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Arborização nas calçadas: escolha, plantio e manutenção

Giuliana Del Nero Velasco, Reinaldo Araújo de Lima, Sérgio Brazolin, Seção de Planejamento Territorial, Recursos Hídricos, Saneamento e Florestas do IPT

Publicado em: 27/10/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Coordenação técnica: Adriana Camargo de Brito
Comitê de revisão técnica: Adriana Camargo de Brito, Cláudio Vicente Mitidieri Filho, José Maria de Camargo Barros, Luciana Oliveira e Maria Akutsu
Apoio editorial: Cozza Comunicação

27/10/2021 | 16h00 - As grandes cidades brasileiras enfrentam, em sua maioria, problemas com alagamentos, excesso de calor, baixa umidade do ar e muita poluição. É de extrema necessidade a presença de árvores no ambiente urbano. Árvores que promovam sombra, que retirem os poluentes do ar e captem água de chuva em suas copas. Árvores ao longo de ruas e avenidas, nas praças e parques com porte médio (altura entre 5 e 10m) e, se possível, grande (altura maior que 10m). Árvores pequenas promoverão menores benefícios e devem ser escolhidas apenas se não houver possibilidade de plantio de espécies de maior porte.

Na arborização urbana, os arbustos não devem ser considerados como um instrumento de melhoria ambiental, apesar de serem usados com o objetivo de livrar a fiação elétrica e evitar conflitos com todos os equipamentos urbanos. Além disso, os arbustos têm tendência de brotação da base, o que pode atrapalhar a passagem de pedestres, ao contrário das árvores que possuem tronco único (Figura 1).

Arborização nas calçadas
Figura 1 – a esquerda, arbusto dificultando passagem de pedestres e a direita, detalhe de tronco único de árvore facilitando a acessibilidade

Muitas características devem ser observadas quando da escolha de uma árvore para a calçada, como: tipo de crescimento (rápido, intermediário ou lento); toxicidade; presença de espinhos; formato de copa; e tipo de sistema radicular. Vale ressaltar que flores grandes muitas vezes podem ser escorregadias, quando caem das árvores, e frutos pesados causam danos aos imóveis, pessoas e automóveis.

Outro tópico muito discutido atualmente é a escolha de espécies que sejam nativas regionais do bioma existente naquele município. Além de serem, provavelmente mais adaptadas e atraírem a fauna local, podem resgatar a identidade biológica da cidade.

É de grande importância a aquisição de mudas de viveiros idôneos, que se preocupem com a sua qualidade desde a semente até a muda, apresentando um volume de solo do torrão suficiente para o bom desenvolvimento do sistema radicular. Mudas com sistema radicular dobrado ou enovelado podem afetar o crescimento da árvore e comprometer sua estabilidade quando adulta (risco de queda).

O plantio da muda deve ser muito bem feito, com uma cova de no mínimo (0,60x0,60x0,50) m, segundo o manual técnico de arborização urbana do município de São Paulo. Se o solo estiver com excesso de compactação e presença de entulhos, a cova deve ser de (1x1x1) m, para permitir um bom desenvolvimento do sistema radicular e fixação no solo.

É importante deixar uma área de canteiro permeável ao redor da árvore, na forma de faixa, que permita a infiltração de água e aeração do solo – a calçada verde é sempre desejável.

Os cuidados de manutenção envolvem a irrigação, adubação e podas, quando necessárias. Poda de limpeza (de pequenos galhos secos ou com apodrecimento) são necessárias para evitar acidentes. Podas em galhos de grande diâmetro ou necessárias para compatibilizar a árvore com as estruturas urbanas devem ser muito bem ponderadas e alternativas devem ser avaliadas, visto que tal prática pode prejudicar o exemplar arbóreo.

REFERÊNCIAS 

Manual Técnico de Arborização Urbana, SVMA, 3ª edição, 2015

Colaboração técnica

 
Giuliana Del Nero Velasco – possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo, ESALQ/USP (1999), Mestrado (2003) e Doutorado (2007) em Agronomia pela mesma instituição. Pós doutorado pela Faculdade de Engenharia Civil e Arquitetura, FEC-UNICAMP (2014). Atualmente é pesquisadora no Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT. Atua principalmente nas áreas de arborização urbana e paisagismo.
 
Sérgio Brazolin – biólogo, formado no Instituto de Biociências da USP e doutor em recursos florestais pela ESALQ/USP. Há 35 anos atuando no Laboratório de Árvores, Madeiras e Móveis do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT na área de biodeterioração e proteção da madeira e silvicultura urbana. Com florestas urbanas, desenvolve e participa de projetos de capacitação e de pesquisa tecnológica com planejamento da arborização urbana e biomecânica de árvores, auxiliando o poder público na definição de políticas públicas e programas de manejo preventivo.
 
Reinaldo Araújo de Lima – possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Nove de Julho (2012). Atualmente é pesquisador colaborador no Centro de Cidades, Infraestrutura e Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Tem experiência na área de arborização, atuando principalmente nos seguintes temas: arborização urbana; diagnóstico e análise de risco de queda de árvores por meio de equipamentos não-destrutivos; biomecânica de árvores; biodeterioração por fungos apodrecedores; e insetos xilófagos (térmitas e brocas-de-madeira).