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Sistema unitizado agiliza instalação de fachadas

A colocação dos módulos é feita com a obra ainda em andamento, pela parte interna. A técnica requer mão de obra especializada e cuidado redobrado com a vedação

Publicado em: 16/09/2015Atualizado em: 01/12/2015

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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O sistema unitizado surgiu para eliminar etapas na instalação de fachadas. Adotado no início do século XXI pelo mercado brasileiro de Construção Civil, ele é constituído por módulos fabricados sob medida que chegam na obra prontos para serem fixados, de uma laje à outra.

Além disso, a colocação dos módulos do sistema unitizado pode ser feita enquanto a obra está em andamento, pela parte interna. Dessa forma, uma equipe de instaladores trabalha no andar de baixo e outra no andar de cima com auxílio de equipamentos de elevação.

Ao contrário dos demais sistemas para fachadas, como o tradicional grid, o unitizado dispensa a colocação de estruturas de fixação, além de reduzir a quantidade de perfis. “A instalação desse tipo de fachada é bem mais rápida devido aos módulos chegarem prontos para o encaixe”, destaca Lorí Crízel, arquiteto e urbanista; mestre em conforto ambiental.

VERSATILIDADE E OUTRAS VANTAGENS

De acordo com Crízel, além de agilizar a confecção das fachadas, o sistema unitizado também é responsável por tornar o serviço mais versátil, uma vez que ele “possibilita diagramações tanto planas, quanto curvas e angulares”.

A instalação desse tipo de fachada é bem mais rápida devido aos módulos chegarem prontos para o encaixe
Lorí Crízel

Outro benefício é a logística do canteiro de obras, que fica mais dinâmica e segura por permitir o trabalho pelo interior da construção. “A instalação do sistema é feita por dentro do prédio com a ajuda de minigruas, eliminando grande parte do trabalho externo e diminuindo significativamente o risco de acidentes na obra”, justifica o arquiteto.

“O sistema também reduz o índice de manutenção e libera ambientes para realização de outras atividades aliadas à instalação”, completa José Sabioni, vice-presidente de Economia e Estatística da AFEAL (Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio).

Em contrapartida, o sistema unitizado exige equipamentos que elevam o investimento da obra e sua instalação requer know-how­ que não é encontrado com facilidade no mercado. “O que poderia ser dito como desvantagem estaria direcionado ao quesito da relativa ausência de mão de obra especializada, o que pode vir a impactar mais no custo desta solução”, analisa Crízel.

APLICAÇÃO E INVESTIMENTO

O sistema unitizado é ideal para conceber fachadas que, geralmente, são constituídas por vidro e alumínio. “Ele é indicado para fachadas que tenham grandes áreas envidraçadas e permitem padronização de painéis em dimensões e tipologias”, aponta Sabione.

Embora seja empregado com mais frequência em arranha-céus e outros projetos de grande porte, o sistema unitizado também pode ser aproveitado por empreendimentos menores, principalmente se o prazo de conclusão for curto. “No entanto, o custo vai ficar mais elevado, pois os valores estão intimamente relacionados ao porte das superfícies e aos módulos que as compõem”, pondera Crízel.

O sistema também reduz o índice de manutenção e libera ambientes para realização de outras atividades aliadas à instalação
José Sabioni

Além da dimensão da fachada e dos materiais escolhidos – vidros, perfis e acessórios –, o sistema unitizado também requer uma série de outras soluções que elevam seu custo.

“O investimento envolve a preparação do corpo técnico, contemplando o departamento de engenharia e projetos; softwares; equipamentos específicos de produção, como centros de usinagem e linhas de colagem de vidros; customização e paletização do sistema com logística específica para cada obra; instalação com engenharia de campo; técnicos instaladores; e equipamentos e dispositivos de montagem e instalação”, cita o vice-presidente.

