. “É recomendável que seja uma área coberta, pois o sol resseca os pneus da bicicleta e a chuva enferruja as partes de metal, entre outros problemas que podem ser causados caso o veículo fique exposto ao clima”, adverte Belotto. Porém, caso não exista cobertura, é aconselhável que seja criado desnível no solo para o escoamento da água da chuva.

SAIBA DIMENSIONAR

Elaborar estudo sobre os hábitos dos ciclistas na região do empreendimento também é importante para determinar o tamanho do espaço. O ideal é que o bicicletário seja capaz de atender até 20% a mais do que a demanda, para não ficar superlotado após possível aumento no número de usuários de bicicletas. Outra recomendação é optar por reservar as vagas de bicicletas o mais próximo possível da entrada do estabelecimento, além de preparar toda a sinalização com a indicação de que o local é de uso exclusivo. Em casos de edifícios corporativos, é conveniente que os ciclistas tenham acesso a vestiários com chuveiro e armários para suas necessidades de higienização e troca de roupa.

É recomendável que (o bicicletário) seja uma área coberta, pois o sol resseca os pneus da bicicleta e a chuva enferruja as partes de metal, entre outros problemas que podem ser causados caso o veículo fique exposto ao clima
José Belotto

PISOS

Já o piso do bicicletário não pode ser liso, escorregadio e nem conter saliências ou cavidades. Para confecção do calçamento, os materiais mais indicados são o concreto, asfalto, lajota ou cerâmica antiderrapante. A área para bicicletas não pode ser invadida por automóveis ou motos, portanto, caso exista este risco, a simples demarcação com pintura no pavimento não é suficiente e o bicicletário deverá ser protegido por mureta, cerca ou estruturas similares.

Colaborou para esta matéria

José Carlos Belotto – graduado em Marketing e especialista em questões sociais. É coordenador do programa de extensão Ciclovida, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e vice-presidente da Federação Paranaense de Ciclismo. Ocupa ainda os cargos de coordenador de Educação e Cultura da Cicloiguaçu e conselheiro da União dos Ciclistas do Brasil.