PROCESSO DE INSTALAÇÃO

Na instalação das fachadas unitizadas é imprescindível o emprego de mão de obra especializada — à qual, segundo Crízel, “normalmente é concedida pelo fabricante ou fornecedor”.

Os módulos são montados em anel, ou seja, um ao lado do outro, permitindo o fechamento perimetral do edifício. O processo segue em sequência de baixo para cima, sempre por dentro da edificação.

“Em obras onde a instalação acontecerá concomitante à construção, é necessária a adoção de manta de recobrimento ou outra solução específica de proteção para evitar que, em caso de intempéries ou mesmo de detritos de obra, haja danos no sistema”, adverte Ari Nonatto, gerente de engenharia e produtos da Belmetal.

Ainda segundo Nonatto, é importante planejar um ‘plano de ataque’ para instalação das fachadas unitizadas, que se baseia na escolha do equipamento ideal, o local por onde será iniciada a elevação e como serão superadas as interferências da obra. “A eficácia do plano de ataque é que dará o tom da velocidade de instalação dos painéis”, alega.

“A dimensão das áreas das superfícies a receberem os módulos também são levadas em consideração, uma vez que áreas maiores e planas otimizam a produtividade do sistema unitizado”, acrescenta Crízel.

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CUIDADOS E DESAFIOS

De acordo com Nonatto, os sistemas unitizados são colocados à prova em projetos cuja “arquitetura vertical está recheada de faces poligonais, assimétricas e diferentes planos na mesma fachada”. Extremidades com muitos nichos, perfis ornamentais e abas projetadas como empenas espaciais também proporcionam mais desafios na busca pela uniformidade. “O uso da ancoragem dinâmica e placas de projeção dos inserts (bandejas de aço) se tornou uma rotina para absorver esses parâmetros na obra”, relata.

“Fachadas em frente a pilares ou paredes cegas também são situações que provocam a expertise dos fachadistas, onde as fixações acontecem no dorso da viga e são complementadas, inevitavelmente, com grauteamento”, prossegue o gerente.

De acordo com Crízel, outro ponto que requer atenção é a vedação. “Visto que os módulos são pré-fabricados e montados na obra, a junção das peças e sua vedação requerem cuidado redobrado no ato da montagem”, justifica.

“O rufo é o principal fecho periférico. Por estar no ápice da fachada, fica exposto a fortes variações térmicas. Portanto, o cuidado com as juntas de selagem e o uso de mantas hidrófugas são indispensáveis para sua estanqueidade”, especifica Nonatto.

Em trechos onde os módulos ultrapassam a estrutura e trabalham em balanço, também é necessário dedicar maior atenção à vedação. “Caso contrário, toda a parte interna ficará exposta a intempéries e infiltrações, podendo contaminar o conjunto da fachada”, explica Nonatto.

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Colaboraram para esta matéria

Ari Nonatto – gerente de Engenharia & Produtos da Belmetal
José Sabioni de Lima – vice-presidente de Economia e Estatística da AFEAL — Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio. Engenheiro Mecânico pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Representante junto à AFEAL da empresa associada Itefal, especialista em sistemas de esquadrias, fachadas e revestimentos em alumínio. É associado à AFEAL desde a sua fundação e foi diretor-secretário nas duas últimas gestões.
Lorí Crízel – arquiteto e urbanista; mestre em conforto ambiental; professor e coordenador dos cursos Design de Interiores – Ambientação e Produção do Espaço e Master em Arquitetura e Iluminação, do Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG). É membro do Comitê Especial Europeu de Pós-Graduação tendo atuado na Inglaterra, Escócia, País de Gales e França; HA e Concept Designer – País de Gales, Inglaterra e França; Sócio-Proprietário do Escritório Crízel & Uren Arquitetos Associados – Cascavel – PR, detentor do Selo CREA/PR de Excelência em Planejamento de Edificações – Projeto Arquitetônico nos anos de 2010, 2011 e 2012